Fear The Walking Dead é a nova série da franquia, e o showrunner Dave Erickson fala que se trata de uma “história paralela e não uma sequência”, e que ainda não irá revelar a causa do apocalipse zumbi. Além disso, ele também responde a mais perguntas a respeito do drama que estreia no verão norte americano.
O drama, descrito como “paralelo” a série original (The Walking Dead), que é atualmente a número um de audiência entre o público com 18 – 49 anos, dará ao canal AMC ainda mais conteúdo relacionado a zumbis. É também uma maneira criativa que Robert Kirkman encontrou para contar uma nova história (que se passará em Los Angeles), e que preencherá os espaços em brancos deixados nos primeiros dias do apocalipse.
Fear the Walking Dead começará no início de um surto gripal e acompanhará uma única família — interpretada por Cliff Curtis, Kim Dickens, Frank Dillane e Alycia Debnam Carey — tentando sobreviver e se manterem juntos em meio a uma onda de terror diferente de qualquer outra, ao mesmo tempo em que enfrentam os problemas comuns de qualquer família.
Nesta entrevista, Dave Erickson responde e explica o porquê de Fear the Walking Dead não ser um prequel, os rumores do retorno do Dr. Jenner e se qualquer outro personagem — do passado ou presente — irá fazer um crossover na série.
A AMC já afirmou que Fear the Walking Dead não é um prequel de The Walking Dead. Então o que é?
Nós estamos cobrindo o período em que Rick (Andrew Lincoln) esteve em coma na 1ª temporada. Nós vamos ver e experimentar as coisas que ele perdeu. É mais uma história paralela do que um prequel; imagine a abertura onde Rick leva um tiro e entra em coma — aquele dia, provavelmente, foi bem próximo ao nosso primeiro dia.
Nós estávamos jogando fora a ideia do que estava acontecendo no país e no mundo até ele acordar, andar para fora e ser recebido com um apocalipse. É por isso que “paralela” é a frase que está sendo usada. Não é um a prequel como Better Call Saul, onde estamos voltando seis, sete anos em Breaking Bad. Na verdade está muito próximo do piloto da série original. “Prequel” não é a palavra certa.
Kirkman afirmou que a origem do apocalipse é algo que ele nunca revelará nos quadrinhos ou na série principal. Isso se aplicará aqui também?
Eu tinha algumas questões relacionadas a isso também no início, mas Robert logo me silenciou. Para ele, nunca foi sobre o que causou isso; sempre foi sobre o impacto nas pessoas. Robert sempre disse isso — e é nisso que tentamos nos focar em Fear the Walking Dead. Estamos começando um pouco mais cedo este ano e temos muitas coisas para mostrar sobre o apocalipse que a 1º temporada de The Walking Dead não mostrou.
Por exemplo, teremos a oportunidade de mostrar os problemas familiares no meio do holocausto inicial. Temos uma família disfuncional, uma família bem misturada, e que enfrenta alguns problemas que enfrentariam mesmo se o apocalipse não tivesse começado, esses são os problemas que estamos explorando. A narrativa principal aqui segue os conflitos dentro da dinâmica familiar e como eles são exacerbados com a chegada do apocalipse.
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Nós estamos tentando mostrar os primeiros distúrbios e tumultos civis, quando de repente esbarramos em algo que é totalmente natural. Trata-se de uma família: Travis (Curtis) que acabou de se mudar com sua namorada Madison (Dickens) após se casarem. Ela tem dois filhos, sendo que um deles tem alguns problemas. Travis tem um filho adolescente muito irritado e uma ex-esposa.
Você está falando sobre duas pessoas que, com o desenrolar da história, tudo que eles querem é trazer sua família para de baixo do mesmo teto e fazer com que todos fiquem juntos. A ironia é que a única coisa que permite isso é o fim do mundo. Todas as questões que estabelecemos, na minha cabeça são elas que irão ser concretizadas nas próximas 3, 4, 5 e 6 temporadas. Está 1º temporada forja uma interessante introdução a este mundo. É muito mais sobre o “tubarão” que vocês não viram na 1º temporada de The Walking Dead.
Definitivamente haverá zumbis — mas será sobre pessoas tentando processar o que está acontecendo e não compreendendo nada do apocalipse de início. As pessoas estarão passando por um processo, onde aqueles amigos ou colegas que tinham e tomavam café todos os dias, agora estão tendo matá-los. E seus primeiros pensamentos serão, “Eles estão doentes, eles têm alguma coisa”. Será preciso um tempo para as pessoas realmente entenderem o que está acontecendo.
