Nós já odiávamos Sebastian, o idiota arrogante do filho da governadora, quando ele foi apresentado pela primeira vez colocando Eugene na cadeia e depois tornando a vida de Daryl um inferno.
Ele é o tipo de cara que você diria que é caricato demais para ser crível, se todos nós não conhecêssemos, infelizmente, versões reais dele por aí. E nesse episódio vemos que nosso hate pelo filhinho da governadora pode ser muito maior, quando descobrimos que ele matou literalmente dezenas de pessoas inocentes para servir seus interesses pessoais.
Não só isso, mas ele serve para simbolizar tudo o que há de errado com a Commonwealth. Apesar da retórica nobre (na qual Pamela Milton, mesmo com todas as suas falhas, parece realmente acreditar), a sociedade trouxe muitos dos piores aspectos do velho mundo para seu estilo de vida, e cada um de nossos heróis, aos poucos, vai se dando conta disso. Claro que isso não dá razão inteiramente à Maggie em abdicar dos suprimentos que seu povo precisa desesperadamente, mas com certeza justifica suas suspeitas sobre Commonwealth.
De muitas maneiras, as duas histórias que impulsionam “The Rotten Core” são dois lados da mesma moeda corrupta. Cada um demonstra o fracasso de Commonwealth em fornecer um mundo melhor. No caso de Carlson, o sádico ex-assassino da CIA matando quem for necessário para alcançar seu objetivo, e sua mentalidade “matar primeiro, resolver depois” que nossos protagonistas têm lutado desde sempre – às vezes com sucesso, às vezes nem tanto.
E no caso de Sebastian dando ordens à Daryl e Rosita (e ameaçando discretamente Judith e RJ, para começar), só está seguindo o procedimento social padrão: pessoas com dinheiro e influência fazendo o que quiserem e tratando aqueles abaixo deles como servos contratados é tudo o que nosso povo odeia. É por isso que os Salvadores, apesar de moralidade questionável às vezes, eram menos defensáveis do que Alexandria. Claro, há um argumento na série, que qualquer grupo de pessoas desesperadas fazem o que precisam para sobreviver – e a série conseguiu, muitas vezes nos mostrar isso em tela – mas o exemplo de Sebastian em Commonwealth não tem nada a ver com desespero. É ganância, e venalidade, e uma presunção arrogante de que aqueles com dinheiro e poder estão certos, e podem tudo.
Mas primeiro: o ataque à nova casa de Negan e o sucesso final dos moradores em defender sua propriedade dos bandidos da Commonwealth.
Antes de mais nada – Negan é casado? Não foi, tipo, o que – três, quatro meses, no máximo? Não atingimos o flash-forward de seis meses que encerrou o primeiro episódio do segundo arco desta temporada, então acredito que cronologicamente seja algo em torno de quatro ou cinco meses. Perdoe-me por pensar que é um tempo muito curto para alguém como Negan se estabelecer e ter um filho – e mais importante, viver sob o teto de um esquisitão religioso demente como Ian, mas eu acho muito para o público comprar essa idéia, e este episódio passa por essa informação de forma muito banal.
Felizmente, as cenas de luta com Carlson são boas, Maggie e sua turma eliminam Carlson e seus capangas com uma ação bem encenada. (um adendo para Elijah finalmente ser o cara fodão mascarado que inicialmente conhecemos, embora mantenha sua caracterização estranhamente inconsistente).
E melhor ainda, Negan tem um acerto de contas com Hershel Jr, filho de Glenn. Esta foi uma história que parecia inevitável, mas foi tratada de forma eficaz, com Hershel aprendendo que ele nem sempre poderá escolher suas batalhas, e Negan dando a ele um acordo no estilo Kill Bill, de voltar em alguns anos para acertar as contas.
É quase como se a vingança de Maggie passasse para seu filho, já que ela mesma é confrontada com evidências ainda mais definitivas de que as pessoas podem realmente mudar. Gostei da Annie colocando Negan em perspectiva para Maggie – “Nenhum de nós tem as mãos limpas” – Isso faz lembrar em quantas decisões de Rick, e da própria Maggie, poderiam ser vistas como no mínimo, “questionáveis” aos olhos alheios.
Enquanto isso, Daryl e Rosita estão ocupados com sua própria luta de vida ou morte, embora por outras razões. Sebastian precisa de dinheiro, porque sua mãe cortou a mesada. Mas uma vez que a dupla Alexandrina está na casa, abrindo o quarto do pânico onde encontram uma mulher desesperada que está presa há dias, as coisas ficam interessantes.
