Depois de uma longa espera, a quinta temporada de FEAR The Walking Dead retornou em grande estilo. Tivemos um ligeiro salto temporal, que julgo ser de alguns meses, desde a última cena do desfecho da temporada anterior. O grupo segue, agora sob a liderança nitidamente alternada entre Morgan e Alicia, na nobre missão de ajudar os necessitados no mundo pós-apocalíptico.
Com uma cena de abertura bem executada, mostrando a queda de um avião pilotado por Althea, e tripulado pelos demais membros do grupo, somos inseridos na trama deste ano. Ainda no Texas, mas agora muito longe de sua base, o depósito/fábrica abandonado que escolheram como lar, o grupo se vê na missão de ajudar um tal de Logan.
O desespero e frustração do grupo em virtude dos últimos meses de sucessivos fracassos em ajudar outras pessoas é latente. A tentativa de ajudar o Logan é uma espécie de última cartada, o que mantém acesa a esperança do fracassado grupo em seguir seus objetivos de tornar o mundo melhor. E para frustração de todos, dessa vez não foi diferente.
Tudo não passou de uma armadilha criada propositalmente para afastar o grupo de sua base no intuito de tomá-la. O baque que acomete o grupo é desconcertante. O diálogo entre Alicia e Logan pelo rádio, quando este desvenda toda a sua maquiavélica trama é louvável. Mostrando que a fruta não cai longe do pé, Alicia teve um rompante no melhor estilo Madison, e reverbera seu desejo de vingança e ameaças para o novo vilão.
Falando em Madison, sua chama continua queimando no coração do grupo, que vê essa missão de ajudar as pessoas como uma extensão do que a matriarca começou lá no longínquo Diamond, com direito a citação de seu nome. Interessante destacar como essa atitude altruísta e filantrópica do grupo é convincente, ainda mais quando Morgan explica e relembra Alicia o porquê deles embarcarem nessa jornada.
Outro personagem que não perdeu em nada o seu tom é John Dorie, em mais um diálogo memorável com June, sobre a sua vontade ingênua e sincera de ajudar as pessoas. É tocante e nos faz refletir: “como pode um cara desses existir”?
Já Luciana, que com a queda o avião teve uma barra de ferro atravessada em seu peito, mesmo grunhindo e gemendo nas poucas vezes que deu as caras, continua mostrando o quão descartável é, e sinceramente espero que sua hora tenha chegado.
Enquanto isso, na base do grupo, no outro lado do Texas, Strand permaneceu em guarnição com Sarah, Wendel e Charlie. E é lá que Logan age, expulsando o grupo do local e o tomando para si.
Após a queda do avião, Althea contatou Strand e lhe incumbiu a missão de assistir a uma de suas fitas de gravação específica, pedindo que ele fosse até um determinado homem pegar outro avião, para que então ele seguisse em socorro do grupo. O dono do avião, inesperadamente, é Daniel Salazar, o algoz de Victor.
Agora Strand tem como preocupação retomar a base do grupo, mas antes tem o revés de ir justamente na direção de seu maior inimigo, e ainda por cima lhe pedir um favor. Confesso que esse encontro pode ser um dos pontos mais altos dessa temporada. A química em cena de Victor e Daniel sempre foi algo que deu certo no decorrer da série, desde a primeira temporada, e os roteiristas parecem ter acertado em cheio em trazer de volta essa trama, após tanta coisa original já ter sido descartada.
Apontei no início da texto que a liderança claramente se divide entre Morgan e Alicia, e creio que seja proposital. Os roteiristas, talvez após as consequências da temporada anterior, não queiram acabar com o Núcleo Clark definitivamente.
Alicia se mantém bastante tempo em cena e em determinado momento, assume totalmente a liderança para si. Morgan é mais conselheiro, aquele líder mais centrado e que age com a razão. Alicia é o oposto, lidera com o fígado e cheia de vigor.
No fim, um acaba sendo o freio e complemento do outro, e espero que mantenham essa alternância de liderança que parece ter tudo para dar certo, não nos deixando à deriva aos momentos mornos e de loucura do Morgan, que tanto já judiou da audiência.
Não completamente despercebida, a fotografia segue no tom frio da temporada anterior, mas com uma leve suavizada, um ligeiro alívio no tom cinza e azulado, que de fato me agradou. A direção foi impecável, conseguindo filmar de forma inteligente e organizada um avião em pedaços com tripulantes dentro. Já o roteiro, mantém-se como ponto mais forte de Fear desde a quarta temporada.
Muito orgânica, dinâmica e coesa, começando bem uma temporada, apresentando uma trama interessante e encerrando com um bom gancho, a Premiere da quinta temporada de Fear The Walking Dead já começa numa pegada muito melhor que a segunda metade da temporada anterior conseguiu compor, com uma narrativa que parece ter um excelente potencial, além de um novo vilão que tem uma proposta muito irreverente e interessante.
Já estou ansioso pela semana seguinte, e a saudade de vocês, caros leitores, já estava batendo forte.
Nota: 9