Crítica | The Walking Dead: World Beyond S02E05 — Um barril de pólvora televisivo

Ok, eu não esperava que Matt Negrete fosse explodir o pavio tão cedo. E graças aos céus ele fez isso, pois mostra que está ocorrendo atrás do prejuízo que não existiria se a 1ª temporada não tivesse sido o que foi. A agilidade com a qual Ben Sokolowski lida com as situações que começa desde a execução do plano até sua conclusão torna-se uma brincadeira com o tempo muito bem equilibrada por Heather Capiello na cadeira da direção. 

A começar pela rapidez — com um cadinho de conveniência, claro —  que já põe o grupo dentro do complexo onde Silas (Hal Cumpston) faz morada. Embora seja redundante o receio logo tornado em convencimento dele em executar o plano, o pequeno dilema do grandão é plausível e mostra que todo o show passado no episódio anterior foi a injeção para convencê-lo a ficar, o que rende bons e breves momentos de dúvida sobre seus próximos passos, e que com certeza será sua salvação lá na frente caso Dennis (Maximilian Osinski) decida acobertá-lo.

Mas Sokolowski e Capiello não perdem tempo e já partem para a outra linha narrativa onde Hope (Alexa Mansour), movida por um pesadelo que traz perigo iminente na forma de assasinato de seu pai, sem pestanejar confessa tudo de cabo a rabo para ele. Ao mesmo tempo em que no outro macro da história, os conspiradores avançam no plano de resgate que se tropeça nas interrupções de diálogos o tanto piegas entre Percy (Ted Sutherland) e Iris (Alijah Royale), logo mais retoma as forças com todos já apreendidos pela organização, a qual proporciona o reencontro.

É aí que Capiello brinca com o tempo, pois o almoço entre mãe e filha, esta ciente dos planos obscuros que a matriarca esconde, serve como uma cortina de fumaça para enquanto Leo Bennett (Joe Holt) é posto a par da situação, sem a intervenção de Elizabeth (Julia Ormond). E que interessante é a conversa que ela tem com Jennifer (Annet Mahendru) relembrando de uma história que realmente demonstra um afeto na relação familiar, mas que Jennifer é incapaz de lembrar-se, como se as memórias de uma mãe fria e distante fossem as únicas presentes. 

Coisa que sabemos Elizabeth não é totalmente, ao mesmo tempo que não sabemos se é, pois seus diálogos sobre confiança deixa ambíguo se ela sabe o que a filha está fazendo ou não. E se ela sabe, por que não intervém? É difícil tirar uma conclusão e ajuda da atuação de Julia Ormond deixa ainda mais difícil de entrever algo. 

E é na corrida contra o tempo em que sabemos que tudo irá de mal a pior. O aflito Leo corre atrás da falsiane que está enamorado e acaba descobrindo as verdadeiras intenções do CRM, por intermédio de Jennifer, jogando todo o plano de fuga por água abaixo e, como a não bastasse, arrombando a tampa do esgoto com Silas sendo rendido pelos mosquitões de farda no minutos finais. 

Se tem realmente algum minuto de paz e solenidade no episódio é no lado de Elton (Nicolas Cantu) com Asha (Madelyn Kientz), cujo a verdade esclarece o segredo de Indira (Anna Khaja) e mostra que naquela comunidade as coisas não são tão boas quanto aparenta. Não sei vocês, mas esses momentos suaves e de ternura me parecem a famigerada calma antes da tormenta. Tormenta essa que acredito ser a morte de um dos dois lá na frente, em especial a de Elton. Mas vou me segurar até lá. 

Quatervois marca a verdadeira encruzilhada (com trocadilho ao título) da temporada. São vários os caminhos a serem seguidos, o acúmulo de tensões é grande como um barril de pólvora que pode explodir a qualquer minuto e a vinda de Jadis/Anne (Pollyanna McIntosh) na cena pós-créditos promete uma renovação do status quo que pode ser comprometedora para todos lá dentro e até para a própria série, se ela não souber a dosagem certa de exposições do que é a resposta ambulante do que aconteceu com o saudoso xerife desparecido dois anos atrás. 


Nota: 3,5/5


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Douglas Gomes
Douglas Gomes
Jogador profissional de banco imobiliário e apresentador de stand up no chuveiro. Nas horas vagas, tocador de guitarra de ar. Um crítico longe de medíocre.

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