Há uma referência em um dos primeiros roteiros do episódio piloto sobre o Dr. Candace Jenner — e a cobaia n° 19 da série principal. Existe a possibilidade de Claire Bronson retornar? Poderia Edwin Jenner (Noah Emmerich) — o homem que disse a Rick que todos já estavam infectados — aparecer? Kirkman disse que os episódios no CDC na 1º temporada estão entre seus maiores arrependimentos.
Eu não vou dizer que nunca faremos isso, mas como foi roteirizado originalmente, isso foi uma maneira de escrever algo relacional e conjuntivo para os fãs. Robert claramente disse que prefere evitar a perspectiva do CDC (Centro de Controle de Doenças) e a perspectiva do FEMA (Agência Federal de Gerenciamento de Emergências) pelo menos por enquanto.
É algo que eu concordo; nós não iremos contar a história na perspectiva dos burocratas, políticos e generais que estão todos tentando conter o surto. Vamos ver a perspectiva daqueles que estão mais abaixo e vamos subindo aos poucos. Eu diria que há algo muito mais assustador e bonito a respeito do vizinho ao lado e sobre as pessoas que acham que entendem o apocalipse. É realmente assustador.
Haverá a oportunidade de vermos os personagens da série principal, talvez aqueles que já morreram? Para os fãs mais fanáticos, perder a Andrea [a Andrea da série, não a dos quadrinhos] foi algo chocante.
Nisso eu nunca pensei. Variações dessa pergunta vieram antes, e não há nenhum plano atual. Eu acho que logisticamente falando, seria muito difícil. Não há nenhum plano para um crossover. Eu nunca considerei isso de nenhuma forma; a série vem acontecendo há cinco anos desde o início do apocalipse e nós estamos apenas no começo [do apocalipse]. Então não há planos para isso, mas eu acho que esse é um mundo que poderia ser explorado em algum ponto.
Não há planos para que eles se unam, mas eu vou dizer uma coisa: Estamos vivendo sob o mesmo guarda-chuva mitológico. Nós estamos contando, ultimamente, duas partes da história neste grande mundo que Robert criou. Do ponto de vista de um contador de histórias, eu gosto da ideia de juntar as tramas; eu gosto de coisas acontecendo juntas (ao mesmo tempo, simultaneamente). Mas se isso viesse a acontecer, seria para as temporadas que estão por vir, e não há nenhum plano atual a respeito. Mas eu acho que há algo atraente e interessante sobre isso.
Em qual situação se encontrará L.A. quando a série começar e como estará ao final dos seis primeiros episódios?
O objetivo da 1º temporada é claramente abranger o que aconteceu nas quatro ou cinco semanas que Rick Grimes ficou em coma. Quando ele acorda e sai do hospital, está tudo acabado; o mundo chegou ao fim. Nós não vamos exatamente fechar nesse ponto. Temos a intenção de manter nossos personagens — ou núcleo familiar — sem saber o que está acontecendo além de Los Angeles. Neste momento o foco será mais no leste da cidade. É onde vive a classe trabalhadora, é próximo ao centro. Nós não estamos focados nos pontos de referência em L.A.
Eu acho que há mais oportunidades para fazê-lo mais tarde nesta temporada. O objetivo é mostrar um lado mais vibrante desta cidade. Toda vez que mostrarmos uma parte da cidade, é o momento para o público saber que há milhões de pessoas ali, e que todas elas estão prestes a enfrentar algo horrível e muitas delas logo irão morrer. Eu não diria que terminaremos a temporada no exato momento em que Rick acorda, mas vai ser nesse mesmo período. As coisas vão ter ficado muito ruins no final da 1º temporada.
Um dos grandes pontos da série principal é que ela explora a humanidade e quem os personagens são no final das contas. O que você diria do tema central de Fear the Walking Dead?
Para nós, é uma das razões de Los Angeles ser tão importante. É muito mais a respeito de identidade e reinvenção. A questão sobre a Califórnia, ou especificamente L.A., é que é um lugar aonde muitas pessoas — além dos nativos — vão para recomeçar, se reinventar ou enterrar o que está em seus passados. Muitos dos nossos personagens, como nós descobriremos, passaram por coisas muito desagradáveis — histórias que eles tentam esquecer. Com o início do apocalipse, eles terão que fazer escolhas que podem levá-los a explorar, o lado mais sombrio dessas coisas que eles tentam se distanciar para sobreviver.
