Se houvesse uma palavra para resumir este episódio seria artificial — ou vazio. Usem o que preferir.
Acontece que dentro dessa reapresentação de personagens inserida desde The End is the Beginning, a trama em si não andou efetivamente.
É mais do que claro que o uso antológico está aqui como um artifício enrolativo para o que nas entrelinhas é nada mais nada menos que uma história limitada, sustentada pela mesmice apocalíptica.
Fear foi de uma série voltada para conflitos realistas e interessantíssimos, desde religiosos – embora muito esteriótipados no segundo ano – até a luta pela graciosa água, que culminou numa história sem fim em decorrência ao soft reboot, para uma onda de conflitos genéricos que todos já cansamos de ver na série principal.
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Tivemos os Abutres, a mulher imunda (me dói só de lembrar), o esquadrão de Logan e agora Virginia e seus minions. Todos anticlimáticos, sem motivações convincentes. Apenas genéricos.
É fácil comparar Virgínia com o poderio de Negan. Ela tem uma capacidade inexplicável de estar em todos os lugares e no comando de tudo.
Sabendo disso, Ashley Cardiff aproveita dessa já conhecida fórmula para colocar Dwight num dilema de agir por impulso ou não, trazendo à tona sua velha persona de “I’m Negan” que tanto incomoda Sherry.
O que vem a seguir é uma sequência de gadices por parte do cara queimada (notaram que a abertura tocou um berrante?), que eu jurava terem acabado depois de ironicamente se encontrarem em Alaska.
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Mas como se não bastasse ele passar um ano inteiro indo atrás de papéis numa espécie de Slender Game da vida real, o personagem ainda deixa seus amigos de lado só pela vontade da amada de destruir a cowgirl.
Claro, é perfeitamente plausível sua vira-casaca dada a todo seu caminho citado acima. Mas o lado de Sherry intriga mais pelo fato de ser extremamente forçada a sua persistência de destruir Virgínia, tendo como gatilhos chagas incuráveis do passado que não justificam o porquê dela simplesmente cagar e andar para o marido. Tornando o drama de “não quero que você volte a ser alguém mau” bem raso.
No fim, parece que Sherry pouco se importa com Dwight e sequer queria ser encontrada, usando de qualquer justificativa para separá-los. Porque ao que deu a entender, é mais importante matar a Virgínia do que estar ao lado do marido que foi até o cu de Judas para te encontrar.
E é óbvio que eles vão se juntar novamente. O que me faz prever o uso de um Deus ex Machine, assim como com Oceanside nos momentos finais da guerra total.
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Por outro lado, o conflito entre Dwight e Morgan, que eu espero não ter mais nenhuma aparição badass novamente, se mostra interessante no curto espaço de tempo até o ex-Salvador reconhecer seu equívoco.
Soa até engraçado a tamanha exposição que Cardiff faz no reconhecimento deles à alienação da mantra imposta por Morgan, fazendo-os parecerem idiotas.
Além disso, o grupo de mascarados parece não ter relação alguma com os pichadores do fim do mundo - algo que cogitei sobre Sherry, na terceira crítica – contribuindo ainda mais para a sessão filler do episódio e, potencialmente, salvadora de momentos oportunos lá na frente.
Para não parecer chato, realmente gostei da sequência do interrogatório. Faltou só aquele Easy Street para a cena ser perfeita.
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Michael E. Satrazemis conseguiu espremer um pouco do texto criando um clímax na preparação do roubo a cavalo – muito fácil, aliás – e retomou com eficiência o lado emputecido de Dwight, cujo Austin Amelio entregou com um bom equilíbrio os dois extremos.
Ademais, o foco precisa cair urgentemente em Virgínia para que toda essa suposta ameaça que aparenta ser seja levada a sério e não acabe só como uma temática repetida no TWDu, incorporada na pele de um Negan 2.0.
Pois até agora, ela e seus minions não passam de caubóis ingênuos que deixam um veículo tático nas mãos de um só guarda.
Honey é um baita de um tropeço qualitativo em comparação aos anteriores. Ironicamente, não veio na hora certa a qual Morgan tanto bateu o pé neste episódio.
Nota: 2,5/5