Crítica | The Walking Dead 09×15 – Perdas Amargas

Confesso que fazia tempo que não ficava ansioso para assistir um episódio de The Walking Dead. Assim foi minha semana inteira, que culminou no fim da espera neste último domingo.

E o resultado não decepcionou. Pelo contrário, superou toda e qualquer expectativa que eu havia supostamente criado. Um episódio com gosto de season finale mas que, felizmente, não é. A calmaria que antecedeu a tempestade foi assombrosa, perversa e que marca um novo rumo na trajetória das comunidades.

O primeiro destaque, que imediatamente invadiu meus pensamentos conclusivos após a exibição do episódio foi inevitavelmente a retomada da qualidade do roteiro. The Walking Dead vinha sofrendo de vícios ocasionados pela panelinha de roteiristas, acomodados em um status quo que paulatinamente vinham atrofiando a série. Essa perspectiva foi mudando com o início da 9ª temporada sob o comendo da ousada Angela Kang.

O que presenciamos no último domingo, é algo que já tínhamos testemunhado na última temporada de Fear The Walking Dead: Roteiro orgânico, trama complexa e sem medo de sair da zona de conforto.

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A emaranhado com que a trama foi sendo contada, indo e voltando na linha temporal, criando mecanismos de suspense e dúvidas nada lineares, são um ponto alto e tiram o espectador da mesmice automática e chata que muitas vezes é amargamente proporcionada por roteiristas engessados.

Desde o prólogo do episódio cheio de significados, até a conclusão com flocos de neve com a chegada do inverno, tudo foi meticulosamente construído, preparando o espectador para a grandiosidade dos acontecimentos que ali seriam perpetuados.

Quem rouba a cena, mais uma vez é Alpha. A presença de Samantha Morton em cena é descomunal. Quando ela chega tudo fica frio, em estado de alarmismo. É o prenuncio de que algo ruim irá acontecer. O aparente desfecho da sua relação com Lydia foi memorável, a cena em que a filha se desprende definitivamente do ninho da mãe, apesar dos pesares, foi de dilacerar o coração.

Aliás, este foi sobretudo um episódio de mães que têm de lidar com duras perdas. Carol, nossa mulher forte e centrada, é incessantemente acometida por tragédias. Dessa vez, Henry, o seu filho adotivo, foi duramente arrancado do seu seio.

A cena em que Daryl corre na frente de Carol para que ela não veja a cabeça do seu filho empalada em uma estacada foi o que deu o tom da noite. Atuações incríveis da dupla que faz dobradinhas como ninguém nessa série repleta de grandes atores.

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Finalmente as 4 comunidades assinaram o tratado de cooperação, os traumas do passado foram superados e a reunificação foi selada. Foi empolgante ver os líderes reunidos em um momento solene, resgatando o espírito com que o velho Rick Grimes conduzia suas massas, e por outro lado mostrando que todos cresceram, e não necessitam mais do xerife para tomar suas decisões.

No tocante ao Massacre das Estacas, não poderia ter sido melhor construído. Apesar de poucas mortes impactantes (esperava ver Jerry, Ezequiel e Rosita empalados), teve seu peso, mostrou a psicopatia dos sussurradores e deu a dimensão do tamanho da ameaça que será enfrentada a partir de agora.

Sobre a Lydia, pivô de todo o caos, agora com seu amor precocemente ceifado por Alpha, corre o risco de tornar uma peso morto, uma Tara. A atriz tem potencial e carisma para crescer muito e espero que os roteiristas saibam aproveitar esse reforço que o time ganhou.

Mas mesmo com todo o esforço, não vejo muito propósito na renegada sem a companhia de Henry. Talvez ela tenha algum propósito no embate contra os sussurradores, fornecendo pistas estratégicas, mas alcançar algo além disso, só reescrevendo a história e finalidade da personagem.

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O episódio teve apenas dois pequenos tropeços. O primeiro foi a enrolação gerada nos 15 minutos iniciais, que poderia ter sido trabalhada de forma mais célere. E o segundo, creio que para compensar o primeiro, foi a duração estendida do episódio, completamente desnecessária, esticando a corda quase no limite, mas sem atrapalhar a experiência proporcionada.

Todos estavam dando o seu melhor nesse episódio. O elenco estava afinado, mesmo com inúmeros núcleos e personagens em tela. O que poderia ter sido um caos narrativo, foi muito bem controlado e conduzido pela excelente direção somada à montagem, que proporcionaram dinamismo sem rastros de confusão. E não esqueçamos, isso tudo não foi a season finale, aguardemos o que vem a seguir.

Nota: 10


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Rafael Gonçalves
Rafael Gonçalves
Um Gaúcho apaixonado por cinema e séries. Acompanho The Walking Dead desde 2011. Atualmente vejo em FEAR um potencial muito maior do que na série original. John Dorie é o melhor personagem já criado no universo TWD.

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