Estamos nos aproximando do final da 1ª temporada de Fear The Walking Dead, mas após cinco episódios, o spinoff de The Walking Dead parece estar com alguns problemas.
Eis cinco grandes problemas com esta série que precisam ser resolvidos se a AMC realmente pretende levar Fear The Walking Dead para uma 2ª temporada.
1 – Precisamos ver de fato a queda da civilização, governo e comunidades
Toda a premissa de Fear The Walking Dead era de dar aos telespectadores uma noção dos primeiros dias do apocalipse zumbi. Em The Walking Dead já começamos com Rick Grimes acordando em um mundo devastado. Cidades grandes como Atlanta já haviam caído. No spinoff nós deveríamos estar vendo os estágios desta destruição.
E de fato foi assim que Fear The Walking Dead começou. Vimos vários incidentes estranhos, protestos, policiais agindo de forma estranha e uma súbita convulção social. Mas de repente tudo isso foi descartado. Os militares deram as caras e do nada caímos em um estado de isolamento, sem saber o que estava acontecendo pelo mundo.
Não foi isso que prometeram. Este isolamento é uma boa premissa para a próxima temporada, mas para os primeiros episódios seria muito mais interessante ver uma queda gradual da civilização e os personagens lutando pela sobrevivência. Há inúmeros cenários a serem explorados, como buscas por mantimentos nos centros urbanos cada vez mais perigosos ou a fuga para o deserto sendo impedida pelo engarrafamento nas vias principais.
Considerando o que Madison viu ao se aventurar além do isolamento, talvez já seja tarde demais para contornar este problema. A menos que a série descarte todos estes personagens e comece em uma nova cidade, no início do apocalipse a cada temporada. Afinal, não estamos muito apegados a eles, o que nos leva ao segundo problema.
2 – Os principais personagens são chatos e idiotas
De vez em quando os personagens em The Walking Dead fazem alguma coisa estúpida, mas em Fear The Walking Dead esta parece ser a regra. Fora Daniel Salazar, não há muitos personagens que mereçam sobreviver. Madison e Travis vacilam tanto que a melhor explicação para estarem vivos é o protagonismo. Na verdade, a família Salazar está se mostrando mais interessante que os Manawa e os Clark.
Há um problema adicional aqui. Já sabemos que o apocalipse zumbi está chegando e como os mortos-vivos funcionam, mas os personagens não sabem. A premissa é interessante, mas funcionaria melhor se houvesse situações onde nos perguntamos “o que faríamos agora” e não viria uma resposta imediata. Bons dramas significam escolhas difíceis, dilemas morais e por aí vai. Mas o que nos é mostrado são simplesmente os personagens agindo de forma ridícula conforme o mundo sucumbe, e como estamos bem habituados ao contexto dos zumbis, acaba sendo bizarro ver tais reações, dificultando o desenvolvimento de uma simpatia.
3 – Há muita enrolação, mesmo para uma série de ritmo lento
Nem todo minuto conta em Fear The Walking Dead. Várias cenas são desperdiçadas em diálogos soltos ou drama forçado. É por isso que os episódios parecem lentos, mesmo tendo grandes reviravoltas. Há muitas cenas que parecem apenas fillers, mesmo em uma temporada de apenas seis episódios.
Por exemplo, no quinto episódio os melhores momentos foram as revelações de Daniel e o misterioso novo personagem que apareceu na introdução. Por outro lado, os momentos familiares entre Madison e seus filhos ou entre Travis e Chris parecem terrivelmente forçados. Até mesmo quando a cena de Alicia e Chris brincando e destruindo a casa do vizinho foi melhor que boa parte das interações familiares até então.
Contudo, talvez as coisas melhorem conforme a situação vai piorando. A incapacidade de Travis de atirar em um infectado foi um bom momento de tensão.
4 – Não há muito medo
The Walking Dead teve seus momentos assustadores, mas na maior parte das vezes o que é visto são lutas pela sobrevivência, de Rick contra o resto do mundo. Há bons sustos, mas de forma geral a série se limita à ação e à exposição de tripas.
Por ontro lado, o nome da nova série é Fear The Walking Dead. “Fear” significa medo, algo que poderia ser melhor explorado e seria uma ótima forma de se distanciar do conceito da série original (o que é exatamente o que os produtores queriam).
Por que não uma série que resgatasse o horror tradicional, com uma crescente sensação de desespero? Até houve momentos assim, como a igreja dos drogados ou o jardim-labirinto da vizinha. Infelizmente nenhum deles foi muito bem utilizado, limitando-se a apenas uma ou duas cenas e então seguindo em frente. O medo não pode ser assim, ele deve perdurar. Até mesmo o vizinho zumbi indo atrás da mulher do outro lado da rua (que tinha uma filha pequena) poderia ser desenvolvido em uma episódio bem assustador.
Talvez se Fear The Walking Dead fosse realmente assustador, a estupidez dos personagens poderia ser ignorada.
5 – Quando The Walking Dead voltar, o abismo entre as duas séries vai ficar ainda mais aparente
Comparações são inevitáveis (principalmente quando o nome das duas séries é quase idêntico). The Walking Dead tem seus problemas, mas qual dos dois você escolheria para assistir no domingo? Rick, Glenn, Morgan e Michonne ou Travis, Madison, Liza e Chris?
The Walking Dead já nos mostrou violência extrema, como hordas de zumbis, canibais, líderes loucos e a estranhamente pacífica Alexandria. Os sobreviventes já passaram por conflitos insanos, mal escaparam de várias situações de vida e morte e estão à beira da insanidade.
A menos que Fear The Walking Dead mostre um tipo bem diferente de drama dos personagens, não chegará aos pés da original. E a comparação e competição são necessárias, pois Fear não pode viver na sombra da série principal ou sendo constantemente rebaixada.
E isso não significa que precisa ser tão bom quanto seu original. Better Call Saul é um spinoff que não é tão bom quanto seu original, Breaking Bad. Mas nunca é rebaixado quando comparado. É uma série que tem seus próprios méritos, com bons roteiros, atuação, personagens e história. Tudo entretem, sem ser melhor nem ficar à sombra do original, apenas existindo em paralelo.
Infelizmente Fear The Walking Dead não chegou neste nível. Está tentando abertamente ser mais do mesmo, com personagens menos interessantes e uma história mais entediante.
Como consertar isso? Difícil na altura do campeonato, com a primeira temporada prestes a encerrar e tendo sua premissa se perdido ao longo do processo. O que temos agora parece ser apenas mais uma história pós-apocalíptica. Alguns dos personagens sobrevivem e vão se transformando em um novo grupo de sobreviventes durões, que aos poucos vão se adaptando ao novo mundo. No fundo que difere é apenas o local.
Fonte: Forbes