Crítica | The Walking Dead 8ª Temporada Episódio 4 – “Some Guy”

The Walking Dead ao longo dos anos se notabilizou por apresentar um nível interessante de drama, uma pitada de ação e bom desenvolvimento de personagens. Os três primeiros episódios deixaram a desejar em todos esses aspectos, mas em “Some Guy” o roteirista David Leslie Johnson usou a fórmula de outrora e concebeu um capítulo interessante sem grandes ressalvas.

É o quinto episódio roteirizado por David e é visível sua qualidade em conceber histórias com começo, meio e fim dentro de cada capítulo. Temporada passada escreveu “Hostiles and Calamities” focando na jornada de Eugene no Santuário, “Triggerfinger” e “Chupacabra”, ambos da 2ª Temporada, que mostraram Daryl delirando e vendo Merle em seu devaneio e Rick, Hershel e Glenn em um momento de confronto com outro grupo em um bar. “Swear”, focando em Tara e no grupo Oceanside, teve boas ideias, mas foi o único demérito de David até agora. Todos esses citados são no mínimo ótimos, assim como o episódio dessa semana, o que evidencia que o principal problema de The Walking Dead é o roteiro, por muitas vezes deficitário.

O começo do episódio mostra Ezekiel se vestindo do personagem e encarnando tal persona antes da guerra. O tom passado é bem interessante nas cenas que mostram familiares se despedindo e dando finalmente algum peso a esse evento. O fato de Ezekiel ser um líder diferente é bem acentuado, pois ele apresenta méritos que Rick e Maggie não tem, especialmente no fator lúdico e motivacional, por exemplo, mas em contrapartida falha em quesitos que os outros líderes não falhariam.

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O texto antes dos créditos é muito interessante porque toca na dualidade da guerra de forma sútil, mas eficaz, especialmente na parte que diz que o adversário pode ser apenas um grupo de assassinos ou inimigos criados pela circunstância, mas que todos devem morrer. O discurso se inflama na frase “Eu sorrio, eu rio, eu me alegro neste dia. Pois neste dia estamos unidos em propósito e visão, temos um só coração e mente. Neste dia, somos um!, nesse momento a música sobe, a câmera usa um plano fechado que vai se abrindo e a cena corta do Ezekiel e seus seguidores entonando “Somos um!” para aquela cena magistral dos mesmos súditos mortos sobre o rei. Magnífico. Méritos também para a direção de Dan Liu, que debutou na função nesse episódio.

Carol voltou a ter destaque nas cenas de ação, mesmo sendo um pouco Deus Ex Machina em suas inserções. As cenas foram viscerais e bem dirigidas e nada foi gratuito ou em demasia e o mais importante: serviu na composição da narrativa. Talvez o ponto fraco de “Some Guy” fique por conta do vilão que foi bem bobinho e extremamente caricato. Os Salvadores em sua maioria têm esse arquétipo.

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Depois temos um diálogo entre Ezekiel e Carol onde debatem a concepção de ser um herói naquele mundo e chegam a conclusão que tudo é uma questão de escolha. Escolhemos ser heróis, escolhemos ser fortes mesmo antes não sendo e o apocalipse se torna de certa forma catártico para essas decisões. Obviamente também há esses dilemas no mundo normal, mas a urgência da evolução nesse contexto nos obriga a entender o que somos ou o que devemos nos tornar muito mais rapidamente.

A inserção sonora em que Carol escuta a motocicleta de Daryl também é bem-vinda porque ela contextualiza a próxima cena sem precisar explicar nada. Rick e Daryl vão recuperar as armas. E a cena de ação na estrada também é bem executada, nada de excepcional, mas não insulta a inteligência do espectador e apresenta uma montagem factível que mostra como essa dupla age em sintonia.

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A morte da Shiva serviu como catalizador para que o ‘personagem’ Ezekiel morresse e a partir disso uma nova faceta apareça. A cena de certa forma é tocante porque matar o “animal de estimação” em qualquer situação apela para nossos sentimentos, mas se a interação entre os dois tivesse sido mais acentuada essa perda teria muito mais impacto. E o fim é extremamente melancólico porque mostra as famílias esperando a iminente e óbvia notícia que qualquer guerra traz enquanto o rei retorna a seu reinado, calado, mas agora sendo apenas Ezekiel.

“Some Guy” apresenta uma jornada concisa e derruba mais um rei no tabuleiro. Diálogos bem escritos, coerência e direção que por um ou dois momentos se destaca compõem o melhor episódio da 8ª Temporada até agora. Simples, mas extremamente bem feito no que se propõe.

NOTA: 8.0/10


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Fernando Floriano
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