Quando ouvimos/lemos/dizemos a palavra zumbi, logo vem à mente um nome: George Romero, o pai dos mortos-vivos. Criador do filme sobre mortos ambulantes mais icônico de todos os tempos, A Noite dos Mortos-Vivos, Romero teve seu nome vinculado de forma vitalícia aos monstros mais fascinantes do cinema.
As maiores e melhores referências para obras do gênero são internacionais. Temos os filmes Madrugada dos Mortos, Zombie, Fome Animal, Extermínio, REC, entre outros. Nos games, quem dispara na frente é a franquia Resident Evil, seguida de Left 4 Dead, Dead Rising e o mais recente Dead Island. Na literatura há ótimos e não tão bons: o espanhol Apocalipse Z, Orgulho, Preconceito e Zumbis, O Guia de Sobrevivência a Zumbis. E nos quadrinhos a melhor opção é The Walking Dead, agora também em seriado.
O Brasil já se aventurou em criar longas sobre zumbis, como Era dos Mortos e Mangue Negro, ambos independentes, porém bem caprichados. Nem por isso, conseguiram marcar. Terra Morta vem aí pra mudar isso – espero eu, autor da série.
Tudo começou em 14 de agosto de 2008.
Em uma fase desanimadora devido a problemas pessoais, decidi escrever um “diário” onde narrava uma epidemia zumbi em minha cidade natal, Jaboticabal, no interior paulista. Comecei no Recanto das Letras, onde postei a introdução e os dois primeiros capítulos. Eram relatos curtos, nada pretencioso. Animado com os comentários positivos, descobri outro lugar onde teria mais chances de visita. O Blogger. Passei a divulgar de forma incansável no Orkut (pelo qual tenho respeito, pois foi onde consegui grande parte de meus leitores) e em outros sites, atraindo uma considerável legião de seguidores. Foi aí que nasceu Terra Morta.
Terra Morta se inicia com meu alter-ego, Tiago Rodrigues, dentro de um freezer desligado, envolto pela escuridão tomada pelo cheiro de carne podre. Em um breve relato, conta que “há três deles do lado de fora desse freezer onde estou. Procuram por comida – nesse caso, eu“. O mais rápido que consegue e utilizando de suas habilidades no parkour, Tiago escapa do açougue, perseguido pelas estranhas figuras. Não são lentas, pelo contrário. Estão vivas. Iradas. Famintas.
Pelos olhos de Tiago, Jaboticabal foi esquecida pelo resto do mundo. Após o incidente, TVs, internet e rádio não mais funcionaram. Ninguém sabe o que aconteceu. Não sabem como começou. Sabem apenas que é preciso correr sem olhar para trás para continuarem vivos.
Após poucas semanas quase ninguém restou. São poucos os sobreviventes que cruzam o caminho de Tiago. Devido a desagradáveis surpresas, na maior parte das vezes vindas dos próprios sobreviventes, Tiago decidiu trilhar seu caminho para fora de Jaboticabal sozinho. O problema é que ele não sabe dirigir, o que dificulta sair da cidade apenas correndo. Os infectados estão por toda parte. Espreitam nas esquinas, sentem seu cheiro, ouvem seus passos, sua respiração ofegante. E vêm como demônios canibais.
Assim que foge do açougue, Tiago chega ao Ginásio de Esportes, onde conhece Daniela Silvestre. O mais surpreendente é a maneira como Tiago a conhece. Dani é uma garota divertida e não parece tão abalada quanto os outros. Apesar de não simpatizar com ela de cara, aceita sua parceria na empreitada de fuga.
No dia seguinte, a dupla sai do ginásio em busca de armas (o que é muito difícil encontrar em uma cidade do interior), comida e água fresca (o que se tornou escasso) e um carro que funcione. Em meio a caminhos mal tomados, descobrirão que os humanos continuam sendo o maior dos perigos.
