A midseason finale do último domingo foi ao ar revelando a nova e talvez mais ameaçadora força inimiga que nossos sobreviventes irão enfrentar. Os sussurradores deram as caras em grande estilo com um episódio digno de filmes de terror de zumbis levantando em um cemitério.
Mas antes de deitarmos na cama dos elogios, é preciso comentar a estúpida ideia de contrapor o núcleo de revelação dos sussurradores no resgate do Eugene com a introdução de Henry na comunidade adolescente de Hilltop, servindo apenas como uma quebra narrativa morna e sem o menor proposito ou ligação com o que ocorria fora dos altos muros da comunidade.
Foi dada mais importância à entrada de Henry na comunidade do que à chegada dos novos personagens escoltados por Michonne, o que provavelmente renderia muito mais artimanhas narrativas.
Superado este tropeço, é hora de falar do que deu certo. O desespero de Eugene ao expor aos seus amigos que a horda que estava atrás dele era diferente das demais, alegando uma suposta evolução dos zumbis e dando a explicação teórica para o fato, foi convincente.
Enquanto isso, lá para os lados de Alexandria, era a hora de Negan finalmente escapar da sua claustrofóbica cela após um descuido do atordoado e apaixonado Padre Gabriel. Estou mais ansioso pelo retorno do Negan livre ao mundo apocalíptico do que o cerco final no cemitério, que deixou um gancho mais tenso e aterrorizante que o empalamento do extinto Rick Grimes no vergalhão de ferro.
Por último as reações de Daryl ao notar o estranho comportamento da horda, bem como o cerco no horripilante cemitério fecharam o episódio com chave de ouro.
A revelação oficial dos sussurradores na cena em que Jesus é abatido em um desvio de seu golpe no ar não poderia ter sido melhor. Jesus se foi, e enquanto era tempo, pois além de seu personagem estar completamente desgastado e alheio a toda a trama, ele nunca foi nem um terço de sua versão das HQs. Por esse motivo foi uma sabia escolha de descarte, e que a próxima seja o sem carisma e sem talento Aaron.
A direção e a cenografia estão de parabéns, onde a condução harmônica de ambas deixou uma atmosfera de terror em cena que nem a chegada de Negan lá no final da sexta temporada obteve. Foi como assistir alguns minutos de algum filme de terror B dos anos 80, porém com nossos familiares personagens da contemporaneidade.
O balanço dessa primeira metade da 9ª temporada é que Angela Kang está conseguindo dar um fôlego a uma franquia que parecia ter minguado à última gota de um pano torcido (ainda que não se compare a reestruturação realizada em FEAR).
A série até o momento está se mantendo sem o protagonista, apesar de ser nítida que a falta do personagem levou as comunidades a romperam laços, uma prova de que Rick sempre foi a amálgama de todo o grupo.
O primeiro inimigo pós-Rick Grimes desembarca na trama e é hora de ver como o grupo vai lidar com as situações e perdas que virão a seguir e quem liderará as comunidades no tempo de trevas que toma conta de todos sobreviventes. Até ano que vem!
Nota: 8,5