Se você acompanha as resenhas The Walking Dead Brasil, então já deve estar ciente que por aqui frequentemente são levantados diversos pontos negativos sobre a série derivada, Fear The Walking Dead.
Ao longo de três temporadas, Fear The Walking Dead sofreu com histórias desgastantes, promessas frustradas (não vimos quase nada do início do apocalipse) e personagens pouco cativantes.
A situação de Fear começou a mudar meses atrás, com a exibição da segunda parte da 3ª temporada, que atraiu muitos elogios e avisos de que estaria consideravelmente melhor. E mesmo com esperanças de que a 4ª temporada faria um bom trabalho, já que conta com o crossover de Morgan Jones, a série superou as expectativas.
Em busca de sentido
O mais interessante no começo da 4ª temporada de Fear The Walking Dead é que parece outra série, pois a princípio não há Madison, Nick ou Strand. Ao invés disso vemos a jornada de Morgan Jones logo após a conclusão da Guerra Total contra Negan e os Salvadores.
Temos aí um spoiler inevitável – Morgan sobrevive à guerra. E como já vimos, ele está totalmente sem rumo. Após perder tanto, sua angústia é tamanha que ele simplesmente vai embora, saindo de Virgínia e seguindo até o Texas (!!!), “andando, correndo e dirigindo”, em suas próprias palavras.
Portanto, o que a premiere da 4ª temporada de Fear nos apresenta é essa jornada de Morgan. Ele não é introduzido na série como um coadjuvante, mas sim o protagonista.
Personagens com motivações inéditas
Enquanto The Walking Dead tem sofrido seriamente com repetição de tramas e dificuldade de desenvolvimento de personagens, Fear The Walking Dead se reinventa, apresentando dois novos sobreviventes que abordam perspectivas ainda não exploradas no universo de Robert Kirkman.
Suas atitudes inicialmente parecem arriscadas, fora de propósito e supérfluas em um mundo onde o que importa é tentar sobreviver por mais um dia, mas basta um pouco de reflexão para entender por que eles agem assim.
Eles não apenas são interessantes individualmente, como as interações que proporcionam são divertidas desde a primeira troca de palavras. Há todo aquele clima de “não quero me unir a você, mas preciso por enquanto”.
Você não precisa assistir às temporadas anteriores para entender
Por fim, se você não conhece Fear The Walking Dead, se nunca viu nenhum episódio ou se parou pela metade, não se preocupe em correr para maratonar os episódios anteriores. Esta 4ª temporada é praticamente um reboot da série e Scott Gimple, o ex-shorunner de The Walking Dead, já deixou isso claro.
Com uma direção e roteiro competentes e a atuação impecável de Lennie James, além da adição de dois novos personagens com histórias e motivações muito interessantes, este primeiro episódio de Fear The Walking Dead teminou com um belo cliffhanger e elevou muito as expectativas para uma temporada instigante.
A 4ª temporada de Fear The Walking Dead resgata tudo o que mais gostamos na franquia. Ótimos personagens com traumas e motivações realmente interessantes, em situações inéditas. Claro, os zumbis estão lá, como sempre, e estão bem dosados em meio ao drama dos sobreviventes. E há alguns problemas de sempre (só tem mato!!), mas definitivamente é o The Walking Dead raiz que há muito não víamos.
Nota: 9.0