O que todos esperávamos aconteceu. The Walking Dead voltou, para a nossa alegria. Mas será mesmo que voltou? Sinceramente, acho que não.
É indiscutível o valor estético e poético do 9º episódio da 5ª Temporada de The Walking Dead. Sem dúvida houve diversas figuras de linguagem e discussões morais maravilhosas, explicadas com um ar de experimentalismo em alguns momentos dentro do episódio, como o uso dos personagens mortos como vozes do dilema moral de Tyresse.
O problema nisto é: era necessário um episódio inteiro para contar a morte de um personagem secundário, que ainda foi “sabotado” em relação à sua contraparte da HQ? Muitos personagens morrem na série, e o diferencial sempre foi contar um pouco mais sobre eles no episódio onde isto acontece, mas tudo de forma indireta, inserido dentro da história central.
Embora o fio narrativo de The Walking Dead tenha começado com Rick, cada vez mais a série tenta não focar em um único personagem, focando, ao invés disto, no cenário geral, usando as personagens para explicar as diversas reações frente a um determinado problema, o que torna incoerente o enfoque específico no personagem. Para mim isto foi um filler (ou em bom português, enchimento de linguiça).
Afinal, quem era Tyresse na fila do pão? Um personagem secundário muito usado para demonstrar que nem todos seriam capazes de serem fortes durante um apocalipse zumbi, Tyresse se tornou uma figura confusa e controversa entre os fãs, agindo de forma incoerente em diversos momentos. Alguém que sempre teve pouca colaboração com o caminhar da história, sendo realmente marcante apenas ao se descontrolar ao ver sua namorada morta.
Por que tanto destaque para a morte deste personagem? Eu não sei, e acredito que nunca teremos uma resposta para isto. Espero apenas que todas as informações fornecidas a respeito de Tyresse sejam usadas, de alguma forma, para alavancar a história de Sasha, sua irmã, da mesma forma que muito do que foi contado sobre a infância de Merle Dixon serviu de alavanca para o crescimento de Daryl dentro da série.
Se o objetivo dos roteiristas e da direção foi este, a situação se torna perdoável, e Sasha pode acabar se desenvolvendo para cobrir a falta de Andrea na série. Se a morte dele for esquecida em um ou dois episódios, como de diversos outros personagens secundários como ele, o episódio terá sido um excelente mote do parnasianismo, movimento cultural e artístico do século XIX. “A arte pela arte”. Um episódio belo, porém inútil.