Crítica | Dead in the Water – Pré-Apocalipse Submerso

Difícil não lembrar do começo marítimo da 2ª temporada de Fear the Walking Dead ao assistir à nova websérie do AMC+. Porém diferente das paradas de ilha em ilha e ataques piratas à Abigail, Dead in the Water concentra-se dentro do submarino USS Pennsylvania com uma tripulação de 155 pessoas enviadas na missão de lançamento próximo do Golfo do México. Uma delas é nada mais do que Jason Riley — ou Tyrion para os mais íntimos -, um dos fiéis seguidores do enlouquecido Teddy Maddox que antagoniza a segunda metade da 6ª temporada da série derivada.

Tudo que ficou muito vago lá atrás ganha mais nuances aqui, principalmente a história de Riley. Sendo um pai de primeira viagem que nem chegou a ver seu filho antes de partir, o que vemos é um homem de postura profissional disposto a enfrentar o que vier. Mas ele não é de pedra, não se engane. Uma falha em um dos treinamentos liderados por ele causou um acidente grave em um dos tripulantes que vai a óbito e, como vocês já sabem, reanima e causa o terror pelos corredores da embarcação.

E acontece rápido. Em questão de minutos a tripulação é reduzida e o jogo torna-se a sobrevivência do mais apto. Nesse momento não deixei de traçar paralelos com a sensacional The Terror, série da mesma emissora que foca na tripulação de dois navios presa na calota polar ártica que passa pelo inferno e deixa evidente o verdadeiro lado podre do homem, e imaginar o quão promissor seria aqui o aprofundamento nas relações humanas dentro de um cenário isolado me faz pensar se não poderiam ter dedicado um episódio maior a história (o vindouro Tales of the Walking Dead teria sido uma boa aposta). Pois Jacob Pinion, responsável pelo roteiro de todos os seis episódios, tem pouquíssimo tempo para isso e desenvolve seus personagens na medida do possível, como é na relação entre Riley e seu melhor amigo Pierce, e com o capitão Renwick, além da boa crescente de suspense sobre o que anda acontecendo em terra firme.

Jacob também é hábil em não se prender a mesmice típica do amadorismo pré-apocalipse e flui conforme o rio, aproveitando tudo que USS Pennsylvania deixou de fazer. A condução do perigo é sentida durante as cenas nos corredores, sempre tendo uma surpresa na esquina, as ações que vemos como estúpidas decorrem de acordo com a situação, ou seja, no calor do momento mesmo, tornando tudo mais verossímil, graças também ao desempenho de Nick Stahl que colabora mais ainda para comprarmos a coisa. E ainda sobra tempo para amarrar brechas soltas como mostrar Walter tomar posse de uma das chaves do painel, ao qual é vista e roubada por Emile em The End Is the Beginning, e trazer de volta o messiânico Teddy que chega literalmente como a luz da salvação para Riley quando sem esperanças, com direito a roupão branco e contra-plongée

Dead in the Water é aquele tira gosto que cumpre bem sua função de contextualizar e entreter com a ação frenética e enredo inusitado — debaixo d’água! —, mostrando que quando querem, Andrew Chambliss e Ian Goldberg são competentes no que fazem.

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Nota: 3,5/5


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Douglas Gomes
Douglas Gomes
Jogador profissional de banco imobiliário e apresentador de stand up no chuveiro. Nas horas vagas, tocador de guitarra de ar. Um crítico longe de medíocre.

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