Como não gostar das invencionices trazidas por Andrew Chambliss e Ian Goldberg? Se lhes falta competência em administrar uma temporada inteira, ao menos a dupla sabe compensar com sua criatividade despirocada, pois desde sua entrada tivemos tornado – com direito a zumbis voadores -, radiação, sudoku em live action e agora uma catapulta zumbi usada contra o baluarte de Victor Strand.
Só que esse nem chega a ser o elemento principal de The Portrait e sim o foco na psique pertubada de Victor. E com pertubada me refiro ao fato dele usar seu retrato a óleo, coisa que só um narcisista de alto nível faria, como fruto de autoconsciência como vilão. A presença do Morgan serve bem como aquelas antíteses as escâncaras de anjo e demônio, demônio esse que no decorrer de tudo acaba por extirpar alguns pecados depois de ser envenenado e fazer o ninja zen assumir a missão de encontrar Alicia.
Morgan, claro, não é besta e impõe a condição de Strand transformar o prédio no paraíso dos santos, quase culminando em uma aliança que eu dei graças por não acontecer, já esperando a máscara do ninja zen cair quando ambos ficam a sós no corredor. Aqui vale abrir um parênteses: Morgan está tão avançado em seu complexo de messias que decidiu envenenar Strand para tomar posse do prédio – ou se vingar, não sei. Beleza que Victor tentou matá-lo no submarino, mas quem não tentou? Tantos vilões como Martha, Logan, Virgínia – Dakota – e Teddy fizeram coisas “piores” a ele e ao grupo e receberam um cafuné, enquanto Strand que apenas recusa as pessoas já caiu nas pokas ideia de Morgan.
Afinal, por qual outra razão Morgan estaria avaliando a estadia dos amigos no prédio, assim como ele faz um questionário todo com June, se não para ver, parafraseando Negan, quem tem o pau maior? É maluquice. Alguém interna esse pseudo-pacifista, por favor.
Mas quer saber o que faltou para The Portrait ser acima da média? Ter vindo muito antes, afinal tudo que acontece aqui teve brecha lá atrás – tal como Grace e Mo acabarem no prédio de Strand (a oferta no final do 7X02, alguém lembra?) – e, no mínimo, com alguma morte razoavelmente impactante, de preferência a da bebê Mo que de driblar a morte foi é pouco nesse episódio.
Pois no frigir dos ovos, The Portrait não passa por ser o mais do mesmo, só que mais sofisticado e com um quê de whodunit passageiro para nos atiçar, sendo uma literal reeiteração de tudo e mais um pouco já visto antes que termina novamente no mistério não solucionado do que é Padre, apenas conta com o retorno de Alicia cuja a volta vem apenas para prometer outra aventura ao lado do Morgan Messias Jones.
E aí, vai encarar?
Nota: 3/5