Madison Clark está morta. Os mistérios da 4ª temporada foram todos desvendados. Naomi/Laura/June sempre foi inocente. Descobrimos como o estádio de fato caiu e quais consequências foram geradas. E enfim entendemos o porque do comportamento explosivo do grupo de Alicia e o ataque de fúria que acometeu Nick pouco antes de sua pesarosa morte.
O arco da primeira metade desta temporada foi fechado e agora só incertezas aguardam nosso novo grupo de sobreviventes. Nesta crítica vou me deter estritamente aos acontecimentos do último episódio, maiores análises do contexto da primeira metade da temporada em breve serão divulgadas em outro artigo.
A cena inicial me assustou, e de fato se não fosse a temperatura quente da fotografia, eu já estaria aos gritos anunciado que Madison estava viva, mas seria um grosseiro engano. O prólogo deste episódio foi um evento que se passou depois da explosão da barragem e antes do grupo habitar o Estádio.
Madison está sozinha e em busca de seus filhos perdidos. Ela então tenta armar uma emboscada para uma jovem solitária na floresta, uma garota já conhecida pela audiência: Althea. Na sequência Madison reverbera uma monólogo ameaçando Al e falando do que é capaz porque já perdeu tudo que tinha, não tendo mais nada a temer agora.
Após uma breve discussão, Madison vai embora com as fitas de depoimentos de Al na esperança de encontrar alguma que seja de seus filhos ou do Strand. Numa reviravolta, Al encontra Madison, toma suas fitas para si e consegue arrancar o depoimento a força do que estava acontecendo com a senhora Clark e o que ela procurava.
De volta ao presente, nosso cowboy texano John Dorie segue agonizando no furgão blindado enquanto Morgan e Naomi se aventuram nas entranhas do Diamond em busca de suprimentos da enfermaria para tratar Dorie.
Nesse meio tempo Alicia e seu grupo surgem com sede de vingança, prontos para exterminar Naomi, e explodem a porta do Blindado de Althea, fazendo-na de refém. Alicia e Althea encenam uma luta corporal claustrofóbica que me remeteu à uma cena de Kill Bill, onde temos uma luta entre duas garotas em um trailer bem apertado.
Após algumas reviravoltas dentro do blindado, Alicia encontra uma caixa de macarrão instantâneo que Madison havia lhe dado outrora. Esse foi o estopim para ela descobrir que Althea já havia entrevistado sua mãe, correndo para assistir o depoimento.
Alicia fica abalada após ver o depoimento de sua genitora, e na hora que fica cara a cara para matar Naomi, ela balança e desiste de sua vingança após ouvir a pregação de Morgan sobre não matar e não se vingar, com direito a chorar em seus ombros.
Mas antes de baixar a guarda, enfim ela revela o que aconteceu com sua mãe para a audiência: “por sua culpa [Naomi] minha mãe está morta”! Confesso que mesmo após a óbvia revelação, eu continuava incrédulo e crente que Madison até o final do episódio iria aparecer para a surpresa de todos.
Em um surto de incoerência, todos estão novamente reunidos dentro do Furgão (inclusive Charlie, a assassina de Nick), no maior clima de amizade mesmo após lançarem granadas uns contra os outros.
Althea segue insistindo para saber o que aconteceu com Madison e como ela morreu. Então todos decidem parar e acampar na estrada para ouvir a última parte do depoimento do trio Alicia, Strand e Luciana. É poético, todos sentados em círculo ao lado de uma árvore com uma fogueira cozinhando miojo no centro. O trio conta como a protagonista e personagem mais badass dessa série desencarnou.
Uma pena que foi por meio do sacrifício, uma morte tão convencional para todo o suspense criado desde a premiere. Madison conduziu todos os zumbis que os abutres haviam jogado em sua direção para dentro do Diamond, ficando presa com eles, ateando fogo em todos.
Provavelmente foi meio incinerada meio comida viva. Uma morte tenebrosa para nossa mãe heroína. Ela fez isso por seus filhos, para que continuassem lutando no mundo sombrio e permanecessem com esperança em melhorar as coisas a sua volta e também porque não seria mais capaz de construir um lar e vê-lo novamente ser destruído ali na frente. Madison Clark estava cansada do fardo desse mundo o qual ela pertencia (e que parecia ter se adaptado tão bem).
E foi assim, com todo o grupo sentado ao redor da fogueira, que a primeira metade da 4ª temporada de FEAR chegou ao fim. Um episódio que teve inúmeros acertos, mas no contexto não cumpriu o que a série vinha propondo desde a sua estreia.
Muito mistério foi despejado em cima de Madison e quando finalmente nos foi revelado, em nada surpreendeu a audiência a ponto de reterem esse desfecho por 9 semanas (se contarmos a semana sem exibição). FEAR trabalhou muito bem com seus mistérios e desenvolveu com maestria diversas linhas temporais, mas acabou se perdendo em seu ponto chave, no acontecimento mais importante de sua existência, que foi matar a protagonista.
Mas também não posso jogar fora todo o reconhecimento que a série merecidamente veio angariando semana após semana inclusive recebendo desse editor que vos escreve nota 10 em alguns episódios. Apesar de termos um desfecho talvez muito convencional e nada esperado – no mau sentido (vejam que dicotomia), FEAR conseguiu conduzir 8 episódios de maneira poética, dramática, profunda e bem construída (coisa que há muito não se vê na série mãe), introduzindo novos personagens para se relacionarem com os já conhecidos.
FEAR brincou com a audiência, apresentou um núcleo de vilões que foi rapidamente exterminado, sem cair na perigosa armadilha de ficar temporadas e mais temporadas combatendo o mesmo algoz. Uma série que corta os males pela raiz, que não tem medo de matar quem a audiência mais adora, que se reinventa e abre caminho (agora mais do que nunca) para uma série totalmente nova.
E antes de encerrar, não poderia deixar de comentar sobre o casal mais romântico da história do apocalipse. Laura, que na verdade não é Naomi, mas sim June, enfim está em paz com seu cowboy Jonh Dorie (ele não morreu!). Acredito que esse casal terá um grande potencial na segunda metade da temporada e, junto com Morgan, vão ocupar o protagonismo da série.
Restam ainda 8 episódios e isso é muita história para ser contada. Vai ser interessante ver qual será a nova trama abordada nessa segunda metade, com o grupo nada convencional que se formou. FEAR é dinâmico ao concluir todo um arco com inicio, meio e fim em apenas uma metade de temporada. Isso não deixa a audiência preguiçosa, pois sabemos que em agosto o nosso encontro com essa série vai ser mais uma vez uma experiência totalmente nova.
Nota: 8,0 (episódio bom, mas por ser Mid-Season Finale, eu esperava mais)