O canibalismo de Terminus é justificável?

ALERTA DE SPOILERS: Este texto contém informações do 1º episódio da 5ª temporada de The Walking Dead.

A season finale da 4ª Temporada de The Walking Dead correspondeu a altura às expectativas dos fãs, deixando o hype altíssimo para a estreia da 5ª Temporada. O primeiro episódio dessa nova temporada, intitulado como ‘’No Sanctuary’’, foi cheio de ação, com uma continuidade impressionante nesse quesito, literalmente brutal e intenso, como nos foi prometido.

Uma questão foi muito debatida após o final da 4ª Temporada:

Os habitantes de Terminus eram ou não canibais?

Esse fato acabou ficando pequeno diante do grandioso trailer que nos foi apresentado na Comic-Con 2014, com uma possível união entre Gareth e Rick. Mas de fato, sim, eles são canibais.

Esse primeiro episódio analisado de uma forma mais fria, mostra que Gareth e seu grupo queriam apenas sobreviver. Eis alguns pontos que não os isentam de seus atos, mas que de certa forma, dentro desse contexto de mundo caótico, onde todos querem apenas sobreviver, têm alguma lógica. Vale lembrar que Rick, Carol e outros membros do grupo também já tomaram decisões extremas quando acharam necessário. Tirando a empatia que temos com os protagonistas da série, a relação dos atos é quase a mesma.

No passado, Terminus era realmente um santuário

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Quando Carol e Mary se encontram, mais ou menos aos 30 minutos desse primeiro episódio, há um confronto físico entre as duas e após Carol ficar em vantagem, Mary desabafa:

As placas eram reais. Era um santuário. Pessoas vieram e tomaram esse lugar. E estupraram, mataram. E riram por semanas. Mas escapamos, lutamos e tomamos de volta. E entendemos o recado.

“You are the butcher or the cattle.”

Essa frase significa algo como: “Você é o açougueiro ou o gado”. Após abrir as portas de seu santuário e sentirem na pele a maldade do ser humano, eles optaram por caçar a serem caçados. Em um momento Carol fala:

Vocês atraem pessoas até aqui, tomam tudo delas e depois as matam? É isso que é esse lugar?

E Mary rebate dizendo:

Não, não no começo. Mas é o que precisava ser, e ainda estamos aqui.

Essa frase compila a ideia principal de Terminus.

Never Trust – We First Always

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“Nunca Confie. Nós Primeiro, Sempre.” Estas frases estavam escritas na parede no mesmo cenário onde Carol e Mary se confrontam. Na 4ª Temporada, Rick, Daryl, Michonne e Carl passam por essa mesma sala antes de serem capturados, porém naquele contexto essas frases não tinham muito nexo. Agora, sabendo da história por trás de Terminus, fazem todo o sentido.

Sim, Terminus te dava uma opção

Ou você se une a filosofia do local, ou você será morto para servir de alimento. Simples assim, sádico assim, mas não deixa de ser uma opção. Após a exibição do episódio na AMC, assisti ao Talking Dead e os produtores da série corroboraram essa minha percepção inicial.

A coisa funcionava mais ou menos da seguinte forma: Quem chegava em Terminus era bem recebido. Glenn e os demais foram bem recebidos quando chegaram, assim como Rick e seu grupo. Seriam alimentados, alojados e se ambientariam com o local. Depois de alguns dias vivendo essa rotina, Gareth falaria algo como:

Então, sabe essa carne que você comeu nos últimos dias? Bom, é carne humana. Você pode se unir a nós e ajudar a manter nosso santuário de acordo com nossas regras, ou…

Gareth, Mary e Alex não eram pessoas ruins

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Como eu disse, temos que analisar de forma fria esse episódio. Você cria um lugar onde as pessoas poderão ter segurança, abrigo e um novo começo, confia no ser humano e abre as portas de sua casa para poder ajudar outras pessoas.

Como ‘recompensa’ estupram sua mãe e matam pessoas do seu grupo. É isso que vimos no começo do episódio quando Alex e Gareth estão presos dentro de um container e no final do episódio quando Mary também é colocada lá. Com certeza isso te endurece, te torna frio, te faz pensar em apenas uma coisa como prioridade: sobreviver a qualquer custo. No começo do episódio Alex fala:

O que pensamos que iria acontecer? Nós os trouxemos para cá.

E Gareth rebate dizendo:

Estávamos tentando fazer algo bom. Estávamos sendo seres humanos.

Não posso afirmar, mas creio que a ideia do canibalismo não era uma das bases ideológicas do santuário, mas depois de você abrir a porta de sua casa para outras pessoas e ter pessoas mortas, estupradas e outras coisas do gênero, com certeza muitas ideologias caíram por terra.

 Não é nada pessoal

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“Quatro do bloco A… e quatro do bloco D.”

Outra percepção minha corroborada pelos produtores. Realmente não é nada pessoal, é apenas sobrevivência. Claro que é brutal a forma como os prisioneiros são abatidos, mas até dentro dessa brutalidade, há uma certa humanidade no ato, pois eles recebem um golpe fatal na cabeça com um taco de baseball para apagarem e depois tem suas gargantas cortadas. É bruto, claro, mas o foco não é a tortura.

E o que vocês acham sobre Terminus? Seus atos são de certa forma justificáveis? Vale lembrar que na prisão a Carol assassinou e carbonizou duas pessoas porque ela achou que aquilo seria o melhor para seu grupo. Podemos condenar Gareth e sua comunidade por fazer o que entendem ser melhor para eles?


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Fernando Floriano
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