Pois então, aqui estamos caros eleitores. A já nem tão aguarda série que entabula o nome deste site retornou em sua nona temporada depois de um longo hiato após o desfecho do fatídico arco da guerra total.
Sem Negan dando as caras na premiere e com um Rick menos on fire, temos uma significativa passagem de tempo entre o último episódio da oitava temporada e este início.
Alexandria, Hilltop, Reino, Onceanside e Santuário evoluíram em medidas desproporcionais. Umas mais desenvolvidas que as outras, gerando um clima de animosidade, onde as lideranças de cada uma mantém um jogo de cintura para que a harmonia não seja corrompida. A civilidade está em estado embrionário, querendo dar as caras, mas as dificuldades vão aparecendo.
A pegada deste episódio não é de uma premiere. Parece mais um segundo episódio, onde o tom diminui e algumas explicações são feitas. Mas até que ponto isso atrapalhou a estreia é difícil mensurar. No meu entendimento pessoal foi um equivoco, pois, depois do marasmo com que a última temporada se encerrou, a audiência estava cobiçando como nunca algo grandioso, enérgico e com NEGAN! Sim, o carismático vilão que tem o “pau maior que o do Rick Grimes” não deus as caras, um erro crasso.
Interessante ver o desfecho de Gregory com a divina providência tomada por Maggie, sepultando de vez a cobra no ninho. Meggie, que por sinal assumiu o posto também on fire, com certeza vai dar muito trabalho para o novo político Rick. Daryl parece esboçar uma leve guinada ao protagonismo, tendo falas completas e não só grunhidos, além de estar inserido no possível epicentro de uma futura implosão.
Carol e Ezequiel são um casal bonito, mas não convence, não tendo a mínima liga. Aliás, nenhum casal tem liga nessa série. O que falar de Rick e Michonne? Não tem amálgama que salve aqueles dois se beijando sensualmente em uma cama após um longo dia no Apocalipse.
A fotografia segue a mesma de todas as outras temporadas, decepcionante, ainda mais se compararmos com a da recém concluída série-filha (FEAR), que deu uma aula de jogo de câmera e paleta de cores. No tocante à direção foi impecável, o mesmo se aplica às atuações dos nossos tão conhecidos personagens que acompanhamos a quase uma década.
Já o roteiro, faltou ambição. Um certo comodismo em algo que é novo, pois conseguimos desde o primeiro momento identificar a nova atmosfera que ronda essa Temporada. O clima de tensão entre as comunidades tem tudo para dar certo, trabalhar com a possibilidade de uma implosão interna a qualquer momento é um belo truque.
Um ponto muito alto é a nova abertura, uma obra prima se analisada no parâmetro que a série está inserida. Visualmente atraente, além de corroborar a nova pegada com que a série aparenta estar sendo redirecionada.
Outro ponto positivo é o que vem acontecendo dentro do Santuário após a queda do líder supremo. Enquanto o clima é de veneração a Rick, sabemos que veladamente o sentimento internos nas mazelas daquela comunidade clama pelo retorno de seu antigo líder, quando a comida era farta mesmo a custo da liberdade. Empolgante a pichação na parede com a mensagem “ainda somos Negan” que remeteu diretamente àquele Negan do episódio 07×01 onde a dama Lucille teve sua estreia no tapete vermelho, ocasionando um leve frio na espinha. Bons tempos…
The Walking Dead retorna com um bom enredo, uma boa proposta e algumas ambições. Resta saber se vão manter essa pegada e não afundar todo o projeto com falhas de roteiro, onde a preguiça e a canetada tomam conta do espetáculo. Aguardemos o próximo capítulo.
Nota: 7,5