Na medida em que perfuramos a fina camada de gelo da superfície do ultimo grande arco de The Walking Dead, nos deparamos com uma comunidade que não é tudo o que aparenta e tem seus segredos.
Em “Rogue Element”, acompanhamos a jornada investigativa de Eugene por respostas pelo desparecimento repentino de sua namorada. Também temos Carol em sua missão pessoal, com o objetivo de se aliar a Lance Hornsby, em troca de favores para beneficiar Ezekiel.
Dirigido por Michael Cudlitz (nosso eterno Abraham), e David Leslie Johnson-McGoldrick, o episódio traz um suspense com uma tensão bem construída, e atuações muito boas, como a de Josh McDermitt, trazendo um Eugene mais fácil para nos conectar com seus dramas pessoais, do que aquele Eugene bobão, caricato e raso com suas questões e escolhas na série. O personagem que está na tela desde temporada 4, já estava mais do que na hora de nos trazer algo diferente, ressignificar seu personagem, e dar uma boa justificativa do porquê de ainda não terem o matado na série. E me convenceu.
Outra grande atuação foi de Lance Hornsby, vivido por Josh Hamilton. O personagem foi uma grande adição à série, trazendo um pouco mais de cinza, ao mundo “ou é mocinho, ou é vilão” de TWD.
No episódio, Lance acompanhado de Carol, vai para fora dos muros resolver problemas “trabalhistas” de pessoas que não são especificamente moradores de Commowealth, mas que fazem parte da economia dessa comunidade. Seria como a população que moram às margens das grandes cidades, não usufrui dos privilégios, e além disso contribui com a sociedade, com seu trabalho braçal, ou com qualquer tipo de trabalho, que a classe média é incapaz de fazer. Ou não quer.
Carol descobre um esquema de corrupção envolvendo o líder da greve, que embolsava todo dinheiro que recebia de Lance, e repassava um valor menor aos funcionários. Lance manda prender o líder corrupto, e garante a Carol que as pessoas iriam receber o que lhes era de direito.
Se por um lado vemos esse lado caridoso do sr. Hornsby, também descobrimos que ele faz parte de um esquema dentro da comunidade que ainda não temos certeza o que está acontecendo.
O que sabemos é que a investigação de Eugene por sua namorada é bem sucedida, e ele descobre que tudo que viveu até agora foi uma mentira. Ironicamente Eugene sentiu na pele, o que Abraham e Rosita sentiram quando descobriram sobre sua mentira, com objetivo de se proteger dos zumbis.
Eugene descobre sobre Stephanie não ser quem ele pensava que é, mas sim Shira, alguém que trabalha diretamente para Lance. E a cena de Eugene o confrontando é muito bem construída.
As atuações de ambos são impecáveis, a fotografia com uma iluminação mais sombria, com uma paleta de cores com tons esverdeados, quase simulando um musgo, algo estragado, repugnante. O enquadramento de câmeras em alguns momentos em Contra-Plongée* em Lance, demonstrando superioridade da situação, do ambiente, e o Plongée** para que nos sentíssemos como Eugene, arrasado, enganado, numa posição inferior ao outro interlocutor. Fantástico.
Se tivesse que apontar algo negativo do episódio, seria da aventura de Kelly e Connie fazendo o trabalho jornalístico investigativo sobre o Tyler Davis. Com exceção da bela fotografia do Mercer, todo ensanguentado, abrindo a cabeça de um zumbi ao meio com um machado, todo o resto foi bem monótono, e tomou mais tempo de tela do que o necessário.
Ao longo do episódio foi mostrado três tipos de investigação, a aventura da dupla foi a que menos me interessou. Por conta da deficiência auditiva de Connie, e também de Kelly, a direção precisa preencher o espaço com outros elementos, para que na cena não dê o sentimento “falta algo”. Faltou dinamismo no texto para tornar mais interessante. Não acho que Connie e Kelly sejam boas juntas, talvez com um terceiro elemento para dar um contra ponto à elas funcione, mas apenas a dupla, nesse contexto investigativo, não rolou.
No final do episódio temos Eugene destruído pelas recentes descobertas sobre como foi enganado por Lance, e queimando evidencias de sua investigação, junto de seu livro. Quando descobrimos que realmente existe uma Stephanie, e é o braço direito de Pamela Milton, e irmã de Mercer. Não está fácil a vida do nosso professor de ciências do ensino médio.
*Contra-Plongée – quando a câmera está abaixo do nível dos olhos, voltada para cima. Também chamada de “câmera baixa”.
**Plongée – quando a câmera está acima do nível dos olhos, voltada para baixo. Também chamada de “câmera alta.
Nota 7,0/10
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The Walking Dead S11E11
Rogue ElementTemporada: 11ª TemporadaEstreia: 06/03/1 de janeiro de 1970Audiência: 1,67 milhõesRoteiro: David Leslie Johnson-McGoldrickDireção: Michael CudlitzEugene procura Stephanie depois que ela desaparece misteriosamente. Connie investiga uma história sobre o soldado Davis. Carol ajuda Hornsby com uma disputa trabalhista em uma fazenda de drogas.
