Análise | O impacto de crianças em The Walking Dead

de Toni Roberto

Num mundo coberto de desespero, em que a morte rasteja e espreita em todos os cantos, o menor traço de vida é uma bênção. Seja nos animais, que insistem em manter o ciclo da vida de um mundo decaído, seja no alimento que teima a continuar brotando da terra, no universo de Walking Dead a vida não desiste.

Entretanto, certamente o sinal mais puro de que a vida dá sua continuidade, mesmo em meio ao apocalipse zumbi, são as crianças. Algumas criadas em meio ao desespero, tendo, uma vez provado as alegrias de uma família pacata e feliz; outras, nascidas num mundo em que a brutalidade, em toda a sua essência, domina o ar, entra pela janela das casas e traz com ela o medo. Elas são o grito da vida, que, agonizante, diz: “ainda não acabou”.

Talvez tenha sido por isso que Rick protegeu Judith com tanto empenho e amor. Mais do que filha dele, da Lori ou do Shane, a garotinha é uma representação pura da vida sorrindo e mostrando que cada bala, cada morte, cada lágrima, tudo isso valeu a pena. Talvez seja a criança no ventre de Maggie que a impulsiona a chegar a Hilltop o mais rápido possível; ela se apressa para salvar o bebê e, fazendo isso, insiste em salvar a si mesma, insiste em lutar para que aquele pequeno grão de vida coloque seus pés na terra, encha seus pulmões de ar e, no primeiro choro, coloque sorrisos nos rostos de todos ao redor.

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É isso o que elas sempre fizeram de melhor: sorriram e fizeram sorrir. Num mundo em que tudo o que vale a pena é simplesmente sobreviver, cada pequena alegria é uma dádiva. Segurar um pequenino nos braços e sentir o seu calor é o símbolo máximo de que, mesmo numa sociedade fadada ao apodrecimento, no seu sentido mais literal e cruel, ainda há uma chance para os seres humanos. Vale lembrar que era no semblante singelo e inocente das crianças que – pasmem – o próprio Governador encontrava redenção.

Em meio a tarefas como encontrar água, comida e remédios, surge uma responsabilidade ainda maior: cuidar das crianças que teimam em vir a um mundo insano e apavorante. Algumas, como Lizzie, tentaram enfrentar o mundo e simplesmente quebraram. Outras, como Sam, mergulharam em seus medos numa viagem sem volta. Mas Carl e Enid estão de pé, amadurecendo a cada dia, enquanto a pequena Judith desabrocha e o bebê de Maggie se prepara para nascer.

Não se trata mais apenas de se fugir da morte. Tudo aponta, agora, para proteger a vida daqueles que, um dia, contarão histórias de seus pais e avós que caminharam lado a lado com a morte, enfrentaram-na e não se deram por vencidos.

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Texto escrito pelo leitor Toni Roberto.

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Redação
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"We are surrounded by the dead. We're among them and when we finally give up, we become them! Don't you get it? WE ARE THE WALKING DEAD!"

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