Análise Longa: The Walking Dead 3ª Temporada Episódio 2 “Sick”

Análises Longas são são textos mais aprofundados e elaborados dos episódios de The Walking Dead, feitos por Tiago Toy, escritor e autor da saga “Terra Morta“, lançada pela editora Draco, que conta a história de uma epidemia zumbi ambientada em São Paulo. Atualmente trabalha na continuação do livro, no roteiro de uma HQ e na organização de uma coletânea, ambas baseadas no universo de “Terra Morta”.

ATENÇÃO: O texto abaixo apresenta spoilers, tanto da série quanto dos quadrinhos.

O que mais apontavam na segunda temporada como pior era o “romance mexicano”. Aquele lenga-lenga entre Lori, Shane e Rick até dariam boas cenas, não fosse a corno mansisse de Rick ou Shane sendo cozinhado em banho-maria pela Lori. Com a morte (já vai tarde) do candidato a psicopata Shane, ficou certo que isso acabaria e que teríamos muito mais cenas de ação e zumbis, yeah!

O problema nisso (Há problema em ver zumbis e mais zumbis, Tiago? Are you fucking crazy?) é que, por mais legal que a história ficasse, não poderíamos conhecer os personagens a ponto de nos importarmos. Qual a graça em ver um bando de zé ninguém cercado por uma horda de zumbis em um shopping? Eles vão ser comidos, e acabou. Por outro lado, é muito mais interessante ver um triangulo amoroso neste mesmo shopping, tentando decifrar se a mulher vai ceder à tentação e armar uma pra cima do marido para poder ficar com o amante, ou se o cornudo vai cair em si e dar os dois de bandeja para as bocarras escancaradas… Há inúmeras hipóteses quando se conhece o personagem.

Sick, o segundo e eficiente episódio da terceira temporada de The Walking Dead (sim, eu gosto das coisas muito bem explicadas nos seus míííínimos detalhes), manteve a qualidade do primeiro, provou mais uma vez que o melhor arco dos quadrinhos tem grandes chances de também o ser na TV e nos mostrou que houve uma evolução drástica no grupo de Rick.

Após decepar a sangue frio a perna de Hershel, previously mordido por um zumbi, Rick encontra um pequeno grupo de detentos que sabe o que está acontecendo, mas não faz ideia do estrago. Vivendo há 10 meses no refeitório da prisão, eles não fazem questão de conquistar a outrora sonhada liberdade e preferem chamar ali de um lar só seu. Uma estação inteira vagando em busca de abrigo e comida bastou para que o antes bonzinho ex-policial também quisesse a prisão, e a tensão começa para ver quem fica e que vai. Entre pau-mandados e líder capaz de tudo, há todo o tipo nesse pequeno grupo, o que Rick percebe ser uma ameaça à sua resistência. Em troca de metade da comida que restou na despensa, ele permite que os detentos fiquem em outro bloco da prisão, munidos de armas brancas e sem passe verde para se aproximar de seu grupo.

Em outra limpa pelos corredores, o tal líder capaz de tudo tenta dar uma de esperto pra cima do agora encapetado Rick. “Shit happens”, ele disse. Andrew Lincoln exagera na atuação em algumas cenas, sempre com aquela cara de que está com uma puta coceira no nariz ou que vai escarrar, mas consegue expressar com um simples olhar toda a raiva entalada que o personagem carrega. Seu olhar é insano, e por vezes tenho a sensação de que ele se tornará o grande vilão da série. Algumas mudanças são para sempre. O que acontece em seguida é um puro e objetivo Fatality. É algo que não se espera, então segure o queixo, porque ele vai cair. Já tenho pena d’O Governador ou qualquer outro que se meter a besta com Rick. Acham que ele não teria coragem de encurralar um cara em um beco cheio de zumbis e deixa-lo ser devorado, ouvindo seus gritos de agonia? Reveja seus conceitos.

