Crítica | The Walking Dead 8ª Temporada Episódio 3 – “Monsters”

Nem a direção competente de Greg Nicotero conseguiu ter luz própria e maquiar os problemas recorrentes dos roteiros de Matt Negrete e Channing Powell. A repetição de conceitos é visível e torna todas as tramas em desenvolvimento um artigo reciclado com pouco impacto. É inegável que falta substância na trama, pois não há nada de novo que já não vimos outrora. É apenas mais do mesmo com uma película diferente.

Novamente a dualidade moral está em pauta nesse episódio. Em um primeiro momento, no monólogo de Morales, que faz questão de exaltar que Rick não é mais o herói da história e os coloca como iguais apenas em lados distintos.

O papo recorrente que tudo é questão de perspectiva. E nesse momento a colocação de Morales é interessante porque em determinado ponto de sua jornada Negan e os Salvadores o salvaram da morte iminente, logo, sua lealdade se voltou para aquele que o salvou. Isso já aconteceu diversas vezes no lado dos protagonistas.

The walking dead s08e03 morales

Em seguida temos o embate entre Morgan e Jesus com praticamente os mesmos argumentos. Jesus valorizando toda e qualquer vida mesmo em meio à guerra e entendendo que aquelas pessoas podem fazer parte do mundo que está por vir e Morgan, com pouquíssima sanidade, visando acabar com os Salvadores e cumprir com o que foi combinado em termos estratégicos. Há um confronto entre os personagens quando Jared e outros Salvadores escapam. Morgan quer matar todos e Jesus quer leva-los à Hilltop como prisioneiros.

De certa forma é difícil adaptar fielmente o Jesus dos quadrinhos para a mídia televisão, mas é incrível como Paul Monroe é apenas uma caricatura do personagem criado por Robert Kirkman. Suas características principais na HQ são as técnicas de luta corpo a corpo com um leve tom de exagero e seu escapismo, coisas que praticamente não vimos até aqui.

The walking dead s08e03 foto oficial 08 jesus morgan

Passando para o núcleo de Ezekiel e Carol, temos a continuidade dos eventos que ocorreram em “The Damned”. Eles estão indo em direção a outra base dos Salvadores mesmo sabendo que os vilões têm conhecimento disso. Mais uma vez é exaltada a confiança exacerbada, mesmo que teatral, de Ezekiel e novamente os protagonistas anteveem os fatos e surpreendem os Salvadores na parte tática.

Ezekiel e alguns outros soldados servem de isca e deixam-se vulneráveis de propósito enquanto Carol e os outros os flanqueiam e atiram. Em termos estratégicos é interessante a maioria dos planos, mesmo que todos não sejam tão claros ao espectador.

Daryl aparece apenas para matar Morales e o outo salvador que estava desarmado e rendido no final do episódio. Rick, no episódio de estreia, disse que apenas um precisava morrer, Negan no caso. E então, na sequência, ele e seu grupo matam dezenas de inimigos sem nenhum remorso aparente, mas quando Daryl os mata ele visivelmente faz uma cara de contrariado. Por quê? Porque ele conhecia o Morales? Pela promessa de liberdade que ele fez ao Salvador? Tentar humanizar o Rick, coincidindo com sua personalidade nos arcos que estão por vir é interessante, mas será que essas mudanças súbitas fazem sentido para quem está assistindo nesse momento?

The walking dead s08e03 foto oficial 10 aaron gracie rick

Pegando esse gancho podemos falar de Gregory. Personagem interessante, cínico, mas que se mantém constante desde que foi apresentado. É apenas um covarde que sabe-se lá como concebeu Hilltop e escondeu-se na sombra da comunidade.

Sua linha narrativa faz sentido, mas e a de Maggie? Depois de tudo que passou, e com a guerra acontecendo, há sentido em seu perdão? Novamente, o problema não é a ação desenfreada, mas como ela está sendo construída. O problema não são os personagens com tendências exageradas de perdão, mas sim como isso está sendo feito.

The walking dead s08e03 gregory

O monólogo de Morales foi legal, mesmo achando que não justifique sua volta. Aaron é um personagem secundário que está ganhando mais espaço e suas cenas foram de certa forma emocionantes e consigo destacar algumas linhas de diálogos legais do Morgan, mesmo que repetidas à exaustão.

Em suma, Matt Negrete e Channing Powell escreveram “The Damned” parte 2, pois a história não avançou, a menos que se considere como avanço os mesmos fatos e discussões em locais diferentes. Aí sim avançou muito. E aquele Jared? Caricato da pior forma.

NOTA: 5.5/10


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Fernando Floriano
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