USS Pennsylvania tinha tudo para ser o episódio mais eletrizante da temporada, configurando-se como um dos melhores da série se o exercício de tensão fosse bem trabalhado.
E tudo se encaminhava perfeitamente bem para o clímax. J.D. criou coesão com uma história pregressa e Mother serviu de contexto a mais para o vilão. Bastava agora jogar as cartas certas.
Mas como alegria de pobre dura pouco, o penúltimo episódio vem como um escorregão feio, que se não for corrigido no próximo pode ferir de morte a temporada, que já não é lá esse esplendor todo como vejo muitos dizerem, em minha humilde opinião.
O roteiro chutou para escanteio o frenesi da situação para trabalhar o que já foi trabalhado à exaustão nessa temporada e na própria série desde o soft reboot. Não que haja problema usufruir de ocasiões extremas para desenvolver aqueles ainda à deriva, porém precisa-se saber a dosagem.
Não só temos Morgan e Victor disputando quem será o herói do momento, o que abrindo um parênteses não faz sentido nenhum, visto que agir sozinho ou não o destino de todos permanecerá o mesmo, como também há conversas ad nauseam do motivo, razão e circunstância de estarem ali, desmanchando toda a urgência da situação.
O texto ainda tenta compensar o lenga-lenga com Victor traindo pela enésima vez a confiança do grupo simplesmente porque sim, ao atirar Morgan para os zumbis. Momento que talvez eu pudesse aceitar facilmente caso Morgan tivesse morrido de fato de verdade, trazendo reais consequências e, enfim, um veredito na vilania de Strand.
Só que não foi o caso e Morgan aparece (para a surpresa de ninguém) salvando Victor no último segundo quando Dakota estava prestes a fazer mais uma vítima, após um diálogo para lá de expositivo dela.
E só de Dakota ser poupada, assim como estranhamente Teddy e Riley também são, só me faz pensar que mais ninguém morrerá no próximo episódio, mesmo com um míssil ameaçando cair sobre suas cabeças.
Há quem diga que os vilões só não morreram porque todo mundo já vai morrer mesmo. O que pode até ser. Porém dentro do contexto inserido de Victor ser um sujeito incorrigível, mantê-los vivos acabou bem fora da curva e deixou mais gratuita ainda sua traição. Custava fazer Strand matar um deles e usar o outro para saber o paradeiro de Alicia, ou simplesmente matar ambos para não dar a viagem como completamente perdida?
A direção de Heather Cappiello até que suaviza as coisas, ao brincar com a claustrofobia e nos desnortear pelos corredores estreitos do submarino. Mas não é totalmente eficaz por causa do texto. É só reparar como na cena em que Morgan testa os cartões na sorte para abrir a porta que o separa de Teddy, sequer dá para roer as unhas só pelo nível de calma da dupla. Só faltou Morgan e Victor sentarem com uma breja e apostar qual seria o cartão premiado.
O sentimento que fica é de desperdício, principalmente no lado de fora. Ao invés de deixar o resto da trupe em offscreen lendo as etapas que iriam passar, podiam colocar eles para lutar contra o resto do culto de Teddy, que convenientemente evaporou aqui. Isso traria uma urgência enorme na alternância do conflito interno e externo, bem melhor do que ter Daniel e cia. assistindo a partida do míssil com cara de cu, como se fosse fogos de artifício no réveillon.
Já comentei como seria interessante ver Strand se tornar um vilão de fato na série, mas abandonei esse pensamento ao perceber que não têm ideia do que fazer com o personagem, preso num loop interminável de: prova que pode mudar, faz coisas de bem, trai a confiança do grupo. Já deu.
Pelo menos não foi um desperdício completo já que Teddy conseguiu mesmo soltar um dos mísseis, esse com dez ogivas. A questão é se causará o estrago que esperamos e que não tenha sido muito alarde por nada.
USS Pennsylvania seria memorável se não insistisse em redundâncias e palavras ao invés de ações. Sobra para o último episódio mostrar que esse foi apenas um soluço na reta final.
Nota: 2/5