Análise Longa: The Walking Dead 3ª Temporada Episódio 9 “The Suicide King”

Análises Longas são são textos mais aprofundados e elaborados dos episódios de The Walking Dead, feitos por Tiago Toy, escritor e autor da saga “Terra Morta“, lançada pela editora Draco, que conta a história de uma epidemia zumbi ambientada em São Paulo. Atualmente trabalha na continuação do livro, no roteiro de uma HQ e na organização de uma coletânea, ambas baseadas no universo de “Terra Morta”.

 

O texto abaixo apresenta spoilers, tanto da série quanto dos quadrinhos.

Esperar pelo retorno de The Walking Dead foi o mesmo que ser amarrado em uma sala escura com dois zumbis, uma tortura total. Com o desfecho do oitavo episódio, onde Merle e Daryl finalmente se encontrarão, na pior das circunstâncias, diga-se de passagem, estávamos afoitos para descobrir como a história se desenrolaria. E em The Suicide King o descobrimos. E foi empolgante!

Nos teasers e notícias lançadas nos últimos meses pudemos perceber que, de alguma forma, Merle se juntaria ao grupo de Rick, então não foi surpresa quando, após dar uma coça no irmão mais novo, Merle sussurrou que os tiraria dali. Eu não vi escapatória, considerando os capangas d’O Governador, e o próprio, os cercando. Andrea até tentou impedir a barbaridade, mas nem seus gritos a plenos pulmões se sobressaíram ao coro ensandecido de uma Woodbury tomada pelo medo e raiva. Pra piorar a situação, alguns zumbis foram trazidos em coleiras e jogados sobre os irmãos Dixon.

Para salvar o dia, Rick e Maggie atacaram, ainda se mantendo ocultos, com granadas de efeito e a pouca munição que restou, salvando Merle e Daryl, mas não sem antes derrubar algumas pessoas, entre elas Haley, uma garota com quem Andrea trocou algumas ideias em alguns dos episódios anteriores e via-se que ela lhe fazia lembrar sua irmã Amy. O tumulto é formado enquanto vivos e mortos correm. Rick não tem escolha a não ser aceitar ser guiado por Merle, enquanto Andrea não sabe de onde vieram nem pra onde foram os intrusos, ainda desconhecidos pra ela.

Philip mantém a postura fria e não parece se abalar pela invasão. Pelo contrário, expressa um meio sorriso de quem está gostando de ver o circo pegar fogo. Acredito que a morte definitiva de Penny e a perda do olho direito, ambas pelas mãos de Michonne, tenham despertado o demônio interior de Philip, o homem a qual ele sempre esteve destinado a se tornar. Nós queríamos um vilão digno do criado por Robert Kirkman, não queríamos? Estou sentindo que agora o teremos em sua mais cruel essência. Afinal, um dos pôsteres promocionais dizia “Olho por olho”. Estou com um pressentimento de que Andrea tem mais probabilidade do que Rick de não se sair bem nessa briga. Vamos esperar e ver se estou certo ou errado.

Glenn e Michonne, os mais estropiados, esperavam no carro na beira da estrada e se alarmam ao ver Merle junto a Rick. Verdades são expostas, como os guarda-costas zumbis de Michonne, o envolvimento de Andrea e Philip, o clima esquenta principalmente graças ao deboche de Merle, que só cala a boca depois de levar uma coronhada de Rick. Enquanto ele tira uma soneca forçada, há uma discussão sobre sua permanência no grupo, o que está fora de questão. Fiel ao sangue, Daryl decide partir com o irmão.

Na prisão, Hershel e Carl conhecem melhor Tyreese e seu grupo e percebem que não são más pessoas – o que vale apenas para Tyreese e Sasha, pois os outros dois, Allan e Ben, pai e filho da mulher, Donna, atacada por um zumbi no episódio anterior, discutem sobre tomar a prisão. Aqui podemos ver que Tyreese será exatamente como na HQ, um ótimo aliado em tempos tão difíceis. Uma pena que a decisão de permanecerem na prisão não caiba a nenhum dos que estão ali no momento, e todos sabemos como Rick não é do tipo que está aceitando mais membros em seu clubinho.

