The Walking Dead 6ª Temporada: Efeito Crighton Dallas Wilton

Não me surpreendi ao perceber que muitos fãs de The Walking Dead se revoltaram pela “lentidão” do episódio Here’s Not Here, o 4ª da 6ª temporada. A trajetória de Morgan foi colocada estrategicamente entre episódios movimentados e a dúvida da semana: Glenn morreu mesmo? Ele nos forçou a parar, respirar e pensar um pouco.

Esse freio dado ao público ilustra perfeitamente o que aconteceu com o Morgan. Foi uma bela sacada, retribuída com revolta e muitos comentários sobre a “chatice” do episódio.

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Preciso confessar que também tinha certo receio, pois havia muitas maneiras de torna-lo absolutamente clichê. Mas, no fim das contas, o professor de Aikido de Morgan não era o asiático sagaz que eu estava imaginando, e sim o psiquiatra forense Eastman, interpretado por John Carroll Lynch, que aprendeu a arte marcial japonesa por acaso.

Eastman também não era só mais um pai de família que teve a mente destroçada pelo apocalipse zumbi. A morte da sua mulher e filhos pelas mãos de Crighton Dallas Wilton nos faz lembrar um detalhe importante: o mundo já estava infestado de monstros antes do apocalipse.

Ao perceber que a vingança não lhe fez bem algum, Eastman decidiu seguir a filosofia de que toda vida é sagrada. Toda mesmo. Em meio a tanta brutalidade, enquanto o grupo do Rick comia cachorros, ele tentava produzir queijo com o leite de sua cabra Tabitha (que descanse em paz) e comia hambúrgueres de aveia.

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“Controlar a agressividade sem causar danos é a Arte da Paz.”

Morihei Ueshiba, fundador do Aikido.

Na primeira temporada, Morgan ajudou o Rick a se recuperar. Não teve coragem de matar a esposa zumbi, mesmo sabendo que ela apresentava riscos. E, após perder o filho Duane, acabou fazendo o oposto de tudo isso, matando por pouco, ou por nada. Agindo como um alucinado, limpando áreas de zumbis e pessoas, sem saber exatamente o motivo. Diagnosticado pelo seu mentor com “transtorno do estresse pós-traumático”, Morgan acabou pouco a pouco retornando a si mesmo e evolui para um estado muito mais pacífico.

A porta aberta da cela foi a metáfora ideal para essa situação, já que naquela altura não havia confiança alguma na humanidade. Quem deixaria um assassino dormindo numa cela destrancada? O absurdo da situação é tanto que nem mesmo o assassino poderia imaginar que a porta estivesse realmente aberta. Quando o Morgan a atravessou, também estava resgatando a sua fé na humanidade e deixando boa parte da loucura para trás.

As motivações de Eastman foram tão bem desenvolvidas que a sua história parece ter existido desde sempre na série. Me arrisco a dizer que, dentre todos os episódios “lentos”, esse foi o que melhor evoluiu. Antes dele, o Morgan só parecia um cara irritantemente pacífico. Se a sua nova personalidade não fosse justificada tão bem nesse momento, o personagem continuaria sem despertar empatia no público.

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Rick não seria, nem de longe, a pessoa certa para recuperar o Morgan. As suas atitudes atuais se baseiam em silenciar para eliminar o risco. Um só poderia prejudicar o outro. E agora o contraste enorme pode acabar equilibrando ou causando muitos danos. Não há meio termo para essa convivência.

A questão é que, segundo a filosofia do Aikido, os ataques devem partir apenas como método de defesa e, quando os Lobos invadiram Alexandria estavam definitivamente estavam atacando! Apesar de entrar em confronto com certos ensinamentos do episódio, acredito que o Morgan deveria pesar a possível morte de amigos antes de manter um inimigo, potencialmente perigoso, vivo dentro da comunidade, principalmente após o mesmo avisar que mataria até criancinhas.

Em último caso, não custava leva-lo para outro lugar na floresta. Talvez Eastman tenha morrido cedo demais, antes de explicar que a psicopatia e manipulação que viu nos olhos de Crighton Dallas Wilton não estavam no Morgan. E por isso o Morgan era reabilitável e o seu antigo paciente não. A diferença é que havia uma clínica psiquiátrica para isolar Crighton, o que tornou a vingança opcional. Não é o caso do Lobo.

O episódio acabou deixando uma grande questão em aberto: A nova personalidade de Morgan vai funcionar junto a do Rick?

O que vocês acham? Opinem nos comentários!

 


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Lorraine Suhr
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