Robert Kirkman comenta ‘Judge, Jury, Executioner’

Walking dead 211 320Então é “Descanse em paz, Dale”, não é?
É mesmo.

Você poderia dizer algumas palavras sobre o falecido?
Acho que é uma morte monumental para a série. O personagem Dale tem sido o coração e a alma do programa. Definitivamente ele era a bússola moral. Ele era o cara que, mais do que qualquer outro, avisava às pessoas para tomar cuidado com o modo como esse mundo te muda e monitorava até onde as pessoas eram capazes de ir para sobreviver. A perda dele vai significar muito para todos os personagens do programa e definitivamente vai representar um endurecimento nas atitudes daqui por diante. A morte dele significa muito.

A perda de Jeffrey DeMunn é de partir o coração. Ele realmente nos deu muito nessas últimas duas temporadas da série. Foi maravilhoso trabalhar com ele e conhecê-lo e ele é um cara incrível e nós definitivamente sentiremos falta dele.

Por que vocês decidiram matar Dale?
Tudo deságua para como isso afeta os outros personagens. Isso é o que mais pesa na decisão de matar um personagem: “Para onde isso nos leva?” Tendo um final incrível para o episódio e realmente mostrando ao espectador que esse é um mundo perigoso e que qualquer um pode morrer a qualquer minuto e ver o conflito de valores por causa disso é ótimo. Mas, no final das contas, é “como isso afeta os próximos seis episódios? Como isso afeta os próximos 10 episódios?” Essa é a verdadeira questão. Uma vez que começamos a trabalhar nisso na sala dos escritores e vendo como a morte de Dale afeta Shane e como a morte de Dale afeta Rick e Daryl e Lori e Andrea e todos os outros – foi isso o que nos ajudou a tomar essa decisão.

Em retrospecto, o episódio quase parece uma homenagem ao personagem, embora ele tenha falado mais do que qualquer outro personagem.
[Risos] E por acaso o Dale não é sempre assim? Ele tinha algumas importantes para dizer antes de partir. E o que ele disse vai pesar nas pessoas. Isso vai afetar bastante os próximos episódios. Ele estava dizendo, “Vamos pensar sobre a humanidade e como isso vai nos afetar se decidirmos matar esse garoto” e todos pareciam não ligar para isso. Era um clima meio “Cala a boca, Dale”.

Acho que a pergunta que não vai querer calar depois desse episódio será “O que aconteceu com o chapéu de Dale?”
Sabe, quando esse tipo de pergunta surge eu fico chateado. Porque eu penso em todas as coisas que eu poderia roubar do set. E o negócio que é a AMC não está nem aí. Norman Reedus recentemente fez uma brincadeira sobre ter roubado uma besta e o presidente da AMC escreveu para o Norman dizendo, “Você nos deve uma besta! Há!”. Ele não liga. Mas, que droga, pensando nisso, eu queria ter pegado aquele chapéu.

A cena em que Carl joga uma pedra no zumbi dá arrepios. Me fez lembrar que muitos serial killers torturavam animais quando eram crianças.
Bem, sim, vamos explorar algumas coisas sombrias. Carl é um dos personagens mais interessantes de se acompanhar nesse mundo. Tanto nos quadrinhos como na série. Com o passar do tempo, vamos começar a ver mais e mais desse garoto. O mais incrível sobre isso é pensar como seria crescer nesse mundo. Uma coisa é ter tudo o que você conhece arrancado de você e ter que lidar esse mundo cretino no qual você tem que viver agora. Mas quando você mal aprendeu o que o mundo é e como as coisas funcionam e o que você deve esperar e então é lançado numa ameaça apocalíptica para crescer e amadurecer com esses tipos de situações. Isso vai fazê-lo se tornar estranho conforme ele cresce, é isso o que eu posso dizer.

Cada vez que Shane faz algo errado eu penso, “Bem, isso confirma que ele é um cara mau.” Mas quando e episódio abriu com Norman Reedus torturando um cara que na verdade nem fez nada de errado eu só pensei, “Bem, Daryl só está fazendo o que deve ser feito…”
[Risos] Sim. O Daryl a gente perdoa. Nós queremos gostar dele. Enquanto isso Shane está fazendo tudo o que pode para proteger as pessoas e todos ficam, “Esse cara é um vilão!” É uma coisa engraçada.

Num certo momento, Rick disse a Lori que Shane não iria mais ser um problema o que mais uma vez me fez pensar que policialzinho fajuto ele deve ter sido antes do apocalipse.
[Risos] Bem, isso na verdade é uma coisa importante, não é só brincadeira. Ele [era] policial em uma pequena cidade. Ele não era um tira de Chicago, ele não era um tira de Nova York, ele não era um tira de Los Angeles. Ele não é um tira do tipo herói de filme de ação. Ele é só um cara que era policial numa cidade do interior. Ele não lidou com uma grande crise ou se envolveu em muitos tiroteios. Gosto de pensar que ele não é necessariamente o melhor tira do mundo. Mas ele é tudo o que essas pessoas têm.

Qual seria o seu voto na questão do Randall?
Ah, eu sou um manteiga derretida. Eu o manteria vivo.

O mago da maquiagem de efeito de The Walking Dead, Greg Nicotero, dirigiu esse episódio. Como é que foi?
Eu acho que ele fez um trabalho incrível. Essa é a primeira vez que ele dirigiu um episódio inteiro para a televisão. Ele fez alguns curtas e fez os webisodes no ano passado. Mas ele tomou a frente e realmente impressionou a todos. Ele escolheu enquadramentos lindos e conseguiu fazer um episódio ótimo. Ele sabe o que faz. Por anos esse cara tem trabalhado de perto com Robert Rodriguez e Quentin Tarantino e vários diretores famosos. Então eu acho que ele aprendeu um monte de truques e está ansioso para usá-los tanto quanto possível no futuro.

E é claro ele chegou a atuar no clássico  O Dia dos Mortos, de George A. Romero. Quando Dale estava sendo dilacerado pelo estômago eu meio que esperava ele começar a gritar “Estrangule eles!” como o Capitão Rhodes interpretado por Joseph Pilato fez em circunstâncias parecidas naquele filme.
[Risos] Nós vamos fazer uma referência a isso algum dia. Mas, sim, Nicotero faz uma aparição como um cara que cultiva maconha em uma das cenas do começo do filme.

Fonte: Entertainment Weekly
Tradução: Kelly Ribeiro


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Kelly Ribeiro
Kelly Ribeiro
Kelly Ribeiro é co-fundadora, editora-chefe, redatora e gerente de comunidades do Geekdama. Com formação em Comunicação Social e Cinema Digital, além de especializações em Marketing e Jornalismo Digital, Kelly supervisiona a produção de conteúdo do portal. Em 2022 foi uma das selecionadas no programa Aceleradora de Comunidades da Meta.

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