Depois de uma ação muito bem coreografada, terminando com Daryl desativando um alarme (um bom close combat, filmada pelo diretor desse episódio, Marcus Stokes), descobrimos a verdade pela April, a mulher mencionada dentro do quarto do pânico: Havia um grupo com ela, que foram enviados para saquear o quarto do pânico, e agora todos estão mortos. Os grupos eram enviados como forma de quitação de suas dívidas. Uma espécie de Round 6 zumbi, e sem o prêmio milionário.
Embora essa sequência tenha sido muito bem executada na edição, a narrativa montada é o elemento mais intrigante e são os grandes destaques do episódio. Roteiro da dupla Erik Mountain e Jim Barnes entrega de forma primorosa.
Mercer e Carol aparecem para salvar o dia. No momento em que ele percebe o que aconteceu, o chefe de segurança da Commonwealth fica do lado de Daryl e Cia. Além disso, sua execução impassível dos capangas de Sebastian é sem dúvida as mortes mais satisfatória do episódio, talvez só fique atras da morte do Carlson.
No final, Hornsby está frustrado em seus esforços em contactar Carlson, e Carol continua seu plano de se infiltrar, tentando cair nas graças do gerente intermediário da Commonwealth, o que à primeira vista parece ter sido bem sucedido.
Há apenas mais dois episódios antes da parte 2/3 da última temporada chegar ao fim. A menos que a série esteja guardando tudo para sua reta final, temos muito trabalho para do ponto A, onde estamos cronologicamente, ao ponto B, quando Commonwealth APARENTEMENTE indo tomar Hilltop de Maggie, mesmo sabendo que isso não vai acontecer da maneira o flash-forward o mostrou anteriormente.
Mas está em um bom ritmo vamos esperar que essa tendência continue.
Observações
- A revelação final de Leah sendo responsável pelo ataque à caravana de armas achei extremamente exagerado, e desnecessário. Ela sozinha, acabou com uma caravana com soldados treinados, e acima de tudo, armados??? Claro que se leva em consideração que ela fazia parte de um grupo de mercenários, mas mesmo assim essa conta não bate. Não sei porque eles insistem com essa personagem na série mãe. Poderiam muito bem empurra-la para o spin-off de Daryl e Carol, e eles que resolvam esse B.O.
- A explicação de Carol para vir ao resgate com Mercer: “Você não apareceu para o almoço”. Ela é realmente braba, onisciente e onipresente. Alguns diriam que ela é o maior Deus Ex Machina da série (ou no caso, Deusa Ex Machina), mas isso é recalque.
- Matança da semana: Mercer matar os caras de Sebastian foi prazerosa de assistir, mas a vitória ainda vai para Aaron atirando em Carlson do telhado do prédio, onde ele poderia ser dilacerado pelas mesmas pessoas que ele enviou para a morte. Bela morte
- Sebastian largando a pilha de contas na mesa de Daryl e dizendo: “Estou tão feliz que somos amigos de novo” foi a maior jogada de pau em cima da mesa em um episódio cheio de momentos assim.
- Por outro lado, o fato de ele ter chamado Rosita de “querida” me faz pensar que ela simplesmente entrou na fila de pessoas que querem arrancar a cabeça do playboy.
- Outra boa fala, essa de Lydia – Commonwealth é “ como os Sussurradores – eles apenas usam máscaras diferentes”. Gosto da interação dela com Negan, quero mais isso, e menos insinuações de romance com Elijah.
- RIP April!!! Curiosamente , APRIL KELLY era um dos nomes que apareciam em uma lista que Connie e Kelly estavam investigando episódios atras.
- Convenhamos, não tinha como dar certo o resgate, tendo em vista que em nenhum momento a moça conseguiu se manter calma. Me lembrou muito Jessie (ex-crush de Rick), e seu filho na quinta temporada.
- A pergunta que fica é : Por que ninguém passou sangue nos rostos? Isso nem é sangue de verdade pra ficar com nojinho, pessoal. Foi preguiçoso.
Nota: 7,0 / 10
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The Walking Dead S11E14
The Rotten CoreTemporada: 11ª TemporadaEstreia: 27/03/1 de janeiro de 1970Audiência: 1,55 milhõesRoteiro: Jim Barnes e Erik MountainDireção: Marcus StokesMaggie, Lydia e Elijah ajudam Aaron e Gabriel em uma missão de resgate. No caos, Negan se vê cuidando de Hershel. Sebastian coage Daryl e Rosita a fazer um assalto.