Fear The Walking Dead: Análise antecipada do 1º episódio

Fear The Walking Dead tem sido anunciado pelos produtores como uma nova série passada no universo criado por Robert Kirkman e não como um mero um spin-off da série principal.

Mesmo assim, uma das maiores jogadas do primeiro episódio é explorar a pré-ciência do telespectador de que a sociedade está prestes a ruir.

Nos primeiros dias tudo continua aparentemente normal. Todos estão levando suas vidas e planejando o futuro, porém já sabemos de antemão que nada daquilo irá acontecer. Ninguém irá para faculdade, ninguém terá uma carreira e nem sair de casa (pelo menos não da forma como estão pensando).

Estes prenúncios são realmente interessantes, no entanto em alguns momentos parecem um pouco forçados e em certas cenas dão mais uma sensação de obviedade do que de melancolia.

Vide, por exemplo, a aula de Travis sobre o conto To Build A Fire, de Jack London, que remete um pouco ao obrigatório discurso-clichê de filmes catástrofes no qual um cientista discorre sobre algum conceito relacionado à arrogância da humanidade ou à supremacia da natureza.

 

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Conforme dito pelos produtores, a nova série realmente não dá explicações sobre o início da infestação zumbi, se focando na reação das pessoas durante os primeiros dias do apocalipse.

O primeiro episódio não mostra Los Angeles mergulhada no caos propriamente dito, afinal, são os primeiros momentos do apocalipse. Mas há certo frescor ao vermos uma história situada em ambiente urbano após cinco temporadas de Rick e companhia habitando áreas mais campestres e remotas.

Como esperado, aqueles que se mostram mais alarmistas são desacreditados, tal como o estudante Tobias que parece já estar se preparando para tempos difíceis, ou Nick, filho de Madison viciado em heroína que não é levado a sério devido ao seu problema com drogas.

Porém, conforme o episódio se desenvolve, a atmosfera de Los Angeles vai gradativamente se alterando, deixando os personagens principais mais alertas com o número cada vez menor de estudantes indo para a escola, o crescente som de helicópteros sobrevoando a cidade, as pessoas desaparecidas e vídeos virais. Ao final do primeiro episódio, a sociedade ainda estará de pé, mas agora os protagonistas definitivamente estarão convencidos que há algo muito sério acontecendo.

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Fear tem ótimos elementos de suspense, porém seu andamento é às vezes lento. Leva-se um tempo para introduzir os personagens e encaminhar o enredo. Isso é o esperado em novas séries, porém algumas sequências são desnecessariamente longas, dando ao episódio um ritmo arrastado em diversos momentos.

Boa parte do tempo é usado para estabelecer a dinâmica das famílias disfuncionais de Travis e Madison, porém sem adicionar nada original ou particularmente interessante sobre este tema tão explorado, a não ser o iminente apocalipse.

Como não poderia deixar de ser, a principal diferença entre os personagens de Fear e os da série principal é que Madison, Travis e os demais não são nada parecidos com os sobreviventes do grupo de Rick, pois ainda estão tentando assimilar o que está acontecendo.

Fear The Walking Dead conta com boas interpretações. A personagem de Kim Dickens (Madison) é competente e determinada, enquanto Cliff Curtis (Travis) tem uma função conciliador e empático. Os dois têm uma boa química e apresentam potencial  para formarem um ótimo time nos tempos difíceis que estão por vir, bem diferente da incompatibilidade de Rick e Lori na série original.

Frank Dillane (Nick), Alycia Debnam-Carey (Alicia) e Lorenzo James Henrie (Chris) são competentes em seus papeis de filhos problemáticos. Adolescentes são frequentemente retratados como mimados, arrogantes e irritantes em dramas familiares e não é diferente com os três, especialmente Alicia e Chris.

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As condições insalubres as quais Nick se habitua devido ao seu vício talvez o tornem mais apto para sobreviver ao apocalipse em um ambiente urbano. Além disso, o personagem já demonstra que é capaz de fazer o necessário para se defender e ainda preserva em si certa sensibilidade. Será que teremos outra história de redenção de personagem como a de Daryl Dixon em The Walking Dead?

Apesar de não ter o mesmo impacto da série original e talvez  nem o apelo para atrair uma nova audiência, Fear The Walking Dead tem bastante potencial a ser explorado, especialmente na transição da fase de negação e esperança para aceitação e luta pela sobrevivência, a qual foi abordada muito brevemente durante a primeira temporada da série original.

Fear The Walking Dead é muito bem vindo para fãs de The Walking Dead que estão ávidos por novas histórias, principalmente por começar mostrando o período em que Rick esteve em coma.


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Kelly Ribeiro
Kelly Ribeiro
Kelly Ribeiro é co-fundadora, editora-chefe, redatora e gerente de comunidades do Geekdama. Com formação em Comunicação Social e Cinema Digital, além de especializações em Marketing e Jornalismo Digital, Kelly supervisiona a produção de conteúdo do portal. Em 2022 foi uma das selecionadas no programa Aceleradora de Comunidades da Meta.

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