Glen Mazzara fala sobre os desafios de substituir Frank Darabont

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Em todos os sentidos, o drama de zumbis da AMC, The Walking Dead, é um sucesso; para os padrões da TV a cabo, quebrou recordes e paradigmas – provando que a grade básica de TV a cabo pode produzir um hit que atrai 9 milhões de espectadores por episódio e não somente queridinhos da crítica como Mad Men e Breaking Bad, da mesma emissora. Assim sim, para os que acompanham as críticas desanimadoras à série ou a crise que culminou com a demissão de seu criador, Frank Darabont, em julho passado, parece que The Walking Dead estava propensa a auto-sabotagem. Felizmente, o substituto de Darabont como responsável pela série sabe como lidar com o estresse. Glen Mazzaram cuja voz trai sua origem no Queens, um distrito de nova iorquino, começou sua carreira como administrador de um hospital em Nova York antes de entrar na TV. “Cronogramas apertados, pessoas com agendas diferentes, orçamentos apertados,” ele diz enumerando as semelhanças. “E você está sempre esperando por um ataque cardíaco.”

Nos últimos tempos, ele tem usado uma analogia profissional mais dramática. “Eu sou o cara em Guerra ao Terror, diz Mazzara. “Fui enviado para tentar acalmar as coisas.”

A origem dos problemas do meio do ano passado ainda é obscura. Uma avalanche de teorias surgiu a respeito: Darabont não se dava bem com o diretor de programação da AMC, Joel Stillerman; ele tentou forçar sua sensibilidade cinematográfica (ele dirigiu Um Sonho de Liberdade) dentro de um molde televisivo; um de seus diretores fez um péssimo trabalho em um episódio crucial; ele confrontou os possíveis cortes no orçamento.

Mazzara confirma que o caos da saída de Darabont foi a razão para a estréia esfarrapada da segunda temporada, mas ele e um porta-voz da AMC negam cortes drásticos no orçamento. “Já trabalhei com baixo orçamento antes”, ele diz. “O programa não está com um baixo orçamento.” Darabont se recusou a contar seu lado da história, mas três meses depois de sua demissão, ele apareceu numa reunião de direção e reclamou da atitude da AMC em relação ao programa: “The Walking Dead se mostrou um coringa valioso. Por que vocês estão tentando cortar tanto o orçamento? Ao meu ver, isso não faz sentido para os negócios.”

Qualquer tenha sido o caso, a crise de confiança entre elenco e equipe foi bastante real. Mazzara parece ter resolvido a situação, mas a opinião do público só pode ser conferida dia 12 de fevereiro. É quando a série retorna de seu hiato de meio de temporada e quando a audiência poderá ver o primeiro episódio feito inteiramente sob a coordenação de Mazzara.

Mazzara pensou duas vezes antes de aceitar o trabalho. Ele sempre funcionou como o braço direito que “entra para ajudar o responsável pelo show a concretizar sua visão sem causar problemas.” Seu trabalho em The Shield foi melhor do que as fracassadas séries Hawthorne e Crash, série da qual ele foi demitido. “Então eu sei como é doloroso perder um programa.” E ele seria sempre considerado como o chefe substituto de The Walking Dead. “Eis a terceira vez na qual fui designado para executar a visão de outra pessoa, e se eu não desse certo? Poderia acabar com a minha carreira.”

Mazzara voou para Atlanta para ter uma conversa apaziguadora com os atores – a maioria deles profundamente devotos à Darabont – no meio de uma filmagem em um calor de verão abrasador. “Ele simplesmente disse, ‘Eu estava muito feliz onde estava’,” diz Norman Reedus, que interpreta Daryl, um caipira com uma besta e um coração de ouro. “Ele não era o vilão na situação, e ele queria que soubéssemos disso.” Ou, como Mazzara insiste em dizer, “Eu não sou autoral – Simplesmente não sou. Okay?”

Mas Mazzara não pôde ter conversas apaziguadoras com a blogsfera fervilhando de fãs sedentos por sangue. Eles detonaram a premissa de The Walking Dead, que foi baseado nas HQ’s benquistas de Robert Kirkman: um tira de cidade pequena lidera um agrupamento de sobreviventes de um apocalipse zumbi nos arredores de Atlanta, lutando não somente contra os mortos vivos, mas também contra seus próprios impulsos mais sombrios. Ainda sim, muitos mostraram indignação com o excesso de diálogos e viradas improváveis que flagelaram a primeira temporada. Entre as temporadas, Darabont mandou embora a maior parte dos roteiristas e trouxe o autor do melhor episódio, Mazzara, como o produtor executivo responsável por contratar novas pessoas. A missão não foi cumprida: a primeira metade da segunda temporada foi atacada ferozmente por se arrastar com dificuldades, praticamente como um dos zumbis da série, se passando quase inteiramente dentro de uma única fazenda. Como Darabont já havia abandonado o barco (assinando sua saída na primeira parte da temporada), fãs ficaram tentados a culpar Mazzara.

Nesse ponto, o ego autoral de Mazzara começa a despontar. “Os fãs não sabem o que é meu e o que é do Frank, o que foi necessário fazer para melhorar o programa.” Como um exemplo, ele comenta a recente confissão da esposa de Lori, esposa de Rick, de que havia dormido com seu melhor amigo, Shane. Darabont achava que seria um desenvolvimento desnecessário na trama, Mazzara diz – mesmo que os espectadores já soubessem do caso dos dois deste o primeiro episódio da série. Mazzara aponta para a mentalidade cinematográfica de Darabont. “Frank conta histórias tendo em mente toda a narrativa – o que funciona em filmes,” ele diz. “Tendo trabalhado na TV com episódios por bastante tempo, eu percebo que a audiência fica ansiosa e não pode saber muito mais do que os personagens. Senão eles acham que os personagens são estúpidos e indignos de atenção”. Com a saída de Darabont, ele colocou a cena.

O objetivo de Mazzara, daqui em diante, “é acelerar e então revelar mais sobre a história.” A abertura da segunda parte da temporada, feita por ele, conta com impasse tenso, novos personagens, e a promessa de horizontes mais largos. “Sinto que a série tem estado um pouco limitada,” ele diz. “Eu quero ampliá-la. De repente, o mundo lá fora começa a invadir nossa fazenda. E agora há o suspense de que quem está lá fora? Eles estão vindo? E todas as dinâmicas interpessoais dentro que grupo e as pessoas ficaram sem saber o que fazer por causa dessa nova ameaça.”

Os escritores já começaram a trabalhar na terceira temporada, a qual a AMC expandiu para 16 episódios. Isso é tudo que Mazzara queria. “Se você quer saber quem eu sou ele diz, “Odeio quando um programa no qual estou trabalhando vai para TV aberta. Temo pelo retorno do programa. Estou certo de que as pessoas vão gostar, mas não gosto de estar no centro das atenções, e mal posso esperar para que o último episódio vá ao ar para que eu possa voltar ao trabalho.”

Fonte: New York TV


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Kelly Ribeiro
Kelly Ribeiro
Kelly Ribeiro é co-fundadora, editora-chefe, redatora e gerente de comunidades do Geekdama. Com formação em Comunicação Social e Cinema Digital, além de especializações em Marketing e Jornalismo Digital, Kelly supervisiona a produção de conteúdo do portal. Em 2022 foi uma das selecionadas no programa Aceleradora de Comunidades da Meta.

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