Minhas expectativas se confirmaram, o episódio anterior serviu de trampolim para a reta final da temporada e o salto foi alto, esperemos que o mergulho seja perfeito e certeiro. Mas enquanto damos o pulo, vamos analisar a subida que o ultimo episódio alçou.
Temos um prologo brilhante, onde enfim nos é revelado, mesmo que brevemente, a origem da vilã-sem-nome, que por sinal tem nome e é Martha. Simplesmente arrebatadora a atuação da atriz Tonya Pinkins mostrando em menos de 15 minutos como um personagem pode se transforar em algo tão amargo e doentio.
Martha simplesmente não gosta que os seres humanos ajudem uns aos outros, pois quando ela mais precisou, ninguém estendeu uma mão amiga. Mesmo que rápida, sua introdução teve profundidade, explicou porque ela está em modo clear, e sinceramente, o redator que vos escreve espera que ela não seja descartada até a season finale, pois dedicar um terço de um episódio à origem de um personagem para expurga-lo logo ali na frente não tem sentido. Morgan precisa ajudá-la a se curar e espero que vejamos mais disso na próxima temporada.
Superado o prólogo, vamos ao clímax de onde havíamos parado exatamente no episódio anterior.
Momo (o apelido carinhoso que Sarah deu à Morgan) e seus rebentos estão dentro do caminhão que foi alvejado por Martha. Depois do ataque todos saem ilesos do veículo e tentam uma aproximação com o furgão da Althea onde sua algoz se esconde. O desenrolar dessa situação e o restante do episódio não será minuciosamente descrito neste artigo, farei uma análise mais opinativa e geral de pontos que foram levantados nesse episódio.
Wendell acaba por salvar todos das garras da vilã que quase matou June antes da hora, usando como arma o Quinn zumbificado, o que seria uma perda imensurável para Dorie, que segue ilhado com o crocodilo.
Resolvida esse situação e com Martha em fuga (atingida por um balaço no peito), os sobreviventes encontram outros problemas como a horda de zumbis que foi atraída pelo som dos tiros e da explosão do caminhão que levou para o espaço o maquinário artesanal do nosso mestre cervejeiro Jim, e como se isso não fosse o suficiente, Wendell teve sua cadeira de rodas quebrada, tendo que ser carregado por seus companheiros.
Com o caos posto, todos enxergam no seu novo líder a esperança da tomada de uma divina providencia que salve todos das mazelas que lhes rodeia. Morgan assume, agora um pouco mais contrariado, o papel de guia dos sobreviventes e leva todos para um hospital numa cidade próxima, enquanto a horda de zumbis está no seu encalço.
Jim a todo momento desafia Morgan, cobrando dele atitudes e planos para salvar todo o grupo. E num ímpeto de ironia, que ao meu ver pode perturbar Morgan e deixa-lo isolado de todos novamente, Jim acabou por ser mordido, fazendo com que Morgan sinta-se culpado por não ter impedido tamanha fatalidade.
Por outro lado vemos a humanização de Althea, que arrisca a pele em nome do coletivo, para colocar o plano de Morgam em prática e ativar os geradores do Hospital para que todos subam até o terraço do prédio. June está cada vez mais comprometida com o todo, e parece não ser mais a velha Laura ou a recente Naomi – talvez a ratazana covarde e traumatizada que vivia dentro de si foi embora. Quem sabe agora ela se entrega ao Cowboy mais romântico da televisão. É notório em meio a tudo isso, como o grupo vem se dando bem, com química e dinamismo, mostrando que o potencial para a próxima temporada está no bico da agulha.
Não menos relevante que tudo isso, do outro lado e cada vez mais ditante do grupo principal, temos Alicia e Charlie, em uma megalomaníaca empreitada rumo ao litoral. Alicia quer levar Charlie para conhecer a praia, se agarrando nisso como se fosse sua tábua de salvação tendo em vista tamanha falta de motivação que lhe acomete.
Mas Charlie não está interessada nessa viagem, ela prefere encontrar Morgan e os outros. Enquanto se afastam cada vez mais do Hospital onde todos estão encurralados, Charlie na beira de um alagamento encontra o chapéu de John Dorie, que ele havia perdido na desastrosa fuga do crocodilo no episódio anterior, e sem o menor espanto ela avista Strand do outro lado da margem. Mesmo que isso não seja mostrado, ficou evidente.
Já estava mais do que na hora dessa dupla se reencontrar e juntos exibirem o legado que um dia a Família Clark, guiada pela matriarca Madison, deixou. Eles são a nossa única conexão com a primeira temporada e com as raízes dessa série depois de inúmeras e ousadas mudanças.
FEAR começou a traçar um novo rumo nessa segunda metade da quarta temporada a partir do episódio 13. Dos episódio 9 ao 12 ela manteve um estilo narrativo do qual se despediu sem olhar para trás. O dinamismo, tensão e novidade ocuparam a tela depois disso. Não estou falando aqui que o começo dessa segunda matade tenha sido ruim, apenas estou mostrando como o tom narrativo mudou e que os efeitos estão sendo benéficos e certeiros.
O tabuleiro está formado, porém muitas peças seguem desconhecidas. Como o grupo vai escapar do telhado do prédio? Althea sobreviveu? Alicia e Charlie vão ajudar Strand e Dorie a saírem da ilha? Martha vai resistir ao tiro de Wendell e dar ainda mais trabalho aos sobreviventes?
Temos apenas mais dois episódios para descobrirmos as repostas de todos esses enigmas e confesso que bate uma tristeza só de pensar que os 16 episódios já estão chegando ao fim. Passou tão rápido que só corrobora tamanha qualidade dessa série. Agora resta esperar para ver se esse salto que foi alçado do trampolim termine bem e não com um tombo desastroso e fora do alvo. Mas por hora o nível vem sendo mantido na reta final.
Nota: 9,0