Longa vida depois de “The Walking Dead” para Jon Bernthal
Tradução e Adaptação: Jessica Nunes (Facebook / Twitter)
Jon Bernthal estava recentemente batalhando por sua vida. Ou melhor dizendo, sua personagem estava batalhando, em The Walking Dead. E ele perdeu a batalha – duas vezes. Bernthal atua como Shane Walsh. Shane e seu companheiro Rick (Andrew Lincoln) eram ambos policiais antes do apocalipse zumbi. A série os coloca como líderes de um grupo desorganizado de sobreviventes.
A segunda temporada de The Walking Dead nos mostrou um grupo de sobreviventes em uma fazenda fora de Atlanta, onde o caso que Shane teve com a esposa de Rick começa a complicar. No penúltimo episódio da temporada, Rick mata Shane. O final da temporada, no dia 18 de Março, quebrou recordes de audiência, com 9 milhões de telespectadores.
Com sua saída da série, o próximo papel de Bernthal será de um protagonista em uma nova série policial-gangster da TNT Network, “L.A. Noir”, dirigida pelo criador da série de TV de The Walking Dead, Frank Darabont. O site The News Tribune falou com ele de sua casa em Venice Beach, Califórnia.
Eu sinto muito pela sua perda de emprego.
Tem sido muito louco com toda a publicidade em torno de eu perder o meu emprego. Mas eu tenho que dizer que (a morte de Shane) sempre foi o plano. Consegui desenvolver com facilidade Shane da forma como ele era.
Shane morreu. Então ele ressurgiu como zumbi por um breve momento e agora está morto de verdade. Como você lidou com aquilo no set?
Foi um momento agridoce (amargo e, ao mesmo tempo, doce). Deixar o cast foi difícil. Aquela última cena que Andy Lincoln e eu gravamos – que era externa, no campo, pela noite. A temperatura estava abaixo de zero graus. O cast inteiro passou a noite lá (assistindo). Nós éramos uma família bem unida. Eu amo este trabalho, e eu percebi quão sortudo eu era para tê-lo. Mas, eu estou bastante animado para continuar minha carreira.
Você imaginou que o seriado faria todo esse sucesso?
Este show começou com um piloto escrito por Frank Darabont. Eu nunca tinha lido nada parecido – Com uma atmosfera tão rica. Aquele enredo sozinho fez minha cabeça. Eu me registrei para papeis em grandes shows e desisti de todos para fazer testes para The Walking Dead. Eu sabia que tinha algo de especial nele. Dito isto, não havia maneira de prever que ele iria ser o enorme sucesso que foi.
Você fez testes para o Shane especificamente?
Não, Frank tinha os atores que ele queria para testes de ambas os papéis – Rick e Shane. Os testes de câmera são os mais desumanos e artificiais possíveis. Você tem que se sentar na frente de vários caras com ternos e começar a atuar. Mas Frank alugou um estúdio. Ele disse que os executivos de network não eram autorizados lá. Ele tinha que passar o dia inteiro junto com 10 caras, trocando papéis e lendo juntos. Eu sabia de coração que Shane era o papel que eu queria atuar. Havia algo realmente humano sobre ele. Daquele teste, eu fui a única escolha do dia para o elenco. Ele não encontrou um Rick naquele dia. Então um dia, Andrew Lincoln apareceu e fechou as portas para outros atores.
Eu acho que você pegou a melhor parte.
Quem sabe? Eu agradeço muito o que está me dizendo, mas eu não vejo como se fosse algo melhor ou pior. Eu concordo com você – foi um papel fenomenal. Mas eu acho que o que Andy Lincoln está fazendo com o Rick é fenomenal. Ele tem a paciência e a habilidade de fazer o Rick um cara diferente cada vez. Eu acho que Rick vai ser tão sutil e perigoso (como Shane).
Você parece ser um homem complexo, como Shane – tirando a parte de toda a matança de zumbis. Você estudou na Escola de Teatro e Arte de Moscou na Rússia e jogou beisebol profissional na Confederação Europeia de Beisebol.
(Na Skidmore College) Eu me graduei em esportes e arranjar confusões. Eu estava em todos os tipos de bagunça. Eu encontrei a atuação através de uma professora chamada Alma Becker. Eu tive que deixar a escola. Ela me disse, “Vá para a escola de Moscou. Ela vai abrir sua mente e lhe ensinar a disciplina.” Ela estava absolutamente correta. Ir para Moscou abriu minha mente totalmente para o mundo. Me fez mudar de um garoto cabeça-dura para um homem. Eu amei estudar lá, e isso salvou minha vida.
Você passou muito tempo nos palcos. Você sente falta do teatro?
