Claro, não chega a ser um segredo guardado a sete chaves. Todo mundo que acompanha “The Walking Dead” sabe que Carol, um dia, sairia da bolha. O papel de boa senhora, que cuida da cozinha e socializa com as demais, era apenas um disfarce. Quando o bicho pegasse, a velha Carol (sem trocadilhos) reapareceria.
Pois bem, o bicho pegou. E ela voltou da melhor maneira possível, no nível super hard. Mostrou toda a sua capacidade mortífera, fria e, principalmente, de liderança. Carol é a mais fiel versão de Rick com saias. Ou calça cargo mesmo, que é mais a cara dela.
As mulheres de “The Walking Dead” têm características diferentes, por mais que mais de uma delas tenha um papel decisivo e influente para o grupo. Maggie é assim, Deanna é assim. Lori, timidamente, foi assim. Sasha nunca será uma Andrea, provavelmente, mas também exerce uma função interessante. Mas Carol é a mulher mais poderosa da série.
Carol passou por uma transformação incrível. Desde a perda de Dale, percebeu que ou mudava ou não duraria muito. Por isso, se desapegou de muita coisa. E, à medida em que foi caindo nas graças das pessoas que assistem ao show, os produtores foram tratando-a com ainda mais carinho – por mais, claro, que se siga uma linha condutora determinada pelos quadrinhos.
Carol comeu o pão que os walkers amassaram. Quase morreu, voltou ainda mais forte. E, aos poucos, entendeu perfeitamente como cada integrante do grupo se comporta. Sabe muito bem o que pode esperar de cada um, e tenta trabalhar isoladamente em cada um para potencializar essas qualidades ou habilidades.
Sabe, por exemplo, o que pode tirar de Carl. Sabe como pode fazer com que Maggie tenha esse papel mais burocrático, que se chame assim, sem deixar de empunhar uma arma da maneira que todos sabem que ela pode. Sabe como pode influenciar Rick a tomar atitudes que ele tem capacidade de tomar, muitas vezes fazendo com que sua vontade seja respeitada, sem ter de sujar as mãos com isso. E, claro, principalmente, soube como domar a fera chucra interior que habita em Daryl, a ponto de criar uma relação que ninguém conseguiu com o cara.
Sabe, da mesma maneira, como são as pessoas que não têm o tal “espírito guerreiro” que ela tanto cobra. E, para esses, não tem paciência, já que, no fundo, todo mundo sabe que ela é um soldado. Não fosse pela benevolência que ainda vive na alma de Morgan, o padre Gabriel, tão odiado por muitos, mas ainda sim importante para o atual momento de “The Walking Dead”, estaria morto.
Com Morgan, aliás, começa agora um novo tipo de relacionamento. Ficou claro, no primeiro episódio da sexta temporada, que ele já estava desconfiado sobre quem era a verdadeira Carol. Quando diz para ela que ela parece sempre estar alerta, esperta e preparada para as situações mais adversas, percebe que existia alguma coisa a mais ali, que ela não estava mostrando. A partir deste ponto, certamente, o contato entre eles será diferente. O fim do segundo episódio deixa essa mensagem. Aliás, quando os caminhos dos dois se cruzam depois de Alexandria estar devastada pelo ataque dos Lobos.
Carol despertou. Os acontecimentos pediram isso, evidentemente, mas já estava na hora de ela assumir o papel que realmente tem potencial para assumir. O futuro é incerto (pessoal dos quadrinhos, calma, calma, segurem-se para não soltar spoilers demais), mas ela sabe que a época de brincar de casinha acabou. Afinal de contas, ela sempre foi mais habilidosa com um rifle nas mãos do que assando cookies (por mais que os quitutes façam sucesso). E, neste cenário caótico de “The Walking Dead”, não se pode desperdiçar um talento para a guerra como o dela.
Seja bem-vinda de volta, senhora Carol Peletier. Sinta-se em casa.