[ALERTA DE SPOILER]: Leia apenas se você já assistiu o último episódio de The Walking Dead.
Carol tomou outra decisão controversa no último episódio, atirando em sua filha “adotada” Lizzie na cabeça depois que a mesma esfaqueou e matou sua irmã Mika para provar que ela voltaria à vida. “Nós não podemos dormir com ela e Judith sob o mesmo teto”, Carol disse a Tyreese antes de fazer isto. “Ela não pode estar ao redor de outras pessoas.” E foi isto que aconteceu. Nós conversamos com McBride para conseguir seu parecer sobre o episódio e a decisão controversa de Carol. Ela acha que Carol tomou a decisão certa? Como foi filmar aquelas cenas macabras com as atrizes mirins? E que tal aquela super aparição secreta de Sophia no episódio? A mulher que interpreta Carol revela tudo aqui.
ENTERTAINMENT WEEKLY: Então, você tem noção de que eu nunca mais olharei as flores novamente por sua causa, certo?
MELISSA McBRIDE: Awwww. Mas é pra isso que elas servem, para te dar algo bonito para olhar. Tudo bem! Eu estou ouvindo bastante isso. Olhar as flores nunca será a mesma coisa para mim agora.
EW: Qual foi a sua reação quando o roteirista Scott Gimple te contou sobre este episódio e o que iria acontecer?
McBRIDE: Bem, foi um um certo mistério que ele mencionou isto pela primeira vez. Ele disse que Carol seria exigida a fazer algo muito difícil e eu estava pensando “oh, ok, talvez haja um confronto entre ela e Tyreese”. Eu não fazia ideia. E então quanto eu realmente li o episódio e estava prosseguindo e vendo quão bagunçada Lizzie estava… para responder a sua pergunta, foi devastador e desolador. Ponto.
EW: Quando eu recentemente conversei com Andrew Lincoln, ele me contou que não conseguia acreditar quando leu o roteiro e que vocês estavam seguindo em frente e produzindo este episódio, e ele até mesmo foi até Scott mais ou menos como “Nós vamos mesmo fazer isso?” Havia alguma parte de você imaginando se isto seria ir longe demais?
McBRIDE: Não, porque eu percebo que eles sabem o que estão fazendo. Era obviamente tão pesado e eu tinha que me lembrar que havia este material original – de Robert Kirkman – que eles estavam puxando de lá e é disso que a série se trata. E é uma história que precisa ser contada. É um elemento que ainda não havia sido examinado pela perspectiva do nosso grupo — a fragilidade mental e as diferentes perspectivas das crianças. Isto é algo que realmente precisa ser explorado em um mundo como este. E o arco de Carol lidou tanto com crianças que era o melhor para contar esta história. Simplesmente tinha que ser contado.
EW: Você mencionou o material original. Você retornou e leu a parte da HQ dos dois irmãos, Ben e Billy, paralelamente ao que aconteceu na TV, e pensou que aquilo sequer envolveria seu personagem?
McBRIDE: Eu geralmente não me refiro à HQ. Eu tenho os exemplares, e li uma grande parte quando começamos a filmar, mas eu sei que a história e eu sei que ela pertenceu a outros personagens. Eu sei que foi diferente da HQ, mas isto porque eles estão tentando trazer esta história para a televisão, e nós sabemos que eles divergem e retiram coisas de alguns personagens para darem à outros, o que é ótimo para manter a série renovada. Mas eu acho que foi realmente brilhante a maneira que a história se desdobrou da HQ para Carol, seu grupo e aquelas crianças.
EW: Conte-me sobre o quebra-cabeça que vocês estavam montando durante o episódio porque eu compreendo que não foi um quebra-cabeça comum.
McBRIDE: Não, e nós não tínhamos ideia até que nós estávamos filmando aquela cena da confissão. Nós não fazíamos ideia do que era o quebra-cabeça e nós tentávamos fazer pequenas adivinhações e eles conseguiriam certas partes juntos entre as tomadas quando trabalhassem nelas. E então acessórios viriam e bagunçavam tudo novamente para impedir o avanço contínuo, então o quebra-cabeça nunca estava mais perto do que sendo completado, apenas. Então o Mike [Satrazemis, diretor] apareceu e disse “Aliás, vocês sabem que o quebra-cabeça na mesa, quando terminado, se parece com isso.” E então ele mostrou uma foto de Sophia na caixa do quebra-cabeça. Aquilo arrancou meu fôlego, pensar que aquele tempo todo Sophia tinha estado ali conosco. Foi um tanto interessante. Uma daqueles pequenas coisas que os diretores farão. Foi muito legal.
EW: Você acha que Carol fez a coisa certa?