Semelhanças com outras histórias de zumbis são poucas, mas existem, é óbvio. Apontem uma trama com zumbis onde nada já não tenha aparecido em outra. Não dá, né? O que busquei ao longo de quase três anos de Terra Morta não foi evitar clichês, mas utiliza-los da melhor maneira. Clichês são o tempero desse tipo de história. E, como temperos, é preciso saber dosá-los.
Os personagens são consistentes, os “zumbis” são, de um modo ou de outro, o mais próximos de uma possível realidade. Não esperem mutações a la Resident Evil ou animais transformados em monstros com tentáculos. Os infectados são pessoas doentes. Como tal, são contagiosos. Basta uma mordida para se tornar um deles. Alguém é imune? Talvez. Por quê? Leia e tire suas conclusões.
Ao longo dos capítulos são apresentados ao leitor vários flashbacks, lembranças dos dias passados, como o ataque ao ginásio, onde Daniela jogava handebol em um campeonato regional, ou a corrida de Tiago até sua casa, do outro lado da cidade, após despertar sobre sacos de lixo depois do primeiro contato com um dos infectados. São nesses flashbacks que conhecemos todo o caminho de Tiago até o freezer. Quem ele conheceu, o que presenciou, o que foi obrigado a fazer para estar ali, vivo. Mais um ótimo tempero ao prato delicioso que é a leitura de Terra Morta.
A cada capítulo uma nova imagem era postada. Segue um comentário recebido por email de um dos mais fieis leitores de Terra Morta, Carlos Ubiratan:
“As cenas em preto & branco que ilustram cada capítulo são um toque de gênio; a ermidão dos lugares, sem um infectado, não-infectado ou qualquer outra criatura viva (salvo se considerarmos a grama) mostram que os lugares viraram uma verdadeira “terra morta”. Não há ninguém visível, mas sabemos que há alguém lá, sim, e a tensão é tão grande que até se espera ver, buscando no medo imediato um alívio. Vi que fizeste alguns ensaios de capas, mas sugiro – sugiro: a decisão é tua – manter essa linha, inclusive nas capas dos livros.”
A linha foi mantida. A capa, com fotografia tirada por mim na própria Jaboticabal, e editada com maestria pelo Erick Sama, remete exatamente o que sempre quis transmitir no blog. Uma sensação de abandono. Embora haja sangue, há esperança. A igreja é a esperança. Deus ainda estará lá, não importa o que aconteça? Depende do ponto de vista.
Sem mencionar a arte e cores, a mesma utilizada no blog e marca registrada, o que vai deixar os antigos leitores mais familiarizados. Os trechos onde são contados os flashbacks sofrem uma mudança – o papel fica com ar nublado, acinzentado – para que o leitor não se perca. Há um toque bastante caprichoso em toda a obra, desde a capa à revisão. Segundo comentários de críticos e leitores:
A palavra “Fuga” que dá nome ao livro, pode ser considerada o cerne de toda a narrativa e a palavra que motiva todas as ações de Tiago. O ritmo do enredo é desenfreado, com muita coisa acontecendo o tempo todo e recheadíssimo de zumbis. Aliás, esse ponto em minha opinião foi o forte da narrativa: o protagonista é praticante de parkour, então, durante toda a correria ele explica seus movimentos, suas escaladas, enfim, suas ações e isso faz com que sua sobrevivência seja verossímil. Os zumbis do livro do Tiago (não são bem zumbis, mas abordamos isso mais à frente), são rápidos e ágeis, mas burros. Fica claro desde o início que uma pessoa sedentária – eu, por exemplo – morreria rapidinho nas mãos deles.
O protagonista é bem-construído e tem características marcantes. A narrativa é em primeira pessoa, passando para a terceira pessoa em apenas um momento, quando acompanhamos a história de Daniela, uma sobrevivente que, como Tiago, teve que lutar pelo direito de viver. Essa distinção deixa os limites da narrativa bem claros. A diagramação quando há lembrança também é diferente, com mudança na cor da página.
