Crítica | Fear The Walking Dead S07E03 — Um alcoólatra muito, muito louco


Ao terminar Cindy Hawkins tive a impressão de que Nick Bernadone e Jacob Pinion queriam fazer um terror psicológico que até podia dar certo nos 44 minutos propostos, porém o manda chuva na mesa deve ter intervido com uma erguida de mão seguido da pergunta “mas e o Morgan?”, e voilà, temos Morgan (Lennie James), o salvador, surgindo nos últimos minutos para aquele famigerado embate call a call que não pode faltar entre o mocinho e o vilão. 

Não me entendam mal a respeito do personagem, mas é que a ideia de colocar o ninja-paz-e-amor aqui foi tão deslocada quanto a aparição dos Anônimos Capa de Chuva, que fizeram uma ponta para se provarem como genéricos capangas hit kill, e não por isso acabou por acelerar o que já estava bem estranho.

Veja só o que temos: ambiente isolado, chagas do passado e um perigo externo capaz de matar numa inalada. O cenário perfeito para pôr a prova a sanidade humana. Mas isso não é o objetivo da dupla de roteiristas que, olha lá, é conhecida por desperdiçar oportunidades tendo um o fraco Damage From the Inside no currículo e outro o subaproveitado USS Pennsylvania

Basta notar como trabalham mal e porcamente a abstinência de John Dorie, Sr. (Keith Carradine), aqui imposta como mera conveniência narrativa para fazê-lo ver não uma mas várias das mulheres vítimas de seu antigo algoz Teddy Maddox (John Glover) e ainda conversar amigavelmente com uma, como se fosse sua fantasminha camarada que irá lhe ajudar na missão de encontrar seu corpo. 

No fim, acaba sendo só uma boa ideia com uma abordagem pífia carregada de exposições que extrai neca de pitibiriba de tensão. Por que não usar de breves aparições pelo ambiente e brincar de desorientar o espectador com a claustrofobia pouco explorada — nem flertam, sequer — , deixando assim ambíguo o que é real ou não, consequentemente elevando o suspense? Nos faria sentir na pele tudo que o coroa atrás de uma 51 passa. 

E como num flash de memória do assunto que estão tratando, os roteiristas jogam do nada uma June (Jenna Elfman) com a fraca desesperança e que mentiu esse tempo todo para o coroa no melhor estilo Jovem Nerd do Rua Cloverfield, 10 e que não demora a mudar de ideia depois de ser resgatada por Victor Strand (Colman Domingo). Aliás, que pouco inspiradíssima estava Jenna Elfman em relação a suas performances anteriores, assim como Ron Underwood que peca nas elipses e não se decide se vai telegrafar um suspense ou a beleza das púpilas do MC Zói de Gato, por saiba lá o motivo.

Parece que o efeito dominó está realmente acontecendo, pois até agora nenhuma narrativa foi realmente boa. Com exceção de The Beacon, claro, mas este apenas serviu de pontapé para temporada. Mas assim como o superestimado ano anterior, até agora tivemos apenas esboços de boas histórias. É como se Andrew Chambliss e Ian Goldenberg estivessem em um período de ego trip ou megalomania só por brincarem com o inusitado, pouco comprometendo-se em entregar uma narrativa verdadeiramente sofisticada.

Se posso tirar algo positivo de tudo é que um dos vários grupos já caiu na mão do lendário Vitão. O que isso quer dizer? Não sei ainda. Mas a fragmentação irá diminur. Resta agora só aparecer o Bonnie e Clyde do Paraguai, Alicia e a trupe abduzida pelo CRM (comprometidos, responsáveis e motivados com seu fracasso). Esqueci de mais alguém? Ah, sim, o Morgan. Esse não pode faltar. 



Nota: 2,5/5


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Douglas Gomes
Douglas Gomes
Jogador profissional de banco imobiliário e apresentador de stand up no chuveiro. Nas horas vagas, tocador de guitarra de ar. Um crítico longe de medíocre.

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