O quarto episódio da sexta temporada de The Walking Dead foi um daqueles que te faz pensar, que faz com que você tire algo da série e leve para sua vida. Fala sobre o quanto ser você mesmo e aprender a viver frente às adversidades é algo importante, e explica como, afinal de contas, o Morgan volta para o convívio dos nossos amigos parecendo o Donatello das Tartarugas Ninja.
Em “Here’s not Here” temos um episódio que tinha tudo para ser horrível mas entregou uma história paralela de forma bonita, eficiente e profunda, usando uma ligação com o presente extremamente eficiente e demonstrando o quanto cada um de nós pode compreender as coisas de forma diferente e reagir de forma diferente em situações parecidas.
A principal capacidade demonstrada por Eastman, o mestre Splinter de nosso amigo, é a de compreender o quanto tudo ter acabado não precisa necessariamente afetá-lo, embora isso tenha uma profunda relação com tudo já ter acabado antes para ele.
De forma extremamente similar explicada por Nick, em um dos últimos episódios do Fear The Walking Dead, o fato de sua vida já estar destruída fez com ele aceitasse o fim da sociedade de forma mais natural. Na verdade, de forma quase sádica – ele disse que eram os outros que o estavam alcançando, em matéria de desgraça.
O que podemos tirar de conclusão, quando comparamos Nick, Eastman e Morgan?
No fim, está tudo dentro de você
Antes de falar de todas as diferenças entre estes três interessantes personagens, vamos elencar tudo que eles tem em comum.
Todos eles, definitivamente, foram jogados a uma situação de desumanização pelas consequências da vida. Cada um deles por um motivo, alguns totalmente desconhecidos por nós, ao menos por enquanto. Cada um deles, de um jeito ou de outro, se sentia totalmente desconectado do resto do mundo, porque suas amarras foram arrancadas.
Depois disso, eles foram submetidos à outra sessão de dor e desespero, pois afinal de contas, é um apocalipse zumbi! Aqui começam as principais diferenças, que levam cada um deles a lugares totalmente diferentes.
- Eastman já tinha de ser forte antes do apocalipse, por causa do seu trabalho, e precisava de equilíbrio mental, que ele conseguiu por meio do Aikido.
- Morgan sempre foi um simples pai de família, inofensivo em sua essência, com aquele nível de covardia visceral, que dá a ele uma credibilidade profunda.
- E Nick, devido às drogas, já vivia seu apocalipse particular, tanto que a igreja onde ele acorda, no começo de Fear, já parecia um acampamento do fim do mundo, antes dos zumbis atacarem de forma mais ostensiva.
Eastman, devido ao seu treinamento, conseguiu transformar sua culpa em uma série de bons atos, em bondade e compaixão, redirecionando essa mágoa como algo bom para seu ambiente.
Morgan deixava toda a sua mágoa corroê-lo, e a alimentava com mais atos abomináveis, fazendo de si mesmo uma verdadeira besta fera, cujo combustível era o ódio e o desejo de autodestruição, refreado por um desejo inconsciente de viver.
Nick, por outro lado, tornou-se extremamente perigoso dentro de um apocalipse zumbi em início, por ser uma pessoa muito mais acostumada a esse mundo cão do que os outros, tanto que o misterioso Strand o salva, para usá-lo como seu “cão de guarda”.
Como desenlance, temos um Eastman que se sacrifica pelo seu aluno, um Morgan equilibrado, eficiente e pacifista e, por último, um Nick instável, mas eficiente, que ainda vai nos dar muitas surpresas.
De uma forma ou de outra, a grande lição que aprendemos com estes personagens e suas histórias é que, mesmo quando tudo desaba, quem teve um mínimo de base em algum momento da vida consegue se manter fiel a ela.