Se a evolução aconteceu para Rick, não foi diferente com o queridinho caipira Daryl Dixon. Sempre recluso em sua própria vigília (talvez esperando o irmão desaparecido aparecer, e, no fundo, com medo de sua represália) e evitando diálogos muito extensos, Daryl agora é o que podemos chamar de braço direito de Rick Grimes. Abra a porta, Daryl! Abri. Feche a porta, Daryl¹ Fechei. Atire, Daryl! Atirei. A evolução, no caso, está na involução da personalidade. Espero que não se torne um pau mandado, pois ele é, fácil, o personagem mais interessante de TWD (tanto que o jogo que estreia em terá o próprio como protagonista). Há algum tempo ouvi boatos de que o ator Norman Reedus teve uma briga no set e que, por isso, vai sair do elenco. Essa amenizada no tempero de Daryl poderia muito bem ser o segredo para que ele perca a graça aos poucos, o que fará sua falta ser menos sentida. Suposições apenas… Sabemos que Merle Dixon vai voltar ao melhor estilo Capitão Gancho. Será o fim do indestrutível Daryl? Vamos torcer para que não.

The walking dead 3 02 2T-Dog também evoluiu. Finalmente o coadjuvante com ar de figurante conseguiu dizer uma frase inteira. Mais útil e sem fazer tanta merda (como talhar uma vagina no próprio braço no começo da segunda temporada), T consegue acompanhar Rick e Daryl em posição de igualdade e até derruba um número considerável de zumbis. Infelizmente, o personagem ainda não funciona. Parece aquele tipo de frase feita para dar uma de crítico gostosão, mas é a pura verdade. Ele continua ali por estar. Não sei precisar o motivo, mas é como uma peça que não encaixa no conjunto. Talvez ele seja a primeira vítima d’O Governador, quem sabe.

Nesse meio tempo, Hershel foi levado ao bloco onde está o resto do grupo, à beira da morte. Não há certeza se conseguiram salvá-lo com a amputação, então só resta esperar, deixando-o algemado à cama por precaução. Enquanto Lori, Carol e Glenn formam a vigília, esperamos ansioso roendo as unhas para que ele abra os olhos leitosos e comece a grunhir. A evolução dos outros personagens nos é apresentada, e agora sim todos conseguem ajudar em vez de serem apenas peso morto. Em sua estadia na fazenda do velhote, Carol aprendeu um ou dois truques de medicina, e os utiliza para ajuda-lo. Carl não faz mais suas criancices e aparece com um embrulho cheio de gaze e medicamentos, encontrados na enfermaria. Mesmo repreendido por sua mãe, notamos que ele está atirando bem e tomando mais cuidado, evitando cutucar zumbis entalados no brejo. Lori continua como todos gostam de chama-la: chata. Eu prefiro vê-la com outros olhos, como uma mãe em estado permanente de preocupação. Crucificar uma pessoa por seus atos é fácil; o difícil é provar que nunca fizeram algo semelhante, ou pior. Simpatizo com Lori e sei o quanto ela faria falta para os homens Grimes, por mais que eles teimem em fingir o contrário. Além disso, em Sick, Lori protagoniza uma das cenas mais… Não vou contar, mas não adianta se esforçarem. Vocês vão pular do sofá como eu fiz. Vão gritar um pqp e caírem em uma tensa gargalhada. Simples assim. Taxem como susto fácil, que seja, mas funcionou e eu gostei.

Carol, além de superar a traumática morte de Sophia, encontrou uma vocação; cuidar dos outros. Claro que ela prefere levar a comida de Daryl quando ele está vigiando, mas também está muito preocupada com a gravidez de Lori. Querendo ou não, ela terá que ajudar no parto, ao que tudo indica que será uma cesariana. Com medo de cortar mais do que o necessário – ou cortar o bebê -, ela pede ajuda a Glenn para abater uma zumbi. Sua intenção é estudar o corpo humano feminino (mesmo que ele esteja um pouco mais podre do que o normal). Detalhe para alguém escondido observando-a. Um dos capangas d’O Governador? Tenho 99% de certeza que sim.

Sick só tem um porém: o final. Se não fosse o sneak peek em seguida, eu continuaria achando que o download veio cortado. Para quem está acostumado com desfechos cheios de suspense, sempre deixando uma ponta solta para ser amarrada no próximo, fica com cara de tacho aqui. Ué, acabou? O que vale é o episódio inteiro, muito bom, pra compensar o finalzinho nhé.

Enquanto alguns tentam crescer ao adquirir conhecimentos úteis para ajudar o grupo, para outros percebe-se que voltar ao estado mais primitivo do ser humano pode ser o único caminho para a evolução. A sobrevivência. Se você quer ter chances em uma terra dominada por monstros, deverá também se tornar um.


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Redação
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"We are surrounded by the dead. We're among them and when we finally give up, we become them! Don't you get it? WE ARE THE WALKING DEAD!"

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