Ainda na estrada, se livrando de uma árvore e um veículo que estão bloqueando a passagem, Glenn tem um ataque de fúria e transforma a cabeça de um zumbi em geleia – apenas com um pé. Ele descarrega sua raiva culpando Rick por ter deixado O Governador vivo. Até o fim do episódio não havia entendido porque ele ficou tão irritado, o que se estendeu por todo o episódio, conseguindo com essa postura afastar Maggie. Mas revendo algumas cenas, percebi que o que ele mais sente é medo. Medo da retaliação que definitivamente virá. Nem ao receber bonitas palavras de Hershel, dizendo que o considera um filho, o faz ceder.

Em Woodbury os nervos não estão mais calmos. Percebendo que a cidade não era tão segura quanto pensavam, grande parte dos habitantes decide ir embora sem sucesso, barrados pelos guardas que impedem os mortos-vivos de se aproximarem do portão, também sem êxito. No meio da confusão, que só não piora graças à intervenção de Andrea, ouvem-se gritos. No alto da rua uma mulher corre enquanto um homem é atacado por zumbis. Quando Merle e os outros deixaram Woodbury, acabaram deixando uma fenda aberta no portão, e é obvio que os zumbis entrariam cedo ou tarde. Dando fim nos fedidos, Andrea fica sem ação diante do pedido de socorro do homem severamente mordido. Como ninguém tem coragem de fazer o que deve ser feito, Philip surge a passos decididos, dá um tiro na cabeça do moribundo, e volta a sua casa sem maiores explicações.

Andrea não gosta nada de sua atitude e vai tirar satisfação, descobrindo o que ele tentou a todo custo manter em sigilo. Os invasores eram os amigos de Andrea, os mesmos que mataram sete pessoas, entre elas Haley, e consegue deixa-la ainda mais confusa. Como ele não parece estar mais dando a mínima para o que construiu – com razão, pois a cidade está em suas últimas -, Andrea toma partido e consegue acalmar os ânimos dos “woodburienses” (?).

Pouco antes de Rick voltar à prisão, Carl deixa transparecer que se sente culpado por ter sido um péssimo filho nos últimos meses de vida de sua mãe, e Carol tenta confortá-lo. A próxima a choramingar é ela, quando recebe a notícia de que Daryl foi embora. Vai ter que apelar pro Axel agora, gata! Melhor um palito na mão do que uma flecha perdida (que péssimo trocadilho).

Sinceramente, estou achando o Rick um grandessíssimo nojento. É fato que ele manteve o grupo a salvo por tanto tempo e que todos ali lhe devem a vida, mas o poder subiu à cabeça. Só falta ele mandar erguerem uma estátua à sua imagem na fachada da prisão. Ele manda e desmanda naquela joça e quase ninguém tem peito para enfrenta-lo. Hershel e Carl o levam para conhecer Tyreese e seu grupo e nem faz questão de ser amigável como espera que os outros sejam. Tyreese justifica que podem ajudar, que não causarão problemas, mas tudo o que Rick diz é não. Hershel ainda tenta apelar para o bom senso, admitindo que Rick é o líder que precisam, mas que ele está errado em não confiar mais nas pessoas. Quando parece que o ex-policial vai ceder, acontece o inesperado. Uma mulher de vestido branco com o rosto oculto pelas sombras aparece no andar superior. Lori. Se Rick já não estava muito certo das ideias, é o que basta pra ele surtar de vez. Seu acesso é tão repentino que Glenn guia Tyreese e os outros pra fora, temendo que Rick cometa alguma atrocidade. Pensei que, após as conversas com fantasmas pelo telefone, Rick havia superado a perda, mas me enganei.

The Suicide King traz TWD de volta a toda. Tem ação e calmaria na medida certa, e acerta no desfecho, tornando o temido Rick-badass em um Rick-badass-e-lelé-da-cuca. A transformação não é de todo ruim, pois será preciso um líder preparado pra tudo quando O Governador vier, e ele virá, isso é certo. Além de babar tanto ovo pelo episódio, bom como esperávamos, é orientá-los mais uma vez a se prepararem. Não me refiro à qualidade da série, que é inquestionável, mas não vem coisa boa por aí.


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Redação
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"We are surrounded by the dead. We're among them and when we finally give up, we become them! Don't you get it? WE ARE THE WALKING DEAD!"

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