Eu estava fazendo teatro em Nova Iorque. Eu tinha uma companhia teatral lá. O único motivo que me fez ir para Los Angeles … eu estava vendo que todas as pessoas estavam pegando papeis que eu queria eram estrelas da TV. E então eu me apaixonei pela atuação na frente da câmera. Eu não tinha interesse nisto até então. Meu sonho era viajar pelo país, atuando nos melhores teatros do país. Eu continuarei a pensar em mim mesmo como um ator de teatro.
Sua experiência como ator teatral veio a calhar na atuação em The Walking Dead?
Sim. O cast todo são atores teatrais. Nós tivemos que trabalhar como um conjunto. O medo e a tensão eram coisas absolutamente necessárias para criar aquele mundo. Se uma pessoa não levasse realmente a sério, então todo o resto pareceria estúpido. Nós estamos correndo por aí, sendo perseguidos por um bando de figurantes cheios de maquiagem.
Falando nisso, você já se assustou no set? Por exemplo, no caso de você e um zumbi tentando pegar o mesmo refrigerante?
Ficou bem normal rapidamente. Nós todos somos uma grande família. Muitos zumbis são reincidentes. Eu não quero ser um ator de um método estranho, mas eu não gosto de zumbis. Quando eu vou para os eventos da mídia e eles contratam um pessoal para serem zumbis para a noite e eles me seguem por aí, meu instinto é de esmagar seus cérebros. Mas nós somos tão acostumados com sangue e violência neste show que dividir um refrigerante com um zumbi não é estranho de jeito nenhum.
Desde o primeiro filme de George Romero, os filmes de zumbis tem levantado diversas metáforas, desde a luta de classes até religião. Há uma metáfora com The Walking Dead? Ou é apenas um bando de policiais desempregados e alguns caipiras atirando nos mortos?
Eu não acho que há uma metáfora atribuída, mas você está bem certo. Eu acho que é por isso que no final do dia há essa sensação. O que é assustador e funciona bem em um filme de zumbis (é a metáfora implícita) – se é um holocausto nuclear, terrorismo ou injustiça racial. Este é o mundo em que vivemos. Há todas essas ameaças invisíveis. Se eles vem para você, não há como escapar. Na vida real, nós temos todas estas coisas que nos fazem ficar confortáveis e preguiçosos e sem foco para o perigo repentino. É sobre isto que este show se trata. Uma vez que você sai da zona de conforto e tem que enfrentar o medo, é quando vem à tona aquilo que você realmente é. Como um ator é ótimo, porque os riscos são altos o tempo todo.
O interessante na série é que levanta a pergunta: quando a sociedade cair, poderemos ainda funcionar com leis? Você já pensou se você se tornaria como sua personagem se tivesse que enfrentar uma situação como esta?
Eu não sei. Todo mundo me pergunta, “você está mais preparado para o apocalispe zumbi?” Eu não sei. Em um mundo onde não há mais leis, fazer a coisa certa, ser uma boa pessoa, é de suma importância? Perder seu tempo procurando por uma garotinha que provavelmente está morta realmente vale a pena? Ou você se concentra no garotinho que ainda está vivo? Eu não sei como eu o faria. Mas eu já me perguntei tudo isso. Se uma série de TV nos força a fazer perguntas, então esta série está cumprindo seu dever. E eu acho que isso aconteceu nas duas primeiras temporadas de The Walking Dead.
Além de “L.A. Noir”, você tem algum outro projeto em progresso?
Eu acabei de terminar um filme chamado “Snitch” com Dwayne Johnson, Susan Sarandon, Benjamin Bratt, Barry Pepper. Um filme bem legal sobre o tráfico de drogas. Eu acabei de começar um filme chamado “42” no qual é a estória de Jackie Robinson.
Quando começam as filmagens de L.A. Noir?
Primeiro de maio. Eu sinto uma grande pressão por “L.A. Noir.” Eu realmente não quero decepcionar Frank. Eu acho que ele é um dos melhores cineastas que este país tem. O fato de ele estar confiando em mim este papel principal é uma honra. Me assusta muito. Eu ainda não fixei a personagem na minha cabeça.
O estado de Michigan está oferecendo um curso chamado “Sobreviva ao apocalipse zumbi que está por vir”. As convenções de zumbi tem discussões sobre a ciência dos zumbis. Afinal, sobre os zumbis: são fato ou ficção?
Eu não sei. Eu vivo aqui embaixo na Venice Beach. Se você tomar um passeio no calçadão num domingo à noite, você verá vários.
Fonte: The News Tribune
Tradução e Adaptação: Jessica Nunes (Facebook / Twitter)
