Crítica | The Walking Dead S09E11 – Dois Núcleos, Um Erro

Depois de dois belíssimos episódios em sequência, um pequeno tropeço. O episódio deste último domingo mostra que a introdução de núcleos narrativos opostos em um mesmo episódio nem sempre funciona. Mas nem tudo está perdido.

O episódio começa bem, com um flashback em algum momento após o desaparecimento de Rick Grimes, onde vemos sinais do estranhamento entre Alexandria e as demais comunidades. Percebemos que o clima não estava indo muito bem entre Maggie e Michonne e que a intenção de escrever um tratado entre as comunidades havia sido deixada de lado. Tara então entrega o manuscrito a Ezequiel, na esperança de que dias melhores venham.

De volta ao presente, o núcleo de Hilltop com o empasse dos reféns novamente brilhou, tanto em enredo quanto em atuações, parecendo que ainda estávamos vendo os desdobramentos do episódio anterior. Alpha deixou Negan diminuto ao revelar o seu caráter selvagem e frio, onde a vida de um bebê não significa absolutamente nada para ela e seu bando imundo.

the walking dead s09e11 imagem extra 04 daryl alpha

A postura de Daryl segue cada vez mais altiva e forte, tomando para si de maneira acachapante a liderança da comunidade – escanteando cada vez mais a sem carisma e displicente Tara – e tomando sábias decisões, por mais que você tenha que conviver e carregar elas para sempre sem que isso te modifique.

O ponto mais alto da noite foi a sequência muda no milharal, onde pudemos sentir uma experiência aproximada de como é estar em apuros quando se é deficiente auditivo. A construção da cena foi impecável, agoniante e de prender o folego. Parabéns à equipe de montagem, um setor pouco valorizado, mas que instrumentaliza a combinação de roteiro, direção e atuação, selando o conteúdo e transmitindo emoções como essa que testemunhamos.

Lydia e Henry deixaram o amor aflorar. O garoto franzino permitiu que a emoção usurpasse as suas atitudes, o que no seu caso é louvável, um adolescente com os hormônios em ebulição em meio ao apocalipse encontra uma garota da sua idade. É realmente uma chance de ouro, que vai além da vaidade, é a mais pura sobrevivência da espécie.

the walking dead s09e11 imagem extra 07 alpha

Voltando a estrela da noite, Alpha mostrou ser uma mulher sem caráter e desprovida de qualquer compaixão. Ainda vamos entender o que fez com que ela quebrasse suas rígidas regras e fosse atrás de Lydia para angariar o seu resgate. A forma com que os sussurradores se portam é bizarra, eles realmente têm algo de sobrenatural e assustador na sua volta.

Deixo de rasgar elogios para adentrar no fracasso do episódio: o núcleo do Reino. Sim, Carol, Ezequiel e Jerry arrasaram com seu alivio cômico (um tanto quanto forçado e repentino, de fato) mas não era o momento certo. O episódio tinha um clímax tenso que era incessantemente quebrado pelas inserções do pífio mas comovente resgate de uma lâmpada de projeção de cinema.

Confesso que dei algumas tímidas risadas nas dobradinhas de Carol e Jerry, mas serviram apenas para quebrar atmosfera tensa, e a cada nova aparição dos sussurradores eu novamente tinha que entrar no clima que o episódio exigia do espectador, o que acabou diminuindo o alcance e profundidade do mesmo.

the walking dead s09e11 imagem extra 11 carol ezekiel

Isolados, os núcleos se saíram bem, mas no todo, no conjunto da obra, um foi o vilão do outro. Não deu liga, o desequilíbrio narrativo foi alarmante.

No entanto obtivemos muita evolução. Foi um episódio enxuto e redondo, encerrando assim o impasse da troca de reféns, algo que em algumas temporadas passadas poderia se arrastar por toda uma metade. Os tempos mudaram, ainda bem.

Nota: 7,0


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Rafael Gonçalves
Rafael Gonçalves
Um Gaúcho apaixonado por cinema e séries. Acompanho The Walking Dead desde 2011. Atualmente vejo em FEAR um potencial muito maior do que na série original. John Dorie é o melhor personagem já criado no universo TWD.

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