Prepare-se: não haverá um paciente zero em Fear The Walking Dead

Prepare-se, porque não haverá um paciente zero em “Fear the Walking Dead”. “Ué, mas não foi por isso que eles criaram a série, para explicar como tudo começou, quem foi o grande responsável por tornar a vida de Rick Grimes & Companhia, além de milhões em um mundo apocalíptico e fictício, um inferno?”

Sim e não.

A série, como sabemos, tem o objetivo, de fato, de explicar o começo. Mas, ao que tudo consta, depois de dois episódios, sem apontar o dedo para um responsável isolado.

Era o sonho de nove em dez fãs da franquia. Todo mundo queria ver o sujeito ou a sujeita que apareceria e, num passe de mágica, ou sabe-se lá como, daria início a tudo aquilo que muita gente passou a aprender a adorar.

Mas isso não vai acontecer. Por alguns motivos. “Fear” vai dar aquele panorama geral e mostrar como foi o início do caos, mas sem expor o tal paciente zero. Vai mostrar como as civilizações começaram a ruir, como as pessoas começaram a se odiar, como as relações e os relacionamentos foram se deteriorando para dar origem ao “cada um por si”.

E ninguém vai ficar sabendo como o vírus (será um vírus, aliás?) zumbi surgiu. Foi pelo ar? Foi pela água? Foi através de uma vacina? Foi através de uma droga? Foi uma bactéria? Foi um extraterrestre que apareceu na Terra, ficou escondido, saiu um dia à noite para dar uma voltinha e, sem querer, infectou alguém?

Não se sabe, mas, para os produtores, é muito importante que se debata isso. Porque mantém o interesse sobre “Fear” e, claro, “The Walking Dead” em alta o tempo todo. Ninguém estará 100% satisfeito com as informações que foram passadas, então as pessoas vão continuar consumindo, assistindo, lendo, buscando debates na internet, comprando livros, estudando teorias.

Mas ninguém vai se sentir enganado porque “Fear não entregou o que prometeu”. Qual era a “promessa”, afinal? Nunca foi dito, em momento algum, como seria o enredo. E, depois de dois episódios, afinal de contas, há mais avaliações e críticas positivas do que negativas.

A franquia é muito baseada nisso, é importante que se diga. Em um determinado momento, TWD passou a se tratar muito mais do entendimento do comportamento de um grupo heterogêneo, com problemas demais e soluções de menos, do que em combater hordas e “walkers” propriamente ditos. Claro, faz parte do show, e sem eles, não existe a série. Mas ela não sobreviveria por três, quatro, cinco, seis temporadas se o foco fosse único e simplesmente nisso. Tampouco daria espaço para uma outra série derivada, que já tem uma segunda temporada de 15 episódios confirmada.

“Fear” vai introduzir novos personagens, novas histórias, novos dramas, novas situações. E novas discussões? Será que os dois universos vão se cruzar, um dia? O que será que Rick estava fazendo, em Atlanta, enquanto a casa caía em Los Angeles? Já estava em coma? Quem mordeu Matt, o namorado de Alicia? Quem mordeu Artie, o diretor da escola onde trabalha Madison? Tobias é um visionário que sabe de tudo? Madison e Travis vão se encontrar novamente? Será que o dólar vai bater na casa dos R$ 4???

Mas nada de paciente zero. Seria legal, até, ter esse esclarecimento. Mas, acredite, ele não vai fazer falta, depois de algum tempo. Os zumbis vão invadir, tomar conta de tudo, muita gente vai amar, outros vão ficar cansados, teorias mil serão levantadas e destruídas segundos depois e tudo continuará perfeitamente como sempre foi.


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Plinio Rocha
Plinio Rocha
Jornalista, 38 anos, paulistano. Quando os zumbis tomarem conta, vai preferir o arco e flecha a um revólver. Acha que Rick e Shane poderiam ter se sentado e tentado resolver o triângulo amoroso. Ou não.

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