Crítica | The Walking Dead S11E05 — Woodbury 2.0

Um dos apelos do mundo pós-apocalíptico de The Walking Dead é que não há governo real, exceto aquele que é escolhido pelo povo local. Não tem pessoas a vários km de distância dizendo a você como viver sua vida, ou o que você pode e não pode fazer.

É por isso que você pode ter democracias como Alexandria existindo ao lado de bandos como Os Sussurradores, oligarquias como os Salvadores ao lado da sobrevivência de bandos mais aptos como os Lobos, e por que um retorno à civilização oferecido por Commomwealth não é tudo parece que é.  

Claro, na superfície é ótimo. Tem sorvete, crianças brincando na rua, e todos ganham um emprego com base em sua vida anterior à queda da civilização. O problema é quando você percebe que leva cinco semanas para o governo decidir se seus amigos vão viver ou morrer, e então aquele sorvete “rocky road” não é tão doce. 

É um eterno dilema para os sobreviventes de The Walking Dead. Eles voltam aos velhos hábitos com comitês e debates e muita burocracia, ou abraçam o sistema mais enxutos de governo que os têm servido bem quando as decisões têm que serem tomadas em uma fração de segundo ?  

Todos em Commomwealth parecem felizes aparentemente, mas para as pessoas que vem de fora e aprenderam (da forma mais brutal) a sobreviver com todas as dificuldades possíveis, o American Way of Life* prometido pelo Caito Maia, dono da Chilli Beans (procure no google imagens kkkk), deve parecer uma utopia perigosa de se viver.

Me lembra quando Rick chega em Alexandria, desconfiando de tudo e de todos, que aquele lugar pudesse de fato ser uma boa comunidade, depois de seu grupo quase morrer de fome, terem inclusive a sacrificar um cachorro na estrada para conseguirem sobreviver. Na época, uma cena tão impactante quanto o cavalo que Carol botou no prato de todos. Déjà vu, ou os produtores estão reciclando ideias?

Lance Hornsby (Josh Hamilton) no 5º episódio da 11ª temporada de The Walking Dead (S11E05 - "Out of the Ashes").

Não há muito tempo para Eugene & cia buscarem ajuda. Uma das coisas que “Out of the Ashes” estabelece ao longo das várias linhas da história é que não há esperança real para Alexandria, exceto em Commomwealth.

A viagem de MaggieNegan em busca de suprimentos rende uma sacola de comida que não valeu o esforço que eles fizeram para obtê-la. Daria pra ter ido apenas uma pessoa buscar.  

A viagem de Carol e Aaron de volta a Hilltop desenterra algumas ferramentas de ferreiro carbonizadas, mas nada de qualquer substância real além da ameaça persistente dos Sussurradores. Além de um núcleo desinteressante em volta dos já derrotados vilões mascarados.

Eugene e a Commomwealth são a única esperança de sobrevivência de Alexandria, já que os ânimos estão diminuindo até mesmo entre o núcleo Chiquititas de Alexandria. Que foi para mim, um dos pontos fracos do episódio 

TWD nunca teve como ponto forte seus nucleos infanto-juvenis, ou adolescentes. Sempre foram tratados de forma muito caricata, e até mesmo chata. E nesse episódio não foi diferente. A ideia de que, “os maiores” estão implicando com os “menores”, e estão de rebeldia pela comunidade é muito clichê. É um jeito desnecessário de mostrar ao publico que Judith tem um espirito de liderança (herdada do pai), e destemida (que aprendeu com Michonne), e que transcende a idade.  

Eu entendo que o nucleo tinha como objetivo mostrar o significado de esperança (ou a falta dela), pela ótica da Judith. Mas me parece que assim como outros núcleos dessa temporada, os produtores estão esticando para render por conta da temporada estendida. Como a aventura da Maggie que poderia ser muito mais enxuta e emocionante. Ao invés disso fica algo arrastado e incrivelmente chato naquele dilema dela com Negan.  

Episódio dirigido por Nicotero, que tem como sua a maior força de  senso visual. A Commomwealth parece linda, tão pacífica e esperançosa quanto qualquer um dos sonhos febris de Rick para o futuro do mundo, mas é um pouco perfeita demais, com muitos guardas armados espreitando nos cantos para que alguém se sinta completamente à vontade com as coisas.

O vídeo introdutório, no qual um monte de filmagens “boas demais para ser verdade” de crianças brincando e idosos vivendo suas vidas cortadas com a apresentação do dono da Chilli Beans só levanta mais alarmes que nem todos os sorvetes e crianças brincando no mundo vão desligar. Na verdade, é mais preocupante que todos estejam tão felizes e confortáveis, porque a última vez que algo próximo a este nível de paz foi mostrado, foi Woodbury

Ao longo do episódio, o roteiro de LaToya Morgan explica por que essas missões desesperadas são importantes, sem levar o assunto longe demais. Maggie tem que esperar por seus amigos, porque ela sabe o que é ser abandonada. Negan quer ir embora porque sabe o que é esperar um pouco demais e ser pego com suprimentos essenciais. Certamente isso traz Lucille (a namorada apresentada nos episódios extras) de volta à mente de Negan. 

Carol e Aaron não sabem mais o que fazer, então eles voltam para Hilltop e procuram por algo, qualquer coisa que possa “enganar o estômago” ou tornar o processo de caça e pesca um pouco mais fácil. Eles sabem que não será o suficiente, mas isso não importa. Eugene sabe que eles precisam obter ajuda para Alexandria, mesmo depois de descobrir pelo rádio que a guerra acabou e os Sussurradores foram derrotados, ele sabe o quanto todos estão sofrendo com a escassez de alimentos e o quão ruim estava a situação quando ele partiu, e ele parece disposto até mesmo a deixar Stephanie ir se for preciso para salvar seus amigos. 

Mesmo o verdadeiro amor por uma garota que canta canções do Iron Maiden para uma virgem de meia-idade empalidece em comparação com a missão. Cinco semanas pode ser um tempo razoável para esperar se você estiver bem alimentado e seguro atrás dos muros da Comunidade, mas quando você estiver em Alexandria, atrás de muros com buracos, comendo carne de cavalo e na esperança de que alguém encontre algo mais palatável para comer? Cinco semanas podem muito bem ser cinco anos. 

Cada dia que passa piora a situação em Alexandria. Mesmo que a Comunidade seja persuadida a ajudar, pode ser tarde demais. A ameaça desta vez não são os Sussurradores ou os Reapers; você não pode esfaquear a fome no rosto com uma lança ou atirar com um arco e flecha. Quanto mais a fome perdura, mais difícil fica tudo o mais necessário para a sobrevivência. Um dia, os caminhantes derrubarão a cerca e não haverá gente com energia suficiente para detê-los e consertar a culatra, e esse dia fica cada vez mais próximo a cada refeição perdida.


*American Way of Life – American way of life ou “estilo de vida americano” foi um modelo de comportamento surgido nos Estados Unidos após a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais. Este modo de viver passava pelo consumismo, a padronização social e a crença nos valores democráticos liberais 


NOTA: 6,0/10 

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Ricardo Cruz
Ricardo Cruzhttps://linktr.ee/vareja17
Sou uma versão melhor do que eu era 5 minutos atrás. E vamos indo...

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