A jornada de acompanhar os núcleos após a tempestade segue firme, e dessa vez June e Althea são as documentadas. Porém, temos um episódio ainda mais dinâmico, pois vai abrangendo paralelamente o núcleo de Morgan com os novos sobreviventes.
Tivemos um episódio bem construído, redondo e fechado, o que vem marcando essa segunda metade da temporada, e funcionaria mais uma vez muito bem, se não fossem as pequenas mas irritantes falhas e a preguiça com que a roteirista Kalinda Vazquez nos apresentou.
Abrimos com June assistindo na câmera de Althea o depoimento de John Dorie, que a jornalista colheu lá no longínquo What’s Your Story com uma Premiere brilhante que arrancou suspiros.
June está cada vez mais conformada que gosta de John e parece estar querendo se entregar para ele justamente agora que estão separados em decorrência da tempestade. Como ele na época da gravação, agora é ela quem busca encontrá-lo a qualquer custo, mesmo que sua fé esteja um tanto quanto abalada.
June e Althea estão isoladas em um ponto cego de uma estrada, que vai do nada para lugar nenhum em qualquer direção, com o combustível completamente esgotado para o furgão envenenado.
Os dias vão passando, a água e os alimentos se esgotam e só resta, com muita relutância de Althea, abandonar o veículo e partir em busca de algum sinal de rádio que June acredita ter escutado, na esperança de acharem uma alma caridosa. Alguns quilômetros dali Morgan segue parado na estrada tentando fazer contato com seus amigos que ficaram no Texas por meio de rádio.
Basicamente vamos acompanhando como os quilômetros que separam June e Althea de Morgan vão se estreitando conforme provações vão sendo superadas. Em dado momento, o Furgão da jornalista é furtado, cabendo a June a improvável missão de recuperá-lo, com apelos de Althea que lá haviam antibióticos, uma vez que a proprietária do veiculo contraiu alguma enfermidade aparentemente causada pela água. Nessa retomada do furgão June encontra o raptor que em muito lhe faz lembrar seus fantasmas Laura e Naomi.
Com a retomada do Furgão, Althea revela que não existia qualquer antibiótico e que ela havia mentido porque só assim June iria tentar recuperá-lo. Após uma discussão das duas por conta dessa mentira, o rádio emite um novo som e June reconhece a voz de Morgan, anota suas coordenadas e parte em seu encontro.
A trama narrativa desse episódio é pequena, mas muito bem dirigida por Colman Domingo. Sim o Victor Strand, é quem assina a condução do episódio, e para sua estreia se saiu muito bem. Dentro do roteiro que lhe foi passado soube deixar a narrativa mais interessante, conduzindo bem os sentimentos dos personagens, aumentando assim a carga dramática de um episódio que tinha tudo para ser ainda menor. Saliento que a trama apesar de curta, não é ruim, ela é densa dentro dos seus limites e um tanto quanto intimista, fazendo referencias até mesmo a Rick Grimes.
Considero apenas 3 cenas grandes/marcantes desse episódio. A primeira é o monólogo de June conversando sozinha com John pelo rádio, dizendo que o encontrá de qualquer maneira. A segunda é Morgan relembrando com nostalgia que Rick havia tentando durante meses fazer contato consigo por meio de um rádio lá nas remotas temporadas 1 e 2 da série-mãe. A última cena é a que deixa todas para trás, e que assim como no último episódio, a mesma personagem toma conta da tela no pré-créditos e descarrega um clima sombrio à trama.
A mulher estranha que está perseguindo nossos sobreviventes dá as caras novamente, com direito a uma execução assustadora e a tomada do furgão de Althea para si. Os mistérios que a envolvem cada vez aumentam mais e com certeza os Abutres são nada perto dela.
A forma com que essa possível vilã vem sendo construída é irreverente. Ela é solitária, age nas sombras, mas consegue exalar uma sensação de perigo e maldade poderosíssima. No final, Al e June finalmente encontram Morgan e agora partem em busca dos demais sobreviventes que seguem espalhados depois da devastadora tempestade.
O tom desse episódio é agradável, ele tem tensão, pinceladas de ação e uma construção narrativa com início, meio e fim, mas interessantemente é morno. A preguiça com que o roteiro se utiliza para viabilizar a trama acaba deixando o episódio tão fraco quanto seu nome, Weak, em meio a uma temporada de nível tão alto, por conta das pequenas falhas que são de roteiro e não de direção (Colman e os atores fizeram o seu melhor). Uma vez a chave ser deixada na inguinação a gente até perdoa, mas duas vezes é absurdo, beirando o desrespeito com o espectador.
Nota: 6,0