Crítica | The Walking Dead: World Beyond — S02E09: Derrapagem na reta final


Faltando um episódio para o fim definitivo, World Beyond tropeça feio numa decisão que já temia vir acontecer que é a entrega de todo o mistério em volta das ações do CRM. Quer dizer, tem sentido sim revelar as motivações da organização no cenário atual que a série está, o problema é ela ser feita aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo causando algo como “queremos fugir mas vamos ouvir o que você tem a dizer”, feito no embate mexicano do final que obviamente não tinha outra forma de acabar se não com pipoco de um lado para o outro. 

Momento esse bem mequetrefe. Percy morre em offscreen após uma preparação nada sutil e o restante escapa com vida, incluindo Jadis que estranhamente é poupada por Jennifer mesmo após a chefe mostrar-se totalmente leal a organização em seu discurso doentio, muito bem transparecido por Pollyanna McIntosh, diga-se de passagem. E nem cola pensar que Jadis só não morreu porque era para manter Mason vivo, pois Jennifer podia salvá-lo se quisesse. O mesmo vale para Iris que podia sim saciar a vingança com a morte do fujão pelas mãos de sua irmã, muito melhor que a barata e repetitiva dose de isso-não-vai-te-fazer-bem. Ficou feio. E muito.

Hope é quem posso extrair de tudo de bom nesse núcleo, ainda que o tratamento seja ligeiro. A menina carrega o peso na consciência em tudo que faz, desde explodir os soldados em seu encalço nos túneis até o encontro de Lyla zumbificada no freezer (gostei dos zumbis frozen a propósito), que serve como gota d’água para ela jogar tudo para o alto e assumir de vez a organização como lunáticos assasinos, ficando por um triz de ceifar a vida de Mason por isso. 

O lado de Silas e Elton destoa um pouco do todo, principalmente no criativo momento bola rolante em campo aberto. É divertido, bonitinho até, mas muito bola fora (tive que soltar essa) para resgatar a inocência dos personagens agora – ou seja lá o que aquilo signifique. Ela fica mais deslocada ainda por vir após a morte de Webb (também em offscreen), lembrado apenas para criar tensão gratuita.

Outra questão que me intriga é o caso de Jennifer encontrar as armas químicas surrupiadas dentro de contêineres literalmente estacionados no quintal de casa. Beleza que foi pintado isso lá em Blood and Lies com a menção de uma grande carga a caminho do lugar, mas por favor, né. Só espero que o CRM não tenha sido burro o bastante para deixar todas ali — como se não bastasse não terem seguido Félix após ele revistar os caminhões —, guardando uma ou duas caixas para Portland que é a última cidade alvo do extermínio em massa. 

Aliás, será que é por essa motivação à lá Thanos que faz a organização sair matando a torto e a direito todos que vêm, como acontece em Fear the Walking Dead? Provável que sim. Talvez vejamos Morgan como cobaia espalhando a palavra de paz durante a fase de testes, enquanto recusa-se a morder alguém. 

Infelizmente o episódio que tinha tudo para ser excelente se perdeu no didatismo exagerado. Fica a torcida para que no próximo e último o roteiro se redima e prove que Death and the Dead foi apenas uma crise de soluços passageira.


Nota: 2,5/5


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Douglas Gomes
Douglas Gomes
Jogador profissional de banco imobiliário e apresentador de stand up no chuveiro. Nas horas vagas, tocador de guitarra de ar. Um crítico longe de medíocre.

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