O criador de The Walking Dead, Robert Kirkman, advertiu que o episódio de domingo seria ‘“o” episódio e realmente foi com a pequena Lizzie, de 11 anos, esfaqueado sua irmã menor e sendo morta por uma estóica Carol. Não é a primeira vez que a série mata uma criança: um dos momentos de definição da série foi quando, após meia temporada procurando a filha de Carol, Sophia, descobrimos que ela estava morta há semanas, presa dentro de um celeiro junto com uma horda de zumbis. Nem é a primeira vez que uma criança mata: Como Carol avisa Mika um pouco antes da garota ser morta por sua irmã, o mundo hoje não é um mundo no qual voce possa se dar um luxo de baixar a guarda nem hesitar em se defender, mas foi a primeira vez que vimos uma criança matar sem nenhum motivo: não por preservação, ou por instinto como os zumbis fazem, mas porque ela enlouqueceu e não sabe mais distinguir vida de morte.
Na maior parte do episódio, enquanto Lizzie brinca de pega pega com um zumbi,ou dá de comer à outro (um rato) parece que é ela quem mais chances tem de morrer do que qualquer outro e talvez este seja um jeito de ver o episódio: Lizzie mata a única pessoa que a conecta com quem ela era, efetivamente encerrando com sua humanidade, antes que Carol o faça. Com certeza parece uma visão que a série parece dar e que muitos dos espectadores entenderam assim. Na enquete do Hollywood Reporter: Carol fez o certo? 86% disse SIM, o que é muito pensando em quanto voce pode atingir numa pesquisa sobre a execução de uma criança.
Para Tim Goodman do Hollywood Reporter isto mostra que The Walking Dead é tão complexo quanto as séries dramáticas que os críticos dão atenção.
“ Mika sendo morta por sua irmã se encaixa perfeitamente na visão de mundo que The Walking Dead criou. Carol dizendo que Lizzie não pode ficar perto de nenhum ser humano ( certamente não de Judith) levanta uma questão moral muito mais pesada do que voce verá na tv. Voce simplesmente não ve adultos matando crianças na tv. Ma foi crível e justificável devido o tremendo esforço da série fez para ganhar esta credibilidade.”
É verdade, The Walking Dead teve que trabalhar muito até chegar num ponto onde a morte de Lizzie fosse aceita e até mesmo admirada. Paul Viga do The Wall Street Journal disse que era um elogio quando ele disse que “este foi um dos episódios mais doentes de todos” e ainda: “é dificil de imaginar que outra série de tv poderia chegar num lugar tão sombrio”. Voce realmente tem que trabalhar a audiencia para isto, não é muito fácil de engolir. E Patrick Kevin do L.A Times discute que o climax do episódio é Carol mostrando que se tornou uma durona:
“Se neste episódio Lizzie foi Lennie, Carol com certeza foi George ( referencia à história On Mice Men de John Steinbeck). Nós sabíamos que ela tinha culhões o bastante para matar adultos doentes que colocavam o grupo em risco, mas ela teria sangue frio o bastante para matar uma pré adolescente mentalmente instável? Com certeza! Vendo que teria de viajar com a assassina Lizzie junto com a pequena Judith, Carol fez o que precisa ser feito. Ela mata Lizzie enquanto pede que ela olhe flores para sua irmã morta, lhe dá um tiro na cabeça”
Mas isto mostra realmente a complexidade de The Walking Dead ou apenas serve para mostrar o quanto a série pode extender seu mundo niilista? Zack Handlen do A.V Clubs se viu gargalhando inesperadamente, para ele TWD cruzou uma linha,mas não de um jeito bom.
“Os roteiristas se arriscaram e nos pegaram de guarda baixa: desta vez uma garotinha tão convencida que os zumbis eram seus amigos que acabou por mater sua irmã. Isto deve ser horrível, e se funcionou com voce, tenho certeza que foi realmente horrível. Para mim não funcionou e a visão de Lizzie na frente do corpo realmente não foi terrível. Toda situação se tornou tão ridicularmente mórbida e absurda que era demais para ser levada a sério.”
Pode parecer uma reclamação estranha, mas o episódio foi muito fácil, não em relação às imagens horrorosas mas em relação ao caminho que Carol teria de tomar. Claro que ela teria de matar Lizzie: ela precisava proteger Judith. Uma série melhor talvez colocasse questões difíceis para sua audiencia ao invés de aumentar sua tolerancia à sangue ao assassinar uma garota de 11 anos, isto deveria ser algo que deveríamos lutar contra. The Walking Dead não nos convidou para debater a execução de Lizzie, simplesmente nos desafiou à aceitá-la.
Fonte: Indie Wire