Crítica | Tales of the Walking Dead — S01E01 e S01E02: Grande Homem e Looping Temporal

Estreia em dobradinha não tinha jeito, não é? Portanto, um texto para dois episódios. Aproveitem.

1X01: Evie/Joe

Nota: 2,5/5

cilada bino

Considerando que a franquia Walking Dead tem sido lucrativa há tempos demorou para vir um spin-off do tipo antológico, mesmo tendo em vista as infinitas possibilidades que um universo zumbi tem a oferecer. Mas antes tarde do que nunca, também não há saída melhor para extrair mais água dessa fonte se não historietas que abrem margem para vindouros derivados — fora os já confirmados — , nessa estratégia muito da esperta do canal de manter vivo seu universo morto. 

Evie/Joe abre a série com uma narrativa simplória, praticamente uma side-quest cuja vida ganha após o cachorro de Joe (vivido por Terry Crews), Gilligan, perder a sua, jogando-nos numa road-trip em busca da paixão anônima da internet chamada USHLDBSCRD (You should be scared) que dividia da mesma paranoia sobrevivencialista de um próximo fim iminente. Não demora para que Evie, uma capoeirista e vegetariana, entre na aventura também movida por amor.

É, como dito, o feijão com arroz que facilmente se encaixaria como episódio de meio numa das várias temporadas de TWD ou FTWD, que graças a Crews e Munn deixa tudo mais leve e mascare um pouco dessa conexão o tanto rápida demais, resumida em paradas e mais paradas para esmiuçar o passado e dueto durante a viagem.

Com direito a revisita por cenários da série-mãe — TERMINUS, muito provavelmente depois de Rick Grimes — , cabrita de estimação, brownie de maconha, retratos de um homem zangado e web-namorada amalucada, temos uma estreia até divertida digna do selo sessão da tarde de aprovação. 

No mais, era melhor o Grande Homem não ter corrido atrás daquela branquela. 

1X02: Blair/Gina

Nota: 3/5

quero matar meu chefe 3

Depois de um episódio lugar-comum, Blair/Gina vem como a proverbial puxada de tapete que ninguém esperava na abordagem de looping temporal entre chefe e funcionária. 

Ok, sou o primeiro a defender que a identidade mais pé no chão do universo de Kirkman é o que cativa e faz The Walking Dead algo muito além de pessoas fugindo de zumbis. Porém é sempre bom abrir exceções de vez em quando e a exploração do gênero sci-fi foi muito bem vinda, principalmente tratando-se de uma série entre tantas desse mesmo zumbiverso cheio de delírios, e, claro, quando se tem as últimas temporadas de Fear the Walking Dead ainda fresca na memória, viagem no tempo fica fichinha de engolir.

Mas soando totalmente contraditório agora, Blair/Gina também é outro episódio genérico se desconsiderar o subterfúgio fantasioso. Os desdobramentos até a conclusão de que uma precisa da outra enjoam pela repetição, apesar da fluidez do roteiro de Kari Drake tratando tudo com doses de humor — ponto para isso — e um dramazinho banal, cujo Michael Satrazemis pouco mostra-se inspirado, correndo conforme o texto. Isso não tira todo o mérito porque a dupla diverte, com Parker Posey fazendo uma secretária intragável cheia de caras e bocas e Jillian Bell sendo a incarnação do ódio em pessoa. Prato perfeito para esse tipo de história.

Blair/Gina é um dos episódios mais corajosos do TWDU, o que deve despertar muitos sentimentos contraditórios a seu respeito. Coisa que espero que Tales siga com força, sem medo de nos jogar para novos horizontes. 


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Douglas Gomes
Douglas Gomes
Jogador profissional de banco imobiliário e apresentador de stand up no chuveiro. Nas horas vagas, tocador de guitarra de ar. Um crítico longe de medíocre.

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