Crítica | The Walking Dead: World Beyond — S02E10: O fim que não é fim

A franquia Walking Dead tem sua primeira series finale em World Beyond, o que é algo bom por um lado, mas péssimo considerando o saldo final. Fico em dúvidas acerca do que o spin-off realmente serviu senão para expor o que já sabíamos só que com umas adições aqui e ali, ou simplesmente para fomentar mistério até o cu fazer bico. Pois uma finale que responde pouco quase nada sobre questões pendentes desde saiba lá quanto tempo (e olha que nem me refiro do paradeiro do xerife) é no mínimo de se fazer chorar, de escancarar o puro caça-níquel que é. 

É só ver como tudo fica muito vago. Soubemos que existe um governo, que há uma cidade inteira conspirando contra outras, que há um chefão que põe medo em geral, mas é só isso, só sabemos, não vimos nem sentimos o cheiro a não ser pelo telão verde da janela do escritório de onde Jadis recruta o taciturno Silas. Nem adianta argumentar de que isso será explorado em um vindouro derivado como o final bem deixa a entender, porque estamos falando de uma unidade temática jovial que apostou ser mais madura na abordagem de rebeldes contra o sistema e não uma web ou mini-série prelúdio. 

Agora tratando-se de narrativa truncada, The Last Light até entrega o arroz com feijão com uma singela homenagem a trajetória da curta série. Primeiro ao rebobinar a fita mostrando os Endlings ainda na Campus Colony, evidente como eles evoluíram de lá para cá, junto de breves rewinds que trazem um tom de despedida que infelizmente, fica só no gostinho pois nenhum deles corre verdadeiro perigo aqui (aquela mordidinha esperta em Elton foi de de f#der). É tudo um literal aceno de até mais ver que frusta por deixar aquele gostinho de que tem mais por vir, quando que o caso devia ser justamente o contrário.

Na real, as únicas consequências derradeiras neste final é o já esperado sacrifício de Jennifer, que muito embora simples faz jus à sua trajetória, enquanto que os demais desfechos acabam forçadas para favorecer o final, ao ponto de precisarmos relevar um pouquinho algumas coisas como as conveniências que eclodem no sacrifício de Dennis por Silas (faltou mais empenho na relação deles, não acham?), na prisão de Elizabeth, posta como conspiradora por Jadis, e na habitação de um shopping como laboratório escondido enquanto que um grupo corre para avisar Portland. São todos finais que funcionam na medida do possível, só que mais abre do que fecha questões. Até demais para um desfecho.

É como faz a cena pós-créditos desviada da história, vem como subterfúgio para manter viva a franquia morta. E confesso que gostei, por mais tardar que ela tenha vindo. Falando a verdade, nunca fui muito fã da ideia de uma organização buscando fazer um reboot na humanidade na luta pela cura (para quê?). Prefiro mais um final onde os mortos reinam ou um em que a sociedade apreenda a se adequar a eles, como acontece na última edição dos quadrinhos. 

Ver uma nova variante tomando forma, muito embora pensa que ela não venha aparecer em nenhuma série atual (talvez em FTWD, porque FTWD é FTWD) me fez dar um sorrisinho de canto de boca de que talvez, só talvez, esse final venha se concretizar. Ter Dr. Edwin Jenner para relevar isso foi uma sacada esperta, dá impressão de que eles sabem o que estão fazendo ao utilizar de uma deixa pregressa como impulso para narrativa que inevitavelmente vem por aí. Então empolgou sim, mas também frustrou.

World Beyond encerra não com chave de ouro, tampouco chega ser o canto do cisne da franquia morta-viva, fica mais para um spin-off divertido que se por um instante pareceu reconhecer seu lugar em algum momento nesta temporada, na realidade não passou de um mero vislumbre do novo universo que veio apenas para introduzir outro novo universo que, novamente, ninguém pediu.


Nota: 3/5 

Temporada: 3,5/5

Série Completa: 3/5 


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Douglas Gomes
Douglas Gomes
Jogador profissional de banco imobiliário e apresentador de stand up no chuveiro. Nas horas vagas, tocador de guitarra de ar. Um crítico longe de medíocre.

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