Não é exagero dizer que os roteiristas e desenvolvedores da segunda temporada de The Walking Dead: The Game são sádicos.
E não digo aquele tipo de “sádico coxinha”, que simplesmente gosta de ver o sofrimento alheio. Não… Isto eles já mostraram na primeira temporada. Aqui, o sadismo é construído de forma complexa.
Neste primeiro episódio da segunda temporada, a TellTale pega o jogador pelo pescoço e lhe dá um soco no estômago logo no começo… e continua a bater durante todas as duas horas de duração do jogo, sem descanso, sem piedade e sem aviso prévio.
É inteligente, após tanto tempo ajudando Lee a proteger Clementine, que nesta segunda temporada nós mesmos nos encarreguemos da responsabilidade. Todos os meus medos foram atendidos e assim, nesta nova leva de episódios, controlamos Clem. E digo “medo” porque sabemos que o mundo que Clem vive não é um mundo para crianças. É um mundo de monstros que matam pessoas por instinto e também um mundo de zumbis.
Pobres zumbis, aliás, relegados aqui ai mais puro pano de fundo (lugar este que é o melhor a eles) já que a diferença entre eles e um cachorro faminto é justamente o fato de podermos receber a mordida do cachorro faminto sem nos preocuparmos em virarmos um. O real perigo é e sempre será, o próximo humano que encontramos. E não faltam a Clem (e a nós) situações nas quais a fé e a esperança nessa humanidade realmente parecem não mais existir. Cada personagem com um sorriso no rosto parece errado, como se sorrisos não fossem mais aceitos na ordem em que as coisas estão.
Falando em situações difíceis (e sadismo), colocar uma garotinha (aqui um ano e alguns meses mais velha) como Clem (a qual construiu uma grande conexão conosco durante a temporada passada) nas situações em que a Tell Tale nos obrigou a testemunhar, é no mínimo covardia. Dentre as diversas, cito duas: o encontro da garota com um simpático cachorro e o tratamento de um ferimento. São situações que se enfrentadas por qualquer outro personagem, já renderiam algum asco, mas com Clem… são simplesmente insuportáveis.
A escolha das respostas nos diálogos começa a mostrar um grande amadurecimento de Clem e vemos que as lições de Lee realmente são duradouras. Sobre o plot… bem, sem entregar muito, após os eventos da temporada passada, Clementine está aos cuidados de Christa e Amid. Os três perambulam pelos EUA com o objetivo de ir ao norte. Porém, um acidente acontece e muda os planos de forma drástica. E bem dramática.
Algum tempo depois, uma série de eventos (ainda piores) leva Clem ao encontro de outro grupo de sobreviventes, mas os problemas dela só estão começando… Não darei nenhum spoiler, mas essa nova temporada tem novos personagens, interessantes segredos e um roteiro de qualidade (como esperado). Ao final, o gosto é de “quero mais”. Jogar com Clem é muito mais emocionante que jogar com Lee. Quem gostaria de ver a pobre garota ser comida de zumbi? Eu tremo em lembrar das vezes que apertei o botão errado. A Tell Tale nos faz testemunhar as consequências de nossos erros na forma das mais grotescas mortes de Clementine. Não deixe isso acontecer. Jogue com atenção.
Para os próximos capítulos, a promessa é que veremos alguns personagens antigos (surpresa…), e a pobre Clem irá mostrar ainda mais sua força e liderança (que neste episódio mostram o amadurecimento precoce da garotinha que tanto amamos). Lembre-se de guardar os “saves” da temporada anterior e do DLC “400 Days”. De alguma forma eles influenciarão nos acontecimentos (apesar de que neste primeiro episódio, nenhum fez).
The Walking Dead:The Game Season 2 começou de forma magistral, mostrando que esse universo ainda tem muita lenha para queimar e que o jogo, junto com os quadrinhos (e em menor grau a série ) estão entre os melhores estudos contemporâneos sobre o comportamento humano.
E caramba… são ótimas histórias de zumbi também.
O 1º episódio da 2ª temporada de The Walking Dead: The Game foi lançado no dia 17 de dezembro de 2013. Os próximos capítulos serão lançados ao longo de 2014.