McBRIDE: Eu acho que não há como dizer se foi certo ou errado. É infeliz, mas o que ela fiz tinha que ser feito na mente dela. E Tyreese concordou. Ele entendeu que aqueles decisões difíceis precisavam ser tomadas e não havia outra escolha se pretendiam continuar com Judith. É muito trágico, e é por não ser culpa dela mesma. Isso é que é tão horrível. Mas este mundo, ela não se daria bem nesse mundo, e isto tornaria a sobrevivência com ela por muito tempo tão difícil… Aquilo não é vida para ela, e é perigoso para as outras pessoas. Eu acho que ela apenas fez o que precisava ser feito.
EW: Vamos falar sobre a cena no final em que você confessa a Tyreese que matou sua namorada. Cada um de vocês tem mais ou menos 10.000 emoções diferentes naquele momento, então como vocês calibram e balanceiam cada uma delas?
McBRIDE: Eles passaram por muita coisa. Eu amei esta cena, quão quieto finalmente estava. Apenas os dois com a pequena Judith deitada em seu berço. Foi exaustivo, foi um período exaustivo. Aquilo pelo qual os dois haviam passado era inacreditável. Inacreditável para eles. E todas estas coisas passando pela cabeça de Carol causaram uma sensação de “Eu tenho que contar pra ele, eu tenho que contar pra ele agora.” Se vamos continuar juntos, precisa haver confiança. Ainda mais importante do que isto, ele precisa saber o que aconteceu porque Carol se lembra de não saber o que aconteceu à Sophia. E ela diz, “Esta era a pior parte. A pior parte é não saber.” Ela consegue imaginar o que estava se passando na cabeça de Tyreese, imaginando o que poderia ter ocorrido com Karen, e como aconteceu, e quem fez aquilo estava se alimentando logo ali com ele. E com isto na cabeça ela sabe que ele não pode continuar se movendo se está constantemente pensando no que pode ter acontecido. Aquilo precisava ser feito.
Ela também precisa contar a verdade a ele porque até mesmo em sua própria mente, é como se eu precisasse que me contasse que eu estou indo bem até aqui. Eu fiz coisas terríveis, terríveis, e eu preciso que ele me diga que está tudo bem, de certa forma. Para pelo menos saber que ele aceita o que precisa ser feito, ou me deixe ir. E também, isto o coloca na mesma posição em que ela estava – a de fazer uma decisão muito difícil. Ela dá isso a ele, e eu acho isto lindo. Então há várias razões para ela estar confessando, e isto leva a uma coisa: aceitar que as coisas precisam ser feitas, e você tem uma escolha, confiar, seguir em frente. Se ele for o cara que eu acho que ele é depois de ter visto tudo o que nós passamos juntos, eu não acho que ele fará isso. Ele entenderá. Mas ela não espera seu perdão. Essa cena é carregada. É tão carregada.
EW: O ponto sobre estes episódios com os grupos menores é que muitos de vocês estão conseguindo trabalhar com pessoas as quais não haviam feito muito antes. Como foi fazer todas estas cenas com Chad Coleman?
McBRIDE: Eu acho que é ótimo. Eu acho que é ótimo que as pessoas do nosso grupo na prisão estejam interagindo com outras. Isto muda algumas partes suas e desafia aspectos dos outros, exatamente como na vida real, como nós repercutimos nas outras pessoas. Então é muito importante para eles interagir com o outro e conseguir conhecer a si mesmos e ver como isso muda a sua visão do mundo e as experiências pelas quais eles estão passando.
EW: Eu sei que teve que dizer adeus a muitos membros do elenco pelo caminho e eu sei que sempre é difícil mas, geralmente se trata da parte adulta do elenco. Como é quando você tem duas atrizes muito jovens como Brighton Sharbino (Lizzie) e Kyla Kennedy (Mika) indo embora dessa forma e filmar seus últimos dias nos estúdios de The Walking Dead?
McBRIDE: Foi muito sombrio e amargo porque todos nós sabíamos que a história era importante, nós sabíamos que era difícil, e sabíamos que estávamos fazendo nosso melhor trabalho e estas crianças eram tão incríveis e você quer tê-las ao redor. Elas se tornaram parte da família The Walking Dead muito rapidamente. E é uma alegria trabalhar com elas, é tão brilhante, e saber que é o seu último dia…. Eu não sei. O que nós realmente tentamos é celebrar quem elas são e o trabalho que elas fizeram e o tempo que fomos capazes de passar juntos. Nós celebramos quem elas são, mas é de cortar o coração perde-las. Eu sei que elas irão e farão grandes coisas. Mas nunca é fácil.
Fonte: Entertainment Weekly