Psychobooks
Com a narração em primeira pessoa, somada ao uso de palavrões e situada em cidades reais de São Paulo, a história realmente prende o leitor. Eu confesso que nunca tive muita atração pelas criaturas mortas-vivas, mas me surpreendi com a trama do Tiago, que não caiu em clichês e, a cada novo capítulo, tinha reviravoltas que, junto com os flashbacks, encantava a leitura na medida certa.
Ao pensar na obra como ficção, podemos nos surpreender com as verossimilhanças que achamos, principalmente no quesito de sentimentos das personagens. Dúvida, medo, terror, carinho, pena, amizade, compreensão, cuidado e sofrimento, entre outros, tornam Tiago e Daniela iguais a qualquer um de nós, compartilhando pensamentos e emoções.Diário Criando Testrálios
A opção de utilizar o parkour como peça-chave das fugas de Tiago é interessante. Além de divulgar um esporte – ainda – pouco conhecido no Brasil, serve para mostrar como ele é útil em uma infestação zumbi (que o mundo nerd parece ansiar desesperadamente, mas não se prepara com a prática de algum esporte :P). As notas explicativas sobre cada movimento que ele faz também funcionam muito bem.
Uma das partes que eu achei mais bem construídas no Tiago do livro é o seu senso de humanidade. Tudo nele parece muito bem dosado, desde a bondade até a – pouca, sim – crueldade e vontade de largar todos para trás e continuar seu trajeto sozinho. Por ser um personagem de início solitário, que se vira como pode escalando muros e pulando grades, o personagem parece, a princípio, se preocupar muito mais com o quão ferrado pode ficar se não arranjar água ou onde vai dormir sem que nenhum zumbi o ataque. Quando seu relacionamento com Daniela – outra personagem principal muito bem construída – começa a tornar-se uma parceria cada vez mais intensa, percebemos a evolução dele: de homem individualista que pensa em largar a garota para trás para homem que não vai deixar que ela se machuque, porque se importa com ele. Do ponto de vista psicológico, a evolução do personagem está de parabéns.
Leituras e Resenhas
Não posso esquecer de comentar sobre a arte do livro. Algumas páginas são em preto e branco resgatando o clima que existia no blog com as imagens de cenários destruídos e nos flash-backs a tonalidade da página também muda para cinza. Pequenos detalhes que ajudam a situar a história. Uma arte bastante sutil e de muito bom gosto… adoro quando as editoras pensam na estética do livro e não só no conteúdo.
Terra Morta vale o preço e funciona como um ótimo presente – principalmente para adolescentes que não são chegados em leitura. Quem tem filho é uma oportunidade de tentar despertar o desejo pela leitura nele.
Faça Bom Proveito
Se eu for falar sobre Terra Morta na mesma intensidade com que amo essa história, não acabo mais. A revisão durou nada menos do que quase dois anos. Busquei transformar o texto apresentado no blog em algo mais profissional, mais digno de um livro de estreia. Erros são inevitáveis, mas nada que comprometa a obra. Queria começar com o melhor. E acredito ter alcançado tal êxito, com a ajuda de alguém que se tornou um grande amigo, e que teve que travar duras discussões comigo para me fazer entender que “certas coisas não acontecem, seu cabeção! Tira esse leão com unhas de adamantium da história!”. Meu copidesque Eric Novello. Valeu por me ajudar com tanta dedicação, tio!
Para finalizar, Terra Morta – Fuga é o primeiro de uma série. Ora, a moda agora são sagas. E seria impossível escrever tudo o que pretendia no blog em apenas um livro. Os leitores merecem muito mais. A sequencia, Terra Morta: Infecção, está em fase de revisão e pretendemos logo poder divulgar a data de lançamento.
Havia também um concurso rolando há algum tempo, onde os leitores escreviam seus contos, baseados no universo de Terra Morta, e tinham a chance de tê-los publicados em uma coletânea, a ser lançada pela própria editora Draco, onde os melhores foram escolhidos. Ainda sem data definida, provavelmente será lançado junto com o segundo livro.
Pra quem curte RPG, Terra Morta é mestrado em uma comunidade no Orkut desde julho de 2010 e já está em sua segunda temporada. Joguei algumas partidas e garanto que o mestre, Luan, sabe o que faz. Quem tiver interesse em acompanhar o role playing game ou mesmo tentar uma vaga, clique aqui. Adaptando as primeiras partidas, Luan Matheus começou a contribuir com o blog com capítulos da série independente Terra Morta RPG. Toda semana tem um capítulo novo. É interessante enquanto aguardam a continuação.
Dois projetos também vêm aí. Um é a HQ de Terra Morta, o que já é certeza. O outro envolve videos e requer um pouco mais de planejamento, mas esperem por algo muito legal. Só preciso definir o estilo de filmagem, maquiadores e edição. Ah, e precisarei de infectados. Quem se habilita?
Abaixo segue o release oficial, com capa e todos os links que você precisa para se infectar. Junte-se a Tiago, Daniela e os outros sobreviventes, e seja bem vindo a essa terra morta, palco do maior épico apocalíptico que o Brasil já recebeu.
Em Terra Morta: Fuga, o leitor acompanhará uma saga de sobrevivência ao terrível mal que assolou o interior de São Paulo e agora se dirige à capital.
Tiago é um rapaz introspectivo que sempre sonhou em viver na megalópole de São Paulo e buscar novos desafios. Só não imaginava que sua chance chegaria da pior maneira possível. Jaboticabal, sua cidade natal, é o cenário de um terrível apocalipse zumbi, uma tragédia que parece saída de um videogame ou filme de terror.
De repente, o jovem acostumado a treinos de parkour e muito trabalho precisa lutar para sobreviver. Nenhum local é seguro, ninguém mais é confiável, água e comida não são mais garantidas no dia a dia. Mesmo que a mente custe a acreditar, não há tempo para duvidar da realidade. A única opção é fugir.
A cada pessoa que Tiago encontra, uma surpresa. Aliado ou inimigo? Nunca uma certeza.
Tiago e seus companheiros deverão enfrentar o passado e seus medos, e em meio a um mar de zumbis canibais, descobrirão que o maior inimigo ainda são os humanos.
Descubra a origem da infecção enquanto corre sem parar, uma aventura dramática que é sucesso na internet e agora se torna uma série de livros. Pegue apenas o necessário e corra sem olhar para trás.
Quer conhecer Terra Morta e se preparar para a tragédia que infectou o Brasil? Acesse:
Blog que deu origem ao livro:
http://terra-morta.blogspot.com/
Facebook do autor:
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Página do livro no Facebook:
http://www.facebook.com/terramortaoficial
Página no Skoob:
http://www.skoob.com.br/livro/113138/
Comunidade do Orkut, com mais de 1.700 membros:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=66453805
Twitter:
http://twitter.com/terramorta
Página da editora Draco para adquirir o livro:
http://editoradraco.com/2011/10/06/terra-morta-fuga/
Algumas livrarias:
Livraria Cultura
Martins Fontes
FNAC
Saraiva
Onde comprar, inclusive em versão ebook :
http://editoradraco.com/onde-comprar/
Terra Morta: Fuga
Autor: Tiago Toy
ISBN: 978-85-62942-32-7
Gênero: Terror – Literatura Fantástica – Fantasia Urbana
Formato: 14cm x 21cm
Páginas: 248 em preto e branco, papel pólen bold 90g
Capa: Cartão 250g, laminação fosca, com orelhas de 6cm
Preço de capa: R$ 44,90
Quem quiser comprar direto comigo, autografado, envie um email para [email protected] solicitando os dados bancários. Envie junto o endereço e nome completos. Há poucos, então corram! Assim que esgotarem, conseguirão apenas nas livrarias ou na própria Draco.