Eles também acabam voltando ao cotidiano. Em uma família misturada, você também está lidando com pessoas que já foram casadas e perderam entes queridos; que já foram casadas e se divorciaram; e eles estão passando por suas próprias mudanças de identidade quando nós os conheceremos. Então, quando tudo fica complicado, você é forçado a mudar, se adaptar e se tornar a coisa que você odiava. Em certo ponto fazer a coisa certa se torna absolutamente à coisa errada. Nós vamos começar com alguns relacionamentos, especificamente com o de Travis e Madison — que é bonito, tudo parece estar em perfeita harmonia e eles parecem estar realmente apaixonados — com o decorrer da 1º temporada vamos colocar isso à prova.
The Walking Dead não tem medo de matar personagens chave quando ajuda na história. Fear the Walking Dead também será assim? Vocês matarão tantos personagens quanto à série principal matou?
Eu não quero ser tão específico em termos de contagens de corpos. Qualquer um pode morrer a qualquer momento; pode acontecer com qualquer um. Ninguém está a salvo, mas eu também tenho alguns arcos específicos em minha mente que irão provavelmente proteger certas pessoas. Eu trabalhei em Sons of Anarchy e às vezes você tem que matar seus queridinhos. Quando você vai matar um personagem principal, você precisa ter planejado isso. Há certas mortes em minha mente, que não iriam acontecer até a série estar bem adiantada, mas com o processo e com o andar das coisas fica difícil dizer.
Em relação à duração de Fear the Walking Dead, qual é o objetivo de vocês a longo prazo? Vocês conseguem ver a série tendo cinco, seis ou sete temporadas?
Cerca de cinco ou seis temporadas. Quanto mais cavamos, mais encontramos. Baseando no material que Robert já criou para os quadrinhos, a série principal tem ao menos algumas temporadas adiante, e isso serve como um guia. Eu gosto de finais, e — eu não discuti isso com Robert, mas eu acho que é mais uma questão para ser discutida quando começarmos a idealizar a 2º temporada — em Sons of Anarchy, Kurt Sutter tinha um número certo em sua mente. Ele sabia que havia um certo número de temporadas que lhe caía bem. Eu não tenho um número específico de temporadas em minha mente no momento. Eu acho que o fardo em certo ponto, quando você cruza a marca de 10 anos, pode ser bastante desafiador.
Se a 1º temporada se aproximar do momento em que Rick acorda e vê que o mundo acabou, o quão diferente Fear the Walking Dead será da série principal? Não será mais do mesmo — apenas em uma cidade diferente, assim como NCIS vs. NCIS: Los Angeles?
Não, esse é um dos grandes desafios da série. Idealmente, o que eu quero fazer é encontrar algo para cada temporada que ofereça um tema próprio e uma estrutura própria; cada temporada é uma história.
Teremos um grande vilão, como o Governador (David Morrissey)?
Não. Funcionou muito bem em The Walking Dead, Sons of Anarchy foi bem parecido, onde nós introduzimos um novo vilão a cada temporada e isso se tornou o tema principal. O que é interessante para mim é incorporar um personagem e criar mais da dinâmica Rick e Shane (Jon Bernthal). É onde eu encontrei o problema mais interessante e também encontrei coisas mais atraentes.
O padrão que nós não queremos fazer é chegar a um novo local seguro e então ficar dependente dele. Funcionou muito bem nos quadrinhos — e sempre haverá o elemento sobrevivência — mas nós temos algumas ideias que nos darão, em termos de locação e estrutura, uma oportunidade de fazer um filme de uma temporada. A ideia é incorporar e deixar o drama o mais específico que pudermos. O que queremos evitar é parecer que copiamos da série principal ou de outro lugar. Nós temos ideias para vilões, mas será algo que surgirá de dentro para fora, ao invés de termos um vilão externo por temporada que chega e agita as coisas.
Vocês pretendem ficar com temporadas de 6 episódios ou seguir o que foi feito na série principal e alterar esse número para 13 e depois 16?
Eu imagino que a AMC tem um plano específico quanto a isso. Eu acho que 13 é um número ótimo; 15, 16, é realmente uma questão de sentarmos e termos certeza de não estar criando histórias apenas por criar; que somos capazes de criar algo bom, convincente. Eu acho que é seguro dizer, que se as coisas correrem bem, eles provavelmente irão querer mais e não menos, mas eu não tenho certeza de quantos episódios serão.
Fear the Walking Dead estreia no terceiro trimestre de 2015, ainda sem data específica anunciada.
Fonte: Hollywood Reporter