Crítica | Fear the Walking Dead: 7X01 – Desgraça atrás de desgraça

Quem diria que Fear the Walking Dead chegaria a 7ª temporada. É uma surpresa quando se trata de uma série que traiu sua proposta inicial logo na temporada inaugural, somente para mais tarde passar por uma reformulação que, assim como antes de ocorrer, não conseguiu mostrar a que veio. Ou seja, a série é uma literal área de testes onde a produção pinta e borda como bem quiser. 

E se é para pintar e bordar, porque não pincelar um quadro antigo na esperança de fazer melhor, como The Beacon faz? Afinal, temos o retorno da radiação seletiva da 5ª temporada só que dessa vez muito mais mortal e catastrófica, a qual Michael Satrazemis transmite com uma fotografia de se tirar o chapéu numa perfeita ambientação solitária e pútrida, e nada mais nada menos do que a enfim assumida vilania de Victor Strand, que começou sendo um personagem interessante quando veio mas que perdeu forças com o passar do tempo, ficando somente aquém do que poderia ser. Mas antes tarde do que nunca, não é mesmo?

Cá para nós que pode soar repetitivo essa mudança do personagem (e é), mas acredito que agora seja definitivo assim como o final deixa evidente quando Victor atira Will do prédio, que mesmo no ar consegue dar um triplo carpato e cair de cara só para rolar aquela referênciazinha ao memorável olho esbugalhado de Glenn, no episódio de mesmo número e temporada (foi isso ou estou viajando?) Esse feito, espero eu, que seja para pôr fim nesse papo e mostrar que Strand não tem conserto. 

Agora se ele será capaz de matar um dos seus próximos (Daniel talvez?), aí já é outra história. História essa que espero que se conclua e não termine com sua enésima redenção. Mas estou me adiantando demais.

No afã de eternizar a figura da última Clark da série, a dupla de showrunners opta por uma abordagem quase que messiânica de Alicia na sua ausência, que escafedeu-se para Deus saiba lá onde com todos os seguidores de Teddy e ainda deixou um bilhetinho que infelizmente não estava escrito bring back Madison, prometendo ser o novo mistério da temporada. E acho que é aí que o episódio escorrega. 

Há muita informação em cima da outra que faz a metade da projeção se arrastar em explicação atrás de explicação, com direito a oscilagem de humor por parte de Victor só para dar aquele sentimento de possível mudança para os espectadores mais esperançosos, rendendo momentos como “por que você me salvou?”, “preciso me lembrar de quem eu era” e muitas tantas do livrinho Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, dos showrunners

Ademais, fiquei muito satisfeito com a mão acertiva de Andrew e Ian no lado maldoso de Strand. Ele é típico narcisista falastrão despótico com uma doentia fascinação em querer se provar e Colman Domingo está muito que satisfeito no papel, trazendo um ar caricato de propósito – só faltou fazer a dancinha do Maguire no terceiro Homem-Aranha para completar essa pérola.

Num cenário desastroso dentro de um mundo desastroso, a sétima temporada promete fazer melhor o que foi feito de qualquer jeito lá atrás, por mais que tenhamos de engolir muitas conveniências – mas muitas mesmo – para ver isso acontecer. Mas é aquilo, o começo sempre é bom, o problema é o restante. Por isso a mim você não engana mais, dona Fear the Walking Dead. 

Nota: 3/5


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Douglas Gomes
Douglas Gomes
Jogador profissional de banco imobiliário e apresentador de stand up no chuveiro. Nas horas vagas, tocador de guitarra de ar. Um crítico longe de medíocre.

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