Depois de um longo hiato, a temporada final de ” The Walking Dead ” volta para sua segunda de três partes. E felizmente com a conclusão do arco fraquíssimo dos Reapers. Mas surpreendentemente de uma maneira melhor, e mais rápida do que eu esperava.

“No Other Way” dirigido pelo estreante Jon Amiel e roteirizado por Corey Reed que já trabalha na série desde 5° temporada, foi muito bem tecnicamente principalmente na edição/montagem, trazendo a sensação de um episódio muito mais enxuto, e sendo bem resolutivo nos encerramentos de arcos, tanto dos Reapers, quanto da batalha de Alexandria contra os zumbis, e contra a fome pode-se assim dizer.

Movimentação de câmeras, e fotografia também foram um destaque nesse quesito técnico. Tirando pela maquiagem, e figurino talvez, TWD não é sempre destacada por outras categorias técnicas, e quando o episódio faz um bom trabalho, é sempre bom reconhecer isso.

Durante a temporada final da série, TWD perdeu pouco de tempo colocando uma grande importância no arco dos Reapers. No final de contas foi um arco que não acrescentou nada à história. Para não dizer que foi uma completa perda de tempo, acredito que rendeu uma boa evolução aos personagens de Maggie e Negan e um bom desenvolvimento entre ambos. Mas nada que não pudesse ser feito sem envolver um grupo genérico na série. De novo.

Faça o seguinte exercício, se trocarmos os Reapers por uma simples jornada até a antiga comunidade de Maggie, sendo os desafios no caminho hordas de zumbis, e claro a tensão entre Negan e o grupo de Maggie, que diferença teria para história em si? O que os Reapers trouxeram para a história de “original” e inesquecível?

 No início da temporada, a maior ameaça do grupo era a fome e a procura de comida. O retorno da série parece mais o tipo de episódio que esperamos de uma grande estreia, onde nossos sobreviventes enfrentam uma ameaça massiva. Mesmo que essa ameaça só aparente ser tão grande como foi os Salvadores, por exemplo.

Reapers

Episódio começou exatamente quando todo o inferno se abre entre Daryl (Norman Reedus), Maggie (Lauren Cohan), Negan (Jeffrey Dean Morgan), Padre Gabriel (Seth Gilliam) e o pequeno grupo de Leah (Lynn Collins). Mesmo que eu não tenha sido um fã dos Reapers, gostei muito de assistir o episódio, pois a maioria das cenas são cheias de ação em algumas sequências de lutas muito bem coreografadas. O que é raro.

Embora algumas escolhas de roteiro tenham deixado a desejar, como plano inocente de Daryl em salvar o Reaper, e usá-lo como moeda de troca que, não fosse Gabriel aparecendo como “quase” um Deus Ex Machina, teria botado tudo a perder.

Gabriel por sua vez mandou MUITO bem mais uma vez, tanto nas cenas de ação, quanto no diálogo com o sacerdote dos Reapers. Nos episódios extras, tivemos uma noção de como a fé estava abalada em Gabriel, e ele ainda estava tentando se encontrar no novo mundo. E no dialogo com o Reaper, fica claro que ele ainda não está pronto para servir a Deus, num propósito a qual ele não acredita. Pelo menos, por enquanto.

Outro ponto positivo foi Maggie sendo finalmente quem Negan disse que ela precisaria ser para se tornar uma boa líder para sua comunidade. E exatamente isso fez Negan perceber que não poderia mais continuar na comunidade com ela no comando, já que ela finalizou o workshop “torne-se um Negan você também” com excelência, o qual próprio Negan ministrou, virando uma líder exatamente como ele, implacável e imprevisível. Tudo que ele não precisa em sua posição atual. Como conviver com alguém que pode te matar a qualquer momento?

A cena de Maggie no final do episódio, dando pipoco em vagabundo pelas costas foi maravilhosa. Posicionamento de câmeras, trilha sonora e edição brilharam aqui.

O lado negativo do episódio para mim foi Daryl que, já deu para perceber que quando ele não age racionalmente, não sai muita coisa boa. Seu plano burro que quase colocou tudo a perder, e a inocência de apelar para o sentimento de Leah, usados para movimentar o roteiro achei muito pobre, e só serviram para ao final do episódio achá-lo um idiota.

Leah consegue fugir depois de ser baleada por Maggie, e Daryl a deixa escapar. Não sei se ela terá muito espaço em TWD, já que se encaminhamos para seu fim, mas não duvido que a reciclem para série spin-off de Daryl e Carol.

Alexandria

Enquanto isso, o elenco restante está de volta a Alexandria, lidando com as consequências dos zumbis invadindo sua comunidade durante uma terrível tempestade. Isso leva a alguns caminhantes encharcados de chuva, a alguns momentos de ansiedade.

Com uma quantidade limitada de episódios restantes na série principal, parece que algumas cenas em potencial podem ter sido ignoradas para manter a história em movimento. Em Alexandria tudo foi resolvido no off-screen*, deixando a impressão que foi tudo mais fácil, do que realmente foi. Havia pelo menos três grupos encurralados por zumbis e não mostram como eles conseguiram sair da situação. Só chegam ao fim da tempestade com todos bem.

 Geralmente sou muito crítico quanto a cortes abruptos de edição, mas levando em consideração que a série se encaminha para seu final, tendo poucos episódios para concluir a história, foi feito um bom trabalho nesse quesito.

Num outro contexto, certamente esse episódio poderia ter sido dividido em dois, e o no arco de Alexandria talvez ter incluído uma conversa entre Connie e Carol pós retorno da deficiente auditiva, que certamente ficou no chão da edição.

E no final, temos os soldados de Commomwealth, Eugene e o dono da Chili Beans, chegando em Alexandria com a promessa de um futuro melhor para todos. E temos um vislumbre de uma possível rusga entre Maggie e Daryl, vestido de stormtrooper num dos raros momentos da série se utilizando de flash forward**. Fica claro que, Maggie não achará que tudo serão flores no ultimo grande arco de  TWD.

*off-screen : Traduzido do inglês, os termos fora da tela, fora da câmera e fora do palco referem-se a eventos fictícios no teatro, televisão ou filme que não são vistos no palco ou no quadro, mas são meramente ouvidos pelo público ou descritos pelos personagens ou narrador. A ação fora da tela geralmente deixa muito para a imaginação do público

** flash forward : É uma forma de apresentar ao telespectador da série um momento futuro ao que está na corrente apresentação do programa.

Nota 8,0/10

E vocês o que acharam do retorno de TWD ? Deixe suas impressões nos comentários abaixo.