Crítica | The Walking Dead: World Beyond — S02E06: Quando a calmaria nem é tão calma assim.


Admito que estou surpreso com o World Beyond. Para uma série que começou mergulhada no melodrama enrolativo, seu saldo atual tem sido positivamente maduro e bem pé no chão, o que mostra o comprometimento de Matt Negrete em encerrar sua história no verde, muito embora ele não esteja fazendo mais do que sua obrigação. Afinal estamos falando de uma série que podia se encaixar perfeitamente em uma única temporada, mas não o fez e agora tem que correr atrás do prejuízo. Prejuízo esse que custa o trabalho efetivo de tramas e subtramas. 

Basta ver como Rohit Kumar abusa de um flashback conveniente para jogar Lyla na desconfiança de Leo e assim equacionar de vez as problemáticas. Só que estou me adiantando. E demais. Pois Who Are You? consegue trabalhar os diversos núcleos que abrange com dinamismo de modo a avançar sistematicamente a história, o que faz esses meros soluços não feder e nem cheirar para o todo. 

A começar com a decisão do grupo de ficar para desmistificar a organização que tem um plano de extermínio aparente correndo por debaixo dos panos, o que faz Félix e Jennifer se unirem – a dupla dinâmica voltou – para esgueirar-se pelos corredores do laboratório. E Kumar é esperto ao matar dois coelhos numa cajadada só, contando mais sobre Dennis e sua relação com a filha da tenente e revelando seu alcoolismo como motivo do fracasso no ramo militar que custou a lealdade de ambos para com a organização, e confirmar que sim, existe mesmo uma arma química sendo usada para dizimar as comunidades vizinhas. 

Revelação essa que já serve para Iris, a aborrescente emocionada que é, declarar guerra de vez na mensagem codificada para o pessoal do Perímetro. A partir daí tudo funciona como um efeito dominó: a doença de Indira é revelada por Elton, que faz Will em uma atitude impensada querer infiltrar-se no assentamento, no que resulta na morte do filho NPC (cujo o nome eu não lembro) da líder adoentada. É uma sacada boa essa de Negrete em usar o egoísmo de Iris como causador de catástrofes diretas e indiretas, quase como se quisesse nos dizer que isso poderá ser ainda mais comprometedor lá na frente – se é que já não está sendo.

Por falar em diretas, a cena do jantar já foi o proverbial tapa na cara para Lyla repensar o que está fazendo, terminando em uma confissão que expõe as motivações de uma mãe que tentou de tudo para salvar a família do inevitável e agora luta para tentar salvar milhões. Para mim, foram sentimentos totalmente genuínos e não um jogo de manipulação sentimental, ou coisa parecida. Essa brecha traz um ar ambivalente para a personagem e a coloca na possível lista negra dos próximos figurantes que irão a óbito, talvez de forma heróica para expiar seus pecados ou não.

O papel de Jadis nesse balaio de gato ainda é um mistério, porém sua presença diz que Elizabeth ainda não está totalmente confiante da lealdade da filha, o que pode acabar em alguma espécie de teste para Jennifer como ela bem teme em saber ao perguntar. Aliás, fiquei satisfeito de não se prenderem ao retorno da líder do lixão. Não que o paradeiro do xerife seja menos importante – mesmo que a essa altura do campeonato em nem me importe mais -, mas é que o foco sempre foi a organização do helicóptero que ronda as três séries, Rick Grimes é apenas um agradinho. E Matt Negrete reconheceu bem isso. 

Foi o sexto episódio e Negrete tem tratado a temporada como uma montanha russa que oscila a velocidade a todo instante. Não sei se no próximo já estaremos subindo, mas é de certo que quando o clímax vier – e eu temo estar criando expectativas – a descida seja frenética.  


Nota: 4/5


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Douglas Gomes
Douglas Gomes
Jogador profissional de banco imobiliário e apresentador de stand up no chuveiro. Nas horas vagas, tocador de guitarra de ar. Um crítico longe de medíocre.

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