Agora sim. O episódio dessa semana conseguiu se redimir para com seu antecessor, mostrando que a falha pontual da semana passada foi apenas um tropeço em meio a brilhante jornada que essa série vem traçando desde a estreia da nova temporada.
Temos mais um episódio dinâmico, o primeiro com todos os núcleos em evidência desde a estreia da segunda metade. Muito mais focado na brilhante dupla Dorie e Strand, mas com o devido espaço dos demais personagens que foram penetrando vagarosamente na narrativa, que culminou em um final surpreendente, remetendo ao episódio 6 (Just in Case) com John Dorie baleado nos últimos segundos antes dos créditos. A diferença é que este final foi um pouco mais criativo e indireto, onde escutamos os tiros mas não enxergamos os alvejados.
Morgan segue na estrada com seus novos amigos além de June e Althea, em busca do restante dos sobreviventes. A Vilã-Sem-Nome se apresenta mais diretamente, porém permanece uma névoa diante das suas intenções. Aqui o primeiro ingrediente da fórmula de sucesso do episódio entra na receita. O elenco de apoio com os novos personagens se entrosaram muito bem, parece que já faziam parte da trama. O cervejeiro com seus diálogos inspiradores são um alento em meio a este universo tão explorado e desgastado. A química do elenco segue firme, mesmo com as agremiações de núcleos que vão embarcando na boleia dessa jornada. Morgan finalmente tomou para si o papel de líder do grupo e está agindo como tal, determinado e objetivo, o que é muito bom.
No núcleo de John e Victor, acompanhamos o isolamento de ambos em uma ilha formada pela tempestade que passou, onde o nível das águas nada amistosas subiu drasticamente. Dorie, o otimista, que está novamente em busca de June, começa a improvisar uma jangada para escapar dessa redoma, enquanto Strand se nega a arriscar tal jornada. A dobradinha desses dois gigantes é o ponto alto desse episódio. A relutância e descrença de um contrastando com a persistência e esperança do outro cria uma narrativa divertida, proporcionando grandes momentos cômicos por parte do Strand e aquela admiração boba diante da tamanha benevolência do cowboy Dorie.
Entre os dois e o alagamento, um crocodilo gigante está posicionado, visando ser a pedra em seus sapatos, conseguindo lograr exito no desmanche do plano de Dorie, quando derruba a dupla da canoa (tão suadamente) improvisada, fazendo com que sigam presos na ilha temporária. Mais uma vez Fear traz um elemento novo para esse universo, onde além das forças da natureza, agora animais selvagens também se tornam um grande inimigo dos sobreviventes. The Walking Dead que se cuide, pois vamos nivelar seus novos episódios por cima, graças à Fear.
Quem também deu as caras, após sair correndo atrás da Charlie foi a viúva Luciana, a qual não vimos como foi sua estadia pela arrasadora tempestade texana. A introdução de Luciana nesse episódio foi enxuta, precisa e redonda. Participou de uma pequena trama que serviu para lhe dar motivação e propósito em seguir sobrevivendo, bem como se reagrupar com os outros. E é o que de fato ocorre, depois da trama bonitinha que a mexicana desenrola, ela acaba cruzando com Morgan e os outros, embarcando na peregrinação de reunificação do grupo do Diamond.
Já na reta final, com Dorie e Strand isolados depois da fracassada tentativa de fuga, Morgan e cia já reunidos com Luciana em busca dos demais sobreviventes, eis que Alicia e Charlie de surpresa tomam conta da tela. Elas se comunicam com o grupo por rádio, ambos trocam suas localizações e Morgan anuncia que está indo buscá-la quando a reviravolta do episódio começa.
A Vilã-sem-nome entra no meio da transmissão de rádio, diz que Morgan está cometendo um grande erro em querer ajudar seus amigos e as pessoas na estrada, que conhece seu interior e que quando ele perde pessoas ele perde a si mesmo. Me pergunto como ela sabe tanto a seu respeito, será que assistiu as fitas da Althea?
Ela está no Furgão da Al, bem na cola do caminhão onde encontram-se os sobreviventes. Armas em posição e as metralhadoras do furgão alvejam o caminhão com todos dentro. Mas assim como Alicia e Charlie, nós não temos acesso visual ao que está ocorrendo, apenas escutamos as saraivadas pelo rádio, para nosso total desespero e curiosidade. E quando menos esperemos, secamente, o episódio se encerra. Isso que é gancho!
Tivemos um episódio dinâmico, compacto e surpreendente. Quando tudo parecia estar entrando nos trilhos, um novo descarrilhamento acomete nossos sobreviventes. Agora todos estão na mira de alguém que desconhecemos os reais propósitos. Alicia e Charlie seguem afastadas do grupo. John e Strand estão em algum lugar do Texas, isolados com um crocodilo em suas barbas. Foi um episódio trampolim, que serviu para impulsionar a trama e definir os 3 últimos episódios, e teve um funcionamento brilhante.
Por derradeiro, confesso que sentia falta de final de episódio com um belo gancho. Isso anima o espectador, cria expectativas e segura audiência. Algumas falhas (de roteiro, por preguiça) seguiram sendo apresentadas, mas não a ponto de incomodar como no episódio anterior. Fear segue mantendo seu alto nível, agradando e surpreendendo seus fãs. Podemos decretar que entramos na reta final da temporada e mais uma vez a fórmula certa está sendo posta em prática e funcionando muitíssimo bem.
Nota: 9,0