As atitudes do Governador são comuns em nosso dia a dia

Há um ponto central bem claro no 8º episódio da 4ª temporada de The Walking Dead. Aquela reflexão final, feita após todas as partes terem posto suas cartas na mesa. É quando surge o Governador na prisão, com sua superioridade bélica, além de reféns. Rick, ao perceber que a luta não era uma opção sensata, tentou evitá-la na base da argumentação.

Independente se Rick foi sincero em suas palavras ou as disse apenas para se livrar da ameaça, a proposta era boa, de verdade. Havia espaço de sobra nos outros blocos da prisão. A infecção já havia sido controlada. Os novos membros seriam uma força de trabalho e defesa indispensáveis no processo de construção uma comunidade duradoura.

O Rick dos quadrinhos há muito já percebeu que não se vai muito longe neste mundo sem a ajuda de outros. A versão do personagem para a TV provavelmente ainda terá um longo caminho até chegar a esta epifania, mas os últimos eventos certamente o guiarão nesta direção.

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Mas se Rick (o da TV) percebeu, mesmo que de forma forçada, que o caminho para o crescimento é a cooperação, o que ele fez de errado? Nada. A atitude finalmente foi acertada, ele fez o que devia ser feito pelo bem geral. Afinal, os motivos para brigas dos dois lados sempre foram os mais ridículos possíveis: Vingança. Orgulho. Ego. A disputa por território se tornou mera desculpa para a fragilidade mental de ambas as partes. O espaço era vasto. Os outros não ligavam para quem vencesse ou perdesse, só queriam viver suas vidas.

E, uma vez que Rick ofereceu a seus inimigos a bandeira branca da cooperação e construção ao invés da destruição, todo o peso recaiu na decisão final do Governador, também envolto nas mesmas questões: Vontade de querer construir versus orgulho.

Claro, como telespectadores todos queríamos ver a batalha até o fim entre eles. Mas depois do discurso do Rick, não dá para negar que ficou aquela sensação lá no fundo, aquele pensamento: “E se desse certo?”. E se Phillip cedesse seu orgulho em prol do bem de todos? E se eles tentassem construir algo juntos?

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Mas ele não cedeu. E no processo, todos pagaram o preço. A maioria morreu e o local foi destruído. O ego cego (ou caolho) do Governador trouxe desgraça para ambos os lados. Não houve vencedores.

Contudo, muito menos que um louco, o Governador é extremamente parecido com todos nós, alguém que se deixou levar pelo orgulho. Quantas vezes você já se pegou agindo assim? Ou quantas vezes testemunhou uma outra pessoa com estas posturas? Vai muito além de ameaçar alguém com um tanque. Exemplos do dia a dia não faltam:

  • Quantas decisões são tomadas guiadas apenas pelo ego?
  • Quantas vezes algum atributo ou conquista são exagerados, apenas para criar um sentimento de superioridade?
  • Quantas compras desnecessárias são feitas apenas pelo suposto status agregado, para parecer melhor que o vizinho?
  • Quantas brigas foram causadas e mantidas por anos apenas por nenhuma das partes estarem dispostas a aceitarem suas próprias falhas? Ou mesmo ceder aos caprichos da outra parte, pelo bem maior?

Nestas e em inúmeras outras situações estamos deixando o EGO falar mais alto, o ORGULHO dominar, limitando a nossa razão e agindo de forma muito parecida com o Governador.

Se você não consegue se identificar com estes padrões de comportamento, meus parabéns por estar acima destas questões. Ou então meus pêsames, por não perceber suas próprias atitudes e o mal que elas causam.

Vale a pena se limitar tanto, perder tantas possibilidades, apenas para se sentir melhor que os outros? Apenas para não dar o braço a torcer? Apenas para se fechar no casulo da autoafirmação do “eu sou o melhor” e “só eu estou certo”? O ego é tão importante assim? Qual a melhor forma de agir? Como Rick… ou como o Governador?

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Pensamento extra:
Houve ainda um agravante para o Governador: a morte de Meghan, a Penny 2. Aquela única vida que ele fazia questão de preservar. Quando um homem perde todas as suas bases, quando não lhe resta mais nada que deseje preservar do fundo do coração, ele sucumbe aos seus instintos mais primitivos. E uma pessoa assim em um cargo de liderança piora todo o cenário. Aconteceu com Phillip (quadrinhos e TV), aconteceu com Negan (nos quadrinhos) e provavelmente acontecerá com Rick (ambos) caso Carl morra. Mas isso fica para um próximo artigo.


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Fausto Gabiou
Fausto Gabiou
Escrevi no Geekdama sobre The Walking Dead e outras coisas por mais de dez anos. Atualmente minhas publicações são feitas em meu perfil oficial, Fábio Augusto. "We are surrounded by the dead. We're among them and when we finally give up, we become them! Don't you get it? WE ARE THE WALKING